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Rotatividade "come" ganho real de metalúrgicos, aponta estudo
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de os metalúrgicos
haverem recebido aumento
real médio de 7,68% nos últimos três anos, a rotatividade do
setor, responsável pelo achatamento nos salários, fez com que
a categoria não sentisse o efeito
do reajuste. Três em cada dez
metalúrgicos foram demitidos
no país e recontratados por salários menores.
Os resultados fazem parte do
primeiro raio-x do setor feito
pela subseção do Dieese na
Confederação Nacional dos
Trabalhadores Metalúrgicos
(Força Sindical), a partir de informações da Rais e do Caged.
Foram pesquisados 17 Estados
em que a confederação atua.
Os 942.350 metalúrgicos representados pela central (47%
do total) receberam salário de
R$ 1.800,30 na média nacional
em 2007. Em 2004, ganhavam
R$ 1.472,13. O aumento nominal no período foi de 22,3%. Se
descontada a inflação medida
pelo INPC no período (13,57%),
o aumento real é de 7,68%.
No setor metalúrgico, o salário da categoria é 41% maior do
que o pago na média da indústria de transformação, segundo
dados da Rais de 2004 e 2006.
O salário médio do metalúrgico
foi de R$ 1.645, enquanto na indústria de transformação foi de
R$ 1.164, segundo dados de
2006 -os únicos disponíveis
para essa comparação.
A variação entre os salários
pagos nos 26 Estados e no Distrito Federal chegou a 279% no
ano passado. O trabalhador
paulista recebeu salário médio
de R$ 2.100,22; enquanto o da
Paraíba ganhou R$ 554,25.
"A descentralização da indústria metalúrgica no país não
foi feita para criar empregos
nem distribuir renda. O que
justifica a diferença brutal nos
salários? O custo de vida de Curitiba e Belo Horizonte é tão diferente assim do da cidade de
São Paulo?", questiona Eleno
José Bezerra, presidente da
confederação da categoria.
Guerra fiscal
Uma das explicações para essa diferença é a guerra fiscal entre os Estados. "As empresas
vão para outros Estados atrás
de incentivos fiscais, amparadas por empréstimos subsidiados e pela estrutura sindical de
outras regiões em que a organização sindical não tem tradição
para enfrentar as negociações
salariais", diz Airton dos Santos, economista do Dieese.
Uma das formas para diminuir as diferenças salariais entre trabalhadores de uma mesma categoria, segundo ele, é a
negociação de um contrato coletivo nacional de trabalho.
"Respeitadas as características
de cada região, o contrato nacional é uma forma de garantir
e ampliar um patamar mínimo
de direitos trabalhistas."
A rotatividade nas empresas
é um dos principais fatores
apontados para explicar o achatamento salarial. "O que normalmente acontece é que uma
indústria demite um trabalhador que ganha cinco salários
mínimos e o substitui por outro
que ganha três", diz Santos.
A taxa de rotatividade -calculada a partir da permanência
do trabalhador no mercado de
trabalho- tem aumentado gradativamente ano a ano, segundo o estudo dos metalúrgicos.
Na média de nove segmentos
pesquisados na indústria metalúrgica, a rotatividade passou
de 29,6% em 2005 para 31,3%
no ano passado. Em 4 dos 9 ramos considerados, a taxa foi superior maior. A mais elevada foi
a verificada no segmento de fabricação de produtos de metal
(42,7%); a menor, no de veículos automotores (18%).
(CR)
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