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País entra no "clube dos mais sérios", diz Mantega
JULIANNA SOFIA
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o Brasil entrou para o "clube" dos
países "mais respeitados e sérios" do mundo. Segundo ele, a
elevação do país ao título de
grau de investimento ganha
maior importância quando se
considera o momento de crise
internacional, em que várias
economias estão fragilizadas.
Apesar da chegada do grau de
investimento levar a uma valorização ainda maior do real, o
ministro reafirmou que o governo manterá o câmbio flutuante e não pretende adotar,
por ora, medidas para segurar a
cotação. Segundo o ministro, o
aumento das importações tem
tido um efeito contrário no
comportamento do câmbio.
A reclassificação do Brasil
pela agência Standard & Poor's
evidenciou mais uma vez a falta
de sintonia entre Mantega e o
presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles. Ambos
convocaram a imprensa para
avaliar o resultado quase na
mesma hora, mas em locais diferentes. Meirelles estava fora
de Brasília e fez suas declarações em uma "conference call"
montada na sede do BC. Já
Mantega concedeu entrevista
no Ministério da Fazenda.
Meirelles disse acreditar que
a notícia vá ajudar o Brasil a
atrair investimentos que possam expandir sua capacidade
produtiva. "Esse anúncio certamente terá diversas conseqüências. Deve aumentar o fluxo de investimentos estrangeiros diretos ao longo do tempo,
aumentando a capacidade do
país em crescer a taxas ainda
mais elevadas", afirmou.
Ele evitou, porém, falar nos
efeitos que a notícia deve ter
sobre o câmbio, a inflação e os
juros adotados no país. "Vamos
aguardar e analisar todos esses
fatores nas próximas reuniões
do Comitê de Política Monetária", disse Meirelles, acrescentando que há uma "confiança
na resistência da economia
brasileira a choques externos".
Para Mantega, a reclassificação brasileira é resultado de
uma combinação de política
fiscal e monetária sólida, inflação baixa e crescimento robusto. "O Brasil é um país fortalecido. Estamos crescendo acima
de 5%, as contas estão equilibradas e estamos cumprindo à
risca as metas de superávit.
Aqueles que dizem que não estamos controlando as despesas
estão equivocados", afirmou.
Ele destacou ainda que o governo tem se "esmerado" no
controle da inflação, apesar da
pressão do preço dos alimentos. "Há um choque de oferta, e
o Brasil está em situação favorecida. Estamos com taxa de inflação inferior à de países
emergentes. Se tirarmos os alimentos, a inflação fica entre 3%
e 3,5%", disse comparando a situação brasileira à realidade
americana. "Não sei se isso é
vantagem ou desvantagem."
O ministro Paulo Bernardo
(Planejamento) disse que as
empresas brasileiras serão as
grandes beneficiadas com o selo de "investment grade" porque terão acesso a capital com
custo mais baixo. "As nossas
empresas vão conseguir captar
recursos a custos menores, terão condições de retomar o lançamento de ações no mercado."
Bernardo disse que o impacto negativo na taxa de câmbio
será compensado pelo fato de
que "boa parte dos novos aportes será de investimento direto
e vai aumentar a capacidade de
produção do país".
BNDES
O presidente do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social),
Luciano Coutinho, afirmou
que a concessão do grau de investimento permitirá a empresas e bancos acessar o mercado
internacional com custos mais
competitivos. Dessa forma seria possível obter maior fluxo
de financiamento externo de
novos investimentos diretos.
"Com isso, reduz-se o custo
de capital para o financiamento
da dívida pública e dos grandes
projetos de longo prazo.
Abrem-se, assim, novas oportunidades para o BNDES viabilizar os recursos necessários à
expansão do investimento",
afirmou Coutinho.
Colaboraram VALDO CRUZ , da Sucursal de Brasília, e JANAINA LAGE , da Sucursal do Rio
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