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Mercado Aberto
guilherme.barros@uol.com.br
Empresários não acreditam em mudança brusca no câmbio
Apesar dos efeitos negativos
do dólar baixo para a indústria,
os empresários já parecem estar convencidos de que essa situação não deverá mudar pelo
menos no curto prazo, até porque ninguém acredita em uma
mudança brusca de rota da política do Banco Central.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já deixou muito
claro que o governo não tem como impedir essa tendência de
valorização do real, apesar de
manifestar preocupação com
os efeitos do câmbio sobre alguns setores da indústria. Ele
descartou também a possibilidade de o governo tirar algum
coelho da cartola para contornar esse problema.
O fato é que os empresários
aparentam um certo ar de conformismo com essa situação. O
presidente do grupo Votorantim, Antônio Ermírio de Moraes, afirma que a solução é as
empresas driblarem essa situação adversa do câmbio com
competência. "Nós temos de
ganhar de qualquer jeito, seja
com o dólar a R$ 2,30 ou a
R$ 2,04. O importante é ser o
mais competente possível", diz.
O próprio Ermírio de Moraes
concorda que essa queda do dólar está sendo compensada, de
uma certa forma, com a alta dos
preços das commodities. "A situação não está ruim para os
exportadores de commodities",
afirma. A CBA (Companhia
Brasileiro de Alumínio) irá produzir neste ano 475 mil toneladas, sendo que de 30% a 40%
deverão ser exportados.
Ermírio de Moraes observa
que tanto é verdade que os empresários estão conseguindo
superar o problema do câmbio
que a chiadeira não tem sido
tão grande. Em outros tempos,
a pressão para inverter essa situação foi muito maior. "Não
tem nenhum tambor tocando
contra o dólar. No máximo,
uma gaitinha-de-fole", diz.
O presidente da Braskem, José Carlos Grubisich, concorda
com Ermírio de Moraes. Ele
acha que são poucas as chances,
por exemplo, de o Banco Central acelerar o ritmo da queda
dos juros para conter a entrada
de recursos no país e frear a
queda do dólar. A solução, a seu
ver, é as empresas se adequarem a essa situação e buscarem
ser mais eficientes para enfrentar os concorrentes de fora.
Grubisich diz que a Braskem
sofre mais os efeitos do dólar
no mercado interno, já que a
empresa compete com produtos fabricados em outros países, como a China, que podem
ter preços mais competitivos.
No mercado externo, ele não
tem do que reclamar, já que os
preços das resinas produzidas
pela Braskem são fixados pelo
mercado internacional e independem da variação do câmbio.
Criada há cinco anos, a Braskem, depois da compra de uma
parte da Ipiranga no pólo petroquímico do Sul, irá atingir o
recorde de US$ 2 bilhões em
exportações neste ano, um
crescimento significativo em
relação ao US$ 1,4 bilhão de
2006. Em 2002, a empresa exportava US$ 380 milhões.
Grubisich afirma que a performance se deve, em grande
parte, ao preço favorável das
commodities no mercado externo. Ele reconhece, no entanto, que, para muitos setores, a
situação é crítica. O dólar baixo
pode levar à desindustrialização de muitos setores.
NA MESA
A rede de fast-food Subway, que tem 27 mil pontos-de-venda
em cerca de 85 países, pretende abrir 350 pontos-de-venda no
Brasil até 2010. A soma dos investimentos dos franqueados, deve atingir cerca de R$ 37 milhões. O Brasil, país prioritário para
a matriz, tem hoje 80 lojas em funcionamento, sendo que São
Paulo, até o fim deste ano, deve ter 20 lojas.
EFEITO COPA
O Brasil quer ser o país-sede da Copa do Mundo de
2014. O efeito multiplicador de um mundial de futebol sobre a economia de um país é espantoso. Na semana passada, a MPM Propaganda recebeu um raio-X do que foi a última Copa para a Alemanha. Entre as principais conclusões do relatório, com dados fornecidos pelo governo alemão à Fifa, está o investimento de cerca de 10 bilhões. O
setor de transportes foi um dos que mais recebeu recursos.
O número estimado de novos empregos gerados com o mundial chega a 40 mil postos.
NOS ARES
Ao completar um século de vida, o avião Demoiselle, projetado em 1907 por Santos Dumont, ganha cinco réplicas e
programação de festa. Na agenda, vôos comemorativos no
Brasil e na França, durante o Salon International de l'Aéronautique et de l'Espace, em le Bourget, um dos principais
eventos da aviação, que acontece em junho. Para isso, conta
com a parceria da Apex. Há ainda um programa de televisão,
o "Você Pode Voar", exibido em blocos de cinco minutos durante o "Domingo Espetacular" da TV Record, e uma grife inspirada em Santos Dumont, batizada de Air Pioneers. O
objetivo do projeto, idealizado pelo Instituto Arruda Botelho, é fomentar a indústria aérea brasileira.
SOM NA CAIXA
A dinamarquesa Bang &
Olufsen acaba de lançar no
Brasil as caixas de som BeoLab 4 PC. Criadas para serem usadas em computadores, PC ou Mac, a caixa pode
ser plugada em qualquer
aparelho, do IPod até o toca-fitas. Fundada em 1925, a
Bang & Olufsen produz linhas de televisores, sistemas de som, alto-falantes,
telefones e multimídia
CAFEZINHO
O Centro de Excelência
em Expresso da Italian Coffee, de máquinas de café expresso, tem recebido mais
de 200 alunos por mês para
receber seus cursos.
BIOCOMBUSTÍVEL
A certificação do biocombustível brasileiro deve ir
além da verificação do cumprimento de aspectos técnicos. O Programa Brasileiro
de Certificação de Biocombustíveis, desenvolvido pelo
Inmetro, inclui itens de responsabilidade e social. Entre as práticas que impedem
a certificação, o uso do trabalho escravo ou infantil, o
desmatamento, o desrespeito a direitos trabalhistas ou
condições de trabalho. Para
o presidente do Inmetro,
João Jornada, "respeitar esses quesitos é essencial para
transformar o etanol em
commodity". O Inmetro,
que também está trabalhando em parceria com o órgão
parceiro norte-americano
Nist, realiza, neste mês, um
painel sobre certificação do
biocombustível, no Rio.
SANEAMENTO
A Abdib abriu as inscrições para seminário sobre
saneamento dirigido a prefeitos e secretários municipais de São Paulo. O evento
ocorrerá na capital, em 24 de
abril, e seguirá para outros
Estados. Na pauta, temas como a expansão da infra-estrutura de água e esgoto.
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