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Grupo Silvio Santos mostra interesse pelo Ponto Frio
Estratégia é dar musculatura às lojas Baú Crediário e usar o SBT para crescer
Presidente do grupo Silvio
Santos diz ter caixa para a
aquisição e que, hoje, não
pode usar apresentador nas
vendas por ter poucas lojas
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
O grupo Silvio Santos está
entre os interessados na aquisição do Ponto Frio. A rede varejista de 458 lojas informou, no
último fim de semana, ter contratado o banco Goldman
Sachs para negociar sua venda.
Segundo Luiz Sandoval, presidente do grupo Silvio Santos,
o negócio poderá atender à estratégia de expansão da rede
Baú Crediário, que tem 20 lojas, sendo a maioria na cidade
de São Paulo. O grupo também
é dono da rede Carnê do Baú,
que tem cerca de 50 lojas.
"Conversei [ontem] com o
Manoel Amorim [presidente
do Ponto Frio], que é meu amigo, e pedi informações financeiras sobre o Ponto Frio", afirma Sandoval. "Vamos analisar
os números e fazer uma proposta porque nossa rede está
crescendo e essa compra significaria um passo importante
para ganharmos tempo."
Criada há um ano e meio, a
rede Baú Crediário tinha como
plano inicial a abertura de 250
lojas. Segundo Sandoval, a velocidade de expansão foi diminuída para adaptações tecnológicas e de busca de pontos, mas
"o Silvio [Santos] cobra a abertura de pelo menos 100 lojas."
A intenção de compra foi vista com algum ceticismo no
mercado. "Não imagino que o
Baú tenha condições de fazer
um aporte tão significativo para comprar uma rede dessas",
afirma Eugenio Foganholo, diretor da Mixxer, consultoria especializada em varejo. "O risco
é muito elevado e não acredito
que o grupo Silvio Santos tenha
liquidez para a compra."
Sandoval afirma que o grupo
tem, sim, caixa para a aquisição.
"A holding tem a administração
do caixa das empresas e já estávamos estudando aquisições de
outras redes na região Sudeste,
antes de surgir a oportunidade
do Ponto Frio", diz Sandoval.
Com 34 empresas e 12 mil
empregados, o grupo Silvio
Santos faturou, no ano passado,
R$ 4 bilhões. O lucro líquido de
R$ 340 milhões em 2007 cresceu 32% no ano passado, atingindo R$ 450 milhões. O Ponto
Frio faturou R$ 4,4 bilhões em
2008 e tem valor de mercado
de R$ 800 milhões.
A estratégia com a aquisição
das lojas, diz Sandoval, é usar o
poder de mídia do próprio Silvio Santos para levar os consumidores às lojas. "Usaremos
não só o Silvio como todas as
mídias", afirma Sandoval. "Até
agora, não pudemos fazer isso,
porque não temos escala, mas a
ideia é copiar quem deu certo,
como a Casas Bahia."
Ele afirma que algumas lojas,
como a de São Miguel Paulista,
já faturam R$ 800 mil por mês.
A estratégia faz sentido para
os especialistas. "Pela força de
mídia e pelo estilo de público,
haveria uma grande sinergia",
diz Foganholo. "O desempenho
do Ponto Frio deixa a desejar
há tempos e o foco do Baú na
classe C seria uma arma."
Se concretizado, o negócio
daria escala não só ao Baú como
também ao Ponto Frio. "Esse
modelo de negócio é o de margem baixa com giro alto de
mercadorias", diz Claudio Felisoni, coordenador do Provar
(Programa de Administração
do Varejo), da FIA. "Só que a
participação de mercado do
Ponto Frio é pífia."
Na segunda-feira, Amorim
reuniu-se com os diretores da
rede para explicar a estratégia
da venda. Ele espera que em 45
dias os controladores deem à
empresa posição sobre o interesse de compradores.
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