São Paulo, domingo, 01 de abril de 2007

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Mercado Aberto

guilherme.barros@uol.com.br

Empresários não acreditam em mudança brusca no câmbio

Apesar dos efeitos negativos do dólar baixo para a indústria, os empresários já parecem estar convencidos de que essa situação não deverá mudar pelo menos no curto prazo, até porque ninguém acredita em uma mudança brusca de rota da política do Banco Central.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já deixou muito claro que o governo não tem como impedir essa tendência de valorização do real, apesar de manifestar preocupação com os efeitos do câmbio sobre alguns setores da indústria. Ele descartou também a possibilidade de o governo tirar algum coelho da cartola para contornar esse problema.
O fato é que os empresários aparentam um certo ar de conformismo com essa situação. O presidente do grupo Votorantim, Antônio Ermírio de Moraes, afirma que a solução é as empresas driblarem essa situação adversa do câmbio com competência. "Nós temos de ganhar de qualquer jeito, seja com o dólar a R$ 2,30 ou a R$ 2,04. O importante é ser o mais competente possível", diz.
O próprio Ermírio de Moraes concorda que essa queda do dólar está sendo compensada, de uma certa forma, com a alta dos preços das commodities. "A situação não está ruim para os exportadores de commodities", afirma. A CBA (Companhia Brasileiro de Alumínio) irá produzir neste ano 475 mil toneladas, sendo que de 30% a 40% deverão ser exportados.
Ermírio de Moraes observa que tanto é verdade que os empresários estão conseguindo superar o problema do câmbio que a chiadeira não tem sido tão grande. Em outros tempos, a pressão para inverter essa situação foi muito maior. "Não tem nenhum tambor tocando contra o dólar. No máximo, uma gaitinha-de-fole", diz.
O presidente da Braskem, José Carlos Grubisich, concorda com Ermírio de Moraes. Ele acha que são poucas as chances, por exemplo, de o Banco Central acelerar o ritmo da queda dos juros para conter a entrada de recursos no país e frear a queda do dólar. A solução, a seu ver, é as empresas se adequarem a essa situação e buscarem ser mais eficientes para enfrentar os concorrentes de fora.
Grubisich diz que a Braskem sofre mais os efeitos do dólar no mercado interno, já que a empresa compete com produtos fabricados em outros países, como a China, que podem ter preços mais competitivos. No mercado externo, ele não tem do que reclamar, já que os preços das resinas produzidas pela Braskem são fixados pelo mercado internacional e independem da variação do câmbio.
Criada há cinco anos, a Braskem, depois da compra de uma parte da Ipiranga no pólo petroquímico do Sul, irá atingir o recorde de US$ 2 bilhões em exportações neste ano, um crescimento significativo em relação ao US$ 1,4 bilhão de 2006. Em 2002, a empresa exportava US$ 380 milhões.
Grubisich afirma que a performance se deve, em grande parte, ao preço favorável das commodities no mercado externo. Ele reconhece, no entanto, que, para muitos setores, a situação é crítica. O dólar baixo pode levar à desindustrialização de muitos setores.

NA MESA
A rede de fast-food Subway, que tem 27 mil pontos-de-venda em cerca de 85 países, pretende abrir 350 pontos-de-venda no Brasil até 2010. A soma dos investimentos dos franqueados, deve atingir cerca de R$ 37 milhões. O Brasil, país prioritário para a matriz, tem hoje 80 lojas em funcionamento, sendo que São Paulo, até o fim deste ano, deve ter 20 lojas.

EFEITO COPA

O Brasil quer ser o país-sede da Copa do Mundo de 2014. O efeito multiplicador de um mundial de futebol sobre a economia de um país é espantoso. Na semana passada, a MPM Propaganda recebeu um raio-X do que foi a última Copa para a Alemanha. Entre as principais conclusões do relatório, com dados fornecidos pelo governo alemão à Fifa, está o investimento de cerca de 10 bilhões. O setor de transportes foi um dos que mais recebeu recursos. O número estimado de novos empregos gerados com o mundial chega a 40 mil postos.

NOS ARES

Ao completar um século de vida, o avião Demoiselle, projetado em 1907 por Santos Dumont, ganha cinco réplicas e programação de festa. Na agenda, vôos comemorativos no Brasil e na França, durante o Salon International de l'Aéronautique et de l'Espace, em le Bourget, um dos principais eventos da aviação, que acontece em junho. Para isso, conta com a parceria da Apex. Há ainda um programa de televisão, o "Você Pode Voar", exibido em blocos de cinco minutos durante o "Domingo Espetacular" da TV Record, e uma grife inspirada em Santos Dumont, batizada de Air Pioneers. O objetivo do projeto, idealizado pelo Instituto Arruda Botelho, é fomentar a indústria aérea brasileira.

SOM NA CAIXA
A dinamarquesa Bang & Olufsen acaba de lançar no Brasil as caixas de som BeoLab 4 PC. Criadas para serem usadas em computadores, PC ou Mac, a caixa pode ser plugada em qualquer aparelho, do IPod até o toca-fitas. Fundada em 1925, a Bang & Olufsen produz linhas de televisores, sistemas de som, alto-falantes, telefones e multimídia

CAFEZINHO
O Centro de Excelência em Expresso da Italian Coffee, de máquinas de café expresso, tem recebido mais de 200 alunos por mês para receber seus cursos.

BIOCOMBUSTÍVEL
A certificação do biocombustível brasileiro deve ir além da verificação do cumprimento de aspectos técnicos. O Programa Brasileiro de Certificação de Biocombustíveis, desenvolvido pelo Inmetro, inclui itens de responsabilidade e social. Entre as práticas que impedem a certificação, o uso do trabalho escravo ou infantil, o desmatamento, o desrespeito a direitos trabalhistas ou condições de trabalho. Para o presidente do Inmetro, João Jornada, "respeitar esses quesitos é essencial para transformar o etanol em commodity". O Inmetro, que também está trabalhando em parceria com o órgão parceiro norte-americano Nist, realiza, neste mês, um painel sobre certificação do biocombustível, no Rio.

SANEAMENTO
A Abdib abriu as inscrições para seminário sobre saneamento dirigido a prefeitos e secretários municipais de São Paulo. O evento ocorrerá na capital, em 24 de abril, e seguirá para outros Estados. Na pauta, temas como a expansão da infra-estrutura de água e esgoto.


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