São Paulo, quarta-feira, 01 de abril de 2009

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Grupo Silvio Santos mostra interesse pelo Ponto Frio

Estratégia é dar musculatura às lojas Baú Crediário e usar o SBT para crescer

Presidente do grupo Silvio Santos diz ter caixa para a aquisição e que, hoje, não pode usar apresentador nas vendas por ter poucas lojas


CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O grupo Silvio Santos está entre os interessados na aquisição do Ponto Frio. A rede varejista de 458 lojas informou, no último fim de semana, ter contratado o banco Goldman Sachs para negociar sua venda.
Segundo Luiz Sandoval, presidente do grupo Silvio Santos, o negócio poderá atender à estratégia de expansão da rede Baú Crediário, que tem 20 lojas, sendo a maioria na cidade de São Paulo. O grupo também é dono da rede Carnê do Baú, que tem cerca de 50 lojas.
"Conversei [ontem] com o Manoel Amorim [presidente do Ponto Frio], que é meu amigo, e pedi informações financeiras sobre o Ponto Frio", afirma Sandoval. "Vamos analisar os números e fazer uma proposta porque nossa rede está crescendo e essa compra significaria um passo importante para ganharmos tempo."
Criada há um ano e meio, a rede Baú Crediário tinha como plano inicial a abertura de 250 lojas. Segundo Sandoval, a velocidade de expansão foi diminuída para adaptações tecnológicas e de busca de pontos, mas "o Silvio [Santos] cobra a abertura de pelo menos 100 lojas."
A intenção de compra foi vista com algum ceticismo no mercado. "Não imagino que o Baú tenha condições de fazer um aporte tão significativo para comprar uma rede dessas", afirma Eugenio Foganholo, diretor da Mixxer, consultoria especializada em varejo. "O risco é muito elevado e não acredito que o grupo Silvio Santos tenha liquidez para a compra."
Sandoval afirma que o grupo tem, sim, caixa para a aquisição. "A holding tem a administração do caixa das empresas e já estávamos estudando aquisições de outras redes na região Sudeste, antes de surgir a oportunidade do Ponto Frio", diz Sandoval.
Com 34 empresas e 12 mil empregados, o grupo Silvio Santos faturou, no ano passado, R$ 4 bilhões. O lucro líquido de R$ 340 milhões em 2007 cresceu 32% no ano passado, atingindo R$ 450 milhões. O Ponto Frio faturou R$ 4,4 bilhões em 2008 e tem valor de mercado de R$ 800 milhões.
A estratégia com a aquisição das lojas, diz Sandoval, é usar o poder de mídia do próprio Silvio Santos para levar os consumidores às lojas. "Usaremos não só o Silvio como todas as mídias", afirma Sandoval. "Até agora, não pudemos fazer isso, porque não temos escala, mas a ideia é copiar quem deu certo, como a Casas Bahia."
Ele afirma que algumas lojas, como a de São Miguel Paulista, já faturam R$ 800 mil por mês.
A estratégia faz sentido para os especialistas. "Pela força de mídia e pelo estilo de público, haveria uma grande sinergia", diz Foganholo. "O desempenho do Ponto Frio deixa a desejar há tempos e o foco do Baú na classe C seria uma arma."
Se concretizado, o negócio daria escala não só ao Baú como também ao Ponto Frio. "Esse modelo de negócio é o de margem baixa com giro alto de mercadorias", diz Claudio Felisoni, coordenador do Provar (Programa de Administração do Varejo), da FIA. "Só que a participação de mercado do Ponto Frio é pífia."
Na segunda-feira, Amorim reuniu-se com os diretores da rede para explicar a estratégia da venda. Ele espera que em 45 dias os controladores deem à empresa posição sobre o interesse de compradores.


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