São Paulo, quarta-feira, 01 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RESULTADOS

Operadora de celulares teve queda na receita de 2000 para 2001

Prejuízo da BCP supera R$ 1 bilhão

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

A situação da BCP, operadora de telefonia celular da Grande São Paulo, piorou drasticamente em 2001. Ao contrário de outras operadoras, que conseguiram ao menos elevar sua receita, a BCP registrou um faturamento bruto de R$ 1,62 bilhão, uma queda de 2,4% sobre o desempenho do ano anterior.
O prejuízo da companhia chegou a R$ 1,05 bilhão em 2001, contra as perdas de R$ 880,5 milhões de 2000. "Tivemos uma migração de usuários de celulares pós-pagos para pré-pagos, que geram menos receita. Além disso, a desvalorização do real em 2001 pesou no resultado final", afirmou Luís Felipe Schiriak, vice-presidente financeiro da BCP.
A dívida dolarizada da operadora é de US$ 1,7 bilhão. O número de assinantes passou dos 1,62 milhão de 2000 para 1,74 milhão. Esse aumento não permitiu, porém, que a empresa registrasse alta na receita porque o percentual de assinantes com celulares pré-pagos passou de 55% para 68%.
Para Virgílio Freire, da consultoria Brisa, um dos problemas da BCP é justamente esse perfil de usuários. "Celular pré-pago é um péssimo negócio. Gera em média apenas um terço da receita de um pós-pago", afirmou Freire.

Reestruturação
A situação complicada da BCP já tinha ficado evidente no dia 28 de março passado, quando a operadora deixou de pagar uma parcela de US$ 375 milhões a um consórcio de bancos credores. O débito ainda não foi acertado. As negociações na BCP prevêem também a saída da Verbier (empresa dos irmãos Joseph e Moise Safra) da operadora.
Os Safra possuem 45,4% das ações da operadora e defendiam o pagamento da dívida, enquanto a norte-americana BellSouth, proprietária de outros 45,4%, se recusou a pagar o débito.
Segundo Schiriak, a estratégia da BCP é de recuperar bem os negócios após os entendimentos com os credores. "Vamos renegociar a dívida e assim ter mais fôlego para expandir os negócios". Não há data prevista para um entendimento com os bancos.
O desempenho da BCP, que atua na banda B de São Paulo, é bastante ruim se comparado com os das operadoras da banda A, herdeiras da infra-estrutura da Telebrás. Sua concorrente direta, a Telesp Celular, registrou aumento de 6,5% na receita líquida em 2001. Outras companhias como a Tele Norte Celular e a TIM Sul conseguiram elevar em 10% seu desempenho. A Tele Centro Oeste atingiu um surpreendente aumento de 38,2%.
A Folha apurou que a receita média por celular da BCP também caiu. Chegou a R$ 61,05 por mês no segundo trimestre de 2001 e caiu para R$ 53,29 no terceiro trimestre. A média anual ficou em R$ 58 mensais.



Texto Anterior: Anatel investiga cobrança de tarifa entre as empresas
Próximo Texto: Presidente da WorldCom deixa diretoria do grupo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.