São Paulo, quinta-feira, 01 de abril de 2010

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Mesquita deixa BC; Meirelles adia decisão

Equipe do presidente do Banco Central consolida perfil menos conservador e passa a contar somente com funcionários de carreira

Anúncio da permanência ou não de Meirelles à frente do banco deverá ocorrer somente hoje após encontro com o presidente Lula

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar da indecisão do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em relação a permanecer ou não no cargo, o BC anunciou ontem outra troca na sua diretoria. Mário Mesquita deixou a área de Política Econômica depois de três anos na instituição.
A saída já estava acertada desde o final do ano passado e traz dois desdobramentos importantes para a diretoria do Banco Central, que reúne os responsáveis pelas decisões sobre a taxa básica de juros.
Além de consolidar um perfil menos conservador em relação aos diretores do início da gestão Meirelles, a diretoria será formada agora somente por funcionários de carreira. Todos saíram dos quadros do próprio Banco Central, com exceção do diretor de Política Monetária, Aldo Mendes, que veio do Banco do Brasil.
Quando assumiu o comando do BC, no início do governo Lula, Meirelles contava com uma diretoria herdada do governo anterior. O responsável pela Política Monetária, por exemplo, era Luiz Fernando Figueiredo, que entrou no BC na era Armínio Fraga.
Somente a partir de março de 2003 a diretoria do novo governo começou a tomar forma. O único remanescente dos indicados naquela época, no entanto, é o diretor de Liquidação, Gustavo do Vale. Os outros foram substituídos desde então, a maioria depois de atritos com o Ministério da Fazenda em relação à política de juros.
A área de Política Monetária, por exemplo, foi uma das mais movimentadas na gestão Meirelles. Foram cinco diretores. A última troca foi a mais tumultuada. O ex-diretor deixou o cargo em dezembro, depois de criticar o governo em entrevista ao jornal "Valor Econômico" e revelar parte da estratégia do BC durante a crise.
Outros diretores identificados como tendo um perfil mais conservador eram Afonso Bevilaqua e Rodrigo Azevedo, responsáveis pelas áreas de Política Econômica e Política Monetária, respectivamente, entre 2004 e 2007.
Com a saída de Mesquita, substituído por Carlos Hamilton Vasconcelos, que estava na diretoria de Assuntos Internacionais, Meireles se torna o último membro do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) vindo do setor bancário.
Até mesmo o novo indicado para a área internacional, Luiz Awazu Pereira da Silva, é funcionário de carreira, do Banco Mundial. Também trabalhou nos ministérios da Fazenda e do Planejamento.

Meirelles
A decisão de Meirelles sobre seu futuro político era esperada para ontem. No começo da tarde, os jornalistas foram chamados para acompanhar sua participação na cerimônia de comemoração dos 45 da instituição. Meirelles chegou atrasado porque tinha um encontro com o presidente Lula, que acabou sendo adiado para hoje. Encontrou-se, porém, com a ex-ministra Dilma Rousseff.
Durante o evento, brincou com a possibilidade de deixar o cargo ao ouvir de outro diretor um balanço sobre sua gestão. Depois, afirmou que ainda não tinha uma decisão, mas que daria uma resposta até hoje.
Se deixar o BC, Meirelles deve concorrer ao Senado pelo PMDB de Goiás, mas ainda sonha com a possibilidade de ser vice na chapa de Dilma à Presidência.


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