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Mesquita deixa BC; Meirelles adia decisão
Equipe do presidente do Banco Central consolida perfil menos conservador e passa a contar somente com funcionários de carreira
Anúncio da permanência
ou não de Meirelles à frente do banco deverá ocorrer somente hoje após encontro com o presidente Lula
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar da indecisão do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em relação a
permanecer ou não no cargo, o
BC anunciou ontem outra troca na sua diretoria. Mário Mesquita deixou a área de Política
Econômica depois de três anos
na instituição.
A saída já estava acertada
desde o final do ano passado e
traz dois desdobramentos importantes para a diretoria do
Banco Central, que reúne os
responsáveis pelas decisões sobre a taxa básica de juros.
Além de consolidar um perfil
menos conservador em relação
aos diretores do início da gestão Meirelles, a diretoria será
formada agora somente por
funcionários de carreira. Todos
saíram dos quadros do próprio
Banco Central, com exceção do
diretor de Política Monetária,
Aldo Mendes, que veio do Banco do Brasil.
Quando assumiu o comando
do BC, no início do governo Lula, Meirelles contava com uma
diretoria herdada do governo
anterior. O responsável pela
Política Monetária, por exemplo, era Luiz Fernando Figueiredo, que entrou no BC na era
Armínio Fraga.
Somente a partir de março de
2003 a diretoria do novo governo começou a tomar forma. O
único remanescente dos indicados naquela época, no entanto, é o diretor de Liquidação,
Gustavo do Vale. Os outros foram substituídos desde então, a
maioria depois de atritos com o
Ministério da Fazenda em relação à política de juros.
A área de Política Monetária,
por exemplo, foi uma das mais
movimentadas na gestão Meirelles. Foram cinco diretores. A
última troca foi a mais tumultuada. O ex-diretor deixou o
cargo em dezembro, depois de
criticar o governo em entrevista ao jornal "Valor Econômico"
e revelar parte da estratégia do
BC durante a crise.
Outros diretores identificados como tendo um perfil mais
conservador eram Afonso Bevilaqua e Rodrigo Azevedo, responsáveis pelas áreas de Política Econômica e Política Monetária, respectivamente, entre
2004 e 2007.
Com a saída de Mesquita,
substituído por Carlos Hamilton Vasconcelos, que estava na
diretoria de Assuntos Internacionais, Meireles se torna o último membro do Copom (Comitê de Política Monetária do
BC) vindo do setor bancário.
Até mesmo o novo indicado
para a área internacional, Luiz
Awazu Pereira da Silva, é funcionário de carreira, do Banco
Mundial. Também trabalhou
nos ministérios da Fazenda e
do Planejamento.
Meirelles
A decisão de Meirelles sobre
seu futuro político era esperada
para ontem. No começo da tarde, os jornalistas foram chamados para acompanhar sua participação na cerimônia de comemoração dos 45 da instituição. Meirelles chegou atrasado
porque tinha um encontro com
o presidente Lula, que acabou
sendo adiado para hoje. Encontrou-se, porém, com a ex-ministra Dilma Rousseff.
Durante o evento, brincou
com a possibilidade de deixar o
cargo ao ouvir de outro diretor
um balanço sobre sua gestão.
Depois, afirmou que ainda não
tinha uma decisão, mas que daria uma resposta até hoje.
Se deixar o BC, Meirelles deve concorrer ao Senado pelo
PMDB de Goiás, mas ainda sonha com a possibilidade de ser
vice na chapa de Dilma à Presidência.
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