São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2008

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cenários

Analistas vêem Bovespa em alta e dólar em baixa

DA REPORTAGEM LOCAL

Após a disparada da Bolsa de Valores de São Paulo, ontem, cresceu a expectativa em torno do futuro do mercado acionário nos próximos meses. A Bovespa já vinha se recuperando em abril, mas agora as expectativas melhoraram, mesmo que nenhum analista possa garantir que um ciclo de altas é garantido.
Na contramão, o dólar, que já vinha operando recentemente em seus mais baixos níveis desde maio de 99, tende a se depreciar ainda mais.
Um dos efeitos da elevação do Brasil a grau de investimento é a possibilidade de aceleração da entrada de capitais externos no país.
"Há fundos de pensão no exterior que têm, por regra, não aplicar em países que não são "investment grade". Agora, o Brasil entrou para esse grupo", diz Cristiano Souza, economista do banco Real. "A Bolsa já teve uma aceleração neste ano com grande participação de capital externo", diz Souza.
O professor William Eid Júnior, do Centro de Estudos em Finanças da FGV, mostra-se otimista com o mercado acionário neste momento e estima que não será difícil a Bovespa ultrapassar os 75 mil pontos nos próximos meses.
A Bovespa atravessa seu sexto ano consecutivo de valorização. Por conta disso, muitos profissionais avaliavam que seria possível que este fosse um ano bem mais fraco que os últimos, com a Bolsa já sem tanta força para se manter em alta.
Em 2007, a Bovespa acumulou valorização de 43,6%. Neste ano, está com alta de 6,23% -em seu melhor momento de 2008.
"Fiquei até um pouco surpreso com a alta tão forte da Bolsa. E é provável que recebamos mais dinheiro de fora. O Brasil era limitado em alguns portfólios [no exterior]", diz José Luiz Rossi, professor do Ibmec-SP.
A aceleração na entrada de capital externo na Bolsa tende a derrubar ainda mais a cotação do dólar. Além dos dólares destinados ao mercado acionário, é grande a procura por títulos que pagam juros, como os oferecidos pelo governo. Com a baixa da taxa de juros americana, que caiu a 2% ao ano, os papéis brasileiros se tornam ainda mais atrativos -a taxa Selic está em 11,75%.
Como a procura por dólares é muito baixa no mercado brasileiro, quanto mais moeda desembarcar por aqui maior a tendência de apreciação do real. Ontem, o dólar fechou a R$ 1,664.
"O que devemos ver é a Bolsa para cima e o dólar derretendo. E não sei o que o BC poderia fazer contra isso [queda do dólar], além de subir ainda mais os juros", afirma o professor da FGV.
(FABRICIO VIEIRA)


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