|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Indústria quer taxar embarque de boi vivo
Pecuaristas são contra tributos sobre exportação, que valoriza rebanhos no Pará e no Rio Grande do Sul
JOSÉ MASCHIO
FELIPE BÄCHTOLD
DA AGÊNCIA FOLHA
A Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos) pediu à
Receita Federal que crie uma
taxa para a exportação do boi
vivo, o chamado "gado em pé".
Representantes dos pecuaristas do Pará e do Rio Grande
do Sul, dois Estados exportadores de boi em pé, acusam os frigoríficos de tentar controlar
preços e de buscar criar reserva
de mercado. As indústrias consideram que a venda de bois vivos para fora do país enfraquece a cadeia produtiva.
No dia 20 de março, a Abrafrigo pediu oficialmente à Receita a criação de uma taxa para
a exportação do boi em pé.
No dia 26, encaminhou solicitação ao Ibama (Instituto
Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis e Meio Ambiente) para fiscalização nos
portos do Pará e de Rio Grande
(RS), onde na quinta-feira foram embarcados 7.000 bois e
bezerros vivos para o Líbano.
Em 2007, a receita com essas
exportações aumentou 261%
ante o ano anterior. A quantidade de bois embarcados cresceu 76% -para 431,8 mil.
O presidente da Abrafrigo,
Péricles Pessoa Salazar, considera o número um retrocesso
para a cadeia produtiva.
"Deixamos de processar a
carne, o sebo, o couro, e isso
prejudica toda uma indústria
nacional. Além disso, existe falta da matéria-prima nos principais Estados exportadores, Rio
Grande do Sul e Pará", afirma.
Ele cita também a questão
ambiental, dizendo que os portos brasileiros não estão preparados para dar um destino correto às fezes dos animais que
esperam embarque.
A diretora técnica da Federação da Agricultura e Pecuária
do Pará, Eliana Zacca, afirma
que o problema está na preocupação dos frigoríficos com a
rentabilidade. "Há um controle
de preços por parte dos frigoríficos sobre a arroba do boi. A alternativa de exportar o animal
vivo se contrapõe a isso, e os frigoríficos estão preocupados. É
só reserva de mercado", diz.
"No Pará, os frigoríficos controlam não só o preço mas a escala. Determinam o peso do
animal na terminação. O produtor encontrou, na exportação do boi em pé, uma válvula
de escape a esse controle."
Carlos Roberto Simm, coordenador da Comissão de Bovinocultura da Federação da
Agricultura e Pecuária do Rio
Grande do Sul, diz que é perigosa a proposta dos frigoríficos.
"Vejam a Argentina, que está
parada por taxações. No Brasil,
a regra tem que ser simples."
Simm afirma que as exportações para o Líbano, interrompidas em 2007 e retomadas no
início deste ano, não afetam a
indústria nacional. "Eles [importadores] não fazem questão
de qualidade e levam terneiros
[bezerros] e animais de descarte, produtos que não interessam a frigoríficos brasileiros."
Segundo a Receita, não há
impostos do governo federal
sobre a exportação de bois vivos. A Receita informou que
não se manifestaria sobre o pedido dos frigoríficos.
Texto Anterior: Agrofolha Safra dos EUA indica um ano de "perigo" Próximo Texto: Projeção: 2 Estados devem mandar 500 mil bovinos para outros países Índice
|