São Paulo, quarta-feira, 01 de abril de 2009

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México pretende pedir até US$ 40 bi ao FMI

Governo quer usar linha de crédito para diminuir temores sobre o peso, que se desvalorizou em 25% ante o dólar desde setembro

Economia do México, a 2ª maior da AL, retraiu-se em 1,6% no 4º tri de 2008, e órgãos como o FMI preveem recessão para este ano


William F. Campbell/Getty Images
Casa de câmbio na fronteira do México com os Estados Unidos

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

DA REDAÇÃO

Sob a iminência de uma recessão econômica, o presidente do México, Felipe Calderón, afirmou ontem que pretende solicitar linha de crédito de até US$ 40 bilhões ao FMI (Fundo Monetário Internacional).
"Temos nossas finanças públicas em ordem e estamos em condições de tomar a linha de crédito com o FMI para respaldar as reservas do banco central em US$ 30 bilhões ou até US$ 40 bilhões, inclusive nesta semana", disse Calderón em Londres, onde participará da reunião do G20.
Segundo dados oficiais divulgados ontem, as reservas da segunda maior economia da América Latina e a 13ª mundial chegam a US$ 79 bilhões. "Isso quer dizer que não temos de exercitar uma linha de crédito, mas seria muito útil ter esse dinheiro disponível e enviar um sinal de solidez da nossa economia", afirmou Calderón.
Com essa medida, o governo pretende desfazer os temores sobre a política do banco central de usar as reservas internacionais para impedir uma queda ainda maior da moeda local, o peso. Apesar de a moeda ter se valorizado em 7,6% no mês passado ante o dólar (na maior alta em 14 anos), ela acumula queda de 25% desde o agravamento da crise, em 15 de setembro do ano passado.
O México, que assim como o Brasil recorreu mais de uma vez ao Fundo, pagou sua última parcela da dívida com o organismo em 2000 -cinco anos antes do previsto.
No mês passado, o FMI criou uma linha de crédito para economias emergentes "com histórico de políticas sustentáveis". Com as declarações de ontem, o México se tornou o primeiro país a demonstrar publicamente interesse. O Brasil, que, segundo jornais estrangeiros, também era um dos alvos do programa, já negou interesse em acessá-lo.
No poder desde dezembro de 2006, Calderón está enfrentando uma difícil guerra interna contra o narcotráfico, provocando um aumento de gastos com segurança pública. Ao mesmo tempo, o México sofre diretamente a crise do seu principal parceiro comercial, os Estados Unidos, destino de cerca de 90% das exportações do país.
Outra dificuldade de Calderón na área econômica é a decadente estatal petroleira Pemex, cuja produção interna vem sofrendo um constante declínio ao longo dos últimos anos.
Finalmente, o país sofre também com a diminuição das remessas de seus milhões de imigrantes trabalhando nos EUA.
O resultado disso é que a economia mexicana se retraiu em 1,6% no último trimestre de 2008 ante o mesmo período do ano anterior, na primeiro queda do PIB desde 2001, e a expectativa de órgãos internacionais como o próprio FMI é que o país tenha recessão neste ano. Para diminuir os efeitos da crise, o BC iniciou em janeiro uma política de redução da taxa de juros, que caiu de 8,25%, no fim de 2008, para os atuais 6,75%.


Com agências internacionais


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