São Paulo, quarta-feira, 01 de maio de 2002

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CONJUNTURA

País também substitui importações; exportador perde mercado

Economia patina e importa menos eletroeletrônicos

ISABEL CAMPOS
FÁTIMA FERNANDES

DA REPORTAGEM LOCAL

As importações de produtos eletroeletrônicos somaram US$ 2,2 bilhões no primeiro trimestre deste ano, 38% menos do que no mesmo período do 2001, informa a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica). Essa queda tem duas razões: redução da atividade econômica, principalmente, e substituição de importados por nacionais.
A principal queda foi registrada no setor de telecomunicações, de 70%, em razão da diminuição nas compras de equipamentos para a telefonia pública. Também caíram as importações de componentes e utilidades domésticas (38%) e informática (30%). Só o setor de equipamentos industriais não apresentou retração na importação nesse período.
As 40 companhias brasileiras que mais compram produtos no exterior também reduziram suas importações: a queda foi de 16,5%, em média, no primeiro trimestre deste ano em relação a igual período de 2001, de US$ 4,35 bilhões para US$ 3,63 bilhões, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior.

Exportações
As exportações, que podem influenciar o dinamismo de um setor, também não vão bem. No setor eletroeletrônico, caíram 8,3% no primeiro trimestre deste ano em relação a igual período do ano passado, de US$ 1,02 bilhão para US$ 941,8 milhões, informa a Abinee. "A Argentina, que chegou a ser nosso segundo maior mercado, praticamente parou de comprar", afirma Carlos de Paiva Lopes, presidente da Abinee.
As vendas para o exterior das 40 maiores empresas exportadoras brasileiras caíram 6,82% no primeiro trimestre deste ano sobre igual período do ano passado, de US$ 5,106 bilhões para US$ 4,758 bilhões, segundo a Secex.
Algumas das companhias tiveram queda bem acima dessa média. A Embraer, maior exportadora do país, apresentou redução de 24,1%, de R$ 714,2 milhões para 542,3 milhões. Na Petrobras, a queda foi de 33,65%, de R$ 741,6 milhões para R$ 492 milhões. As duas empresas respondem por 10,5% das exportações brasileiras.
Os setores que mais reduziram o comércio com o exterior foram veículos, autopeças, alumínio, sucos concentrados, alimentos e papel e celulose. A queda de US$ 350 milhões nas exportações das 40 maiores nos primeiros três meses se deve especialmente à crise argentina e à desaceleração da economia mundial. Outro motivo: exportadores de commodities agrícolas estão segurando os embarques à espera de uma retomada na economia norte-americana e, portanto, de melhores preços.
As maiores quedas nas exportações, além da Embraer e Petrobras, foram registradas pelas seguintes empresas: Cenibra, com 59,1%; Ferteco Mineração (53,2%); Fiat (49,4%); Albrás (42,6%); Aracruz (41,7%); Cargill (41,3%); Cutrale (39,7%); GM (25,6%); Robert Bosh (25,2%), Bunge Alimentos (24%), Motorola (22,3%), Volkswagen (22%) e Vale do Rio Doce (7,45%).
"A crise argentina brecou parte das exportações do Brasil", afirma Maurice Costin, diretor do departamento de relações internacionais e comércio exterior da Fiesp. "Vamos compensar isso com a busca de outros mercados."
José Augusto de Castro, diretor da AEB, associação que reúne os exportadores do país, considera que as exportações deverão ter melhor desempenho neste trimestre, especialmente porque é esperada a recuperação da economia norte-americana. Para ele, o saldo da balança comercial brasileira, que ficou ao redor de US$ 1 bilhão no primeiro trimestre deste ano, deve subir para US$ 1,5 bilhão neste trimestre.
As importações, que caíram cerca de 25% no primeiro trimestre deste ano, na avaliação de Castro, podem voltar a subir no segundo semestre.



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