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ORÁCULO DE WASHINGTON
Presidente do Fed vê retomada, mas teme queda nos gastos de empresas e critica corte de impostos
Baixo investimento preocupa Greenspan
DA REDAÇÃO
A economia norte-americana
tem tudo para voltar a crescer de
maneira mais acelerada, agora
que a Guerra do Iraque chegou ao
fim, disse Alan Greenspan, o presidente do Federal Reserve (banco central dos EUA). Mas a retração dos investimentos continua a
representar a principal trava à retomada do país.
"A economia está preparada para crescer a um ritmo notadamente melhor do que no ano passado", afirmou ontem Greenspan, em depoimento à comissão
de assuntos financeiros da Câmara dos EUA, em Washington.
Mas o presidente do Fed disse
que, "infelizmente", os indicadores disponíveis apresentam "sinais mistos" e ainda não dá para
prever quando a atividade recuperará seu antigo vigor. E advertiu: "Precisamos estar atentos à
possibilidade de que a manutenção da cautela das empresas possa
ser um empecilho à melhora do
desempenho econômico".
De fato, a então iminência de
uma guerra no Iraque havia abalado a confiança tanto de consumidores como de empresários. A
queda do regime de Saddam Hussein reabilitou a expectativa da
população sobre as condições
econômicas. Mas as empresas do
país seguem reticentes.
Segundo números divulgados
pouco antes das declarações do
presidente do Fed, o índice dos
gerentes de compra da região de
Chicago caiu ao menor nível dos
últimos seis meses. Para os analistas, a deterioração prenuncia que
o índice sobre a atividade industrial, a ser divulgado hoje, também mostrará um declínio.
Greenspan voltou a criticar o
projeto de redução de impostos
proposto pelo presidente norte-americano, George W. Bush.
"Não mudei de opinião."
O presidente do Fed afirmou
que a eliminação da dupla cobrança de impostos sobre dividendos de ações, como quer
Bush, teria efeitos benéficos no
longo prazo. Mas agora não seria
o momento de reduzir a arrecadação tributária -o que só poderia
se feito com a contrapartida de
um corte nos gastos do governo.
Novo mandato
As críticas de Greenspan ao projeto despertaram a ira dos republicanos mais conservadores. Alguns chegaram a sugerir que
Bush não deveria indicar o atual
presidente do Fed para um novo
mandato, quando o atual se encerrar, no ano que vem. Mas, na
semana passada, o presidente dos
EUA já disse que defenderá a permanência de Greenspan.
O presidente do Fed deixou a
porta aberta para um novo corte
nos juros. "Ainda temos espaço
na política monetária."
A taxa de curto prazo do Fed para empréstimos a instituições financeiras está hoje em 1,25% ao
ano, a menor desde 1961. A próxima reunião do conselho de política monetária do BC dos EUA
ocorrerá na próxima terça-feira.
Em um outro sinal de que poderá ocorrer um novo corte nos juros, o presidente do Fed demonstrou certa receito com uma possível deflação. "Com a inflação já
em níveis baixos, uma queda mais
acentuada seria indesejada, porque ameaçaria as margens de lucros e impediria a retomada do ciclo de investimentos", afirmou.
Greenspan disse ainda que, por
ora, a Sars tem efeitos limitados,
atingindo sobretudo o turismo.
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