São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2008

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Rotatividade "come" ganho real de metalúrgicos, aponta estudo

DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de os metalúrgicos haverem recebido aumento real médio de 7,68% nos últimos três anos, a rotatividade do setor, responsável pelo achatamento nos salários, fez com que a categoria não sentisse o efeito do reajuste. Três em cada dez metalúrgicos foram demitidos no país e recontratados por salários menores.
Os resultados fazem parte do primeiro raio-x do setor feito pela subseção do Dieese na Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (Força Sindical), a partir de informações da Rais e do Caged. Foram pesquisados 17 Estados em que a confederação atua.
Os 942.350 metalúrgicos representados pela central (47% do total) receberam salário de R$ 1.800,30 na média nacional em 2007. Em 2004, ganhavam R$ 1.472,13. O aumento nominal no período foi de 22,3%. Se descontada a inflação medida pelo INPC no período (13,57%), o aumento real é de 7,68%.
No setor metalúrgico, o salário da categoria é 41% maior do que o pago na média da indústria de transformação, segundo dados da Rais de 2004 e 2006. O salário médio do metalúrgico foi de R$ 1.645, enquanto na indústria de transformação foi de R$ 1.164, segundo dados de 2006 -os únicos disponíveis para essa comparação.
A variação entre os salários pagos nos 26 Estados e no Distrito Federal chegou a 279% no ano passado. O trabalhador paulista recebeu salário médio de R$ 2.100,22; enquanto o da Paraíba ganhou R$ 554,25.
"A descentralização da indústria metalúrgica no país não foi feita para criar empregos nem distribuir renda. O que justifica a diferença brutal nos salários? O custo de vida de Curitiba e Belo Horizonte é tão diferente assim do da cidade de São Paulo?", questiona Eleno José Bezerra, presidente da confederação da categoria.

Guerra fiscal
Uma das explicações para essa diferença é a guerra fiscal entre os Estados. "As empresas vão para outros Estados atrás de incentivos fiscais, amparadas por empréstimos subsidiados e pela estrutura sindical de outras regiões em que a organização sindical não tem tradição para enfrentar as negociações salariais", diz Airton dos Santos, economista do Dieese.
Uma das formas para diminuir as diferenças salariais entre trabalhadores de uma mesma categoria, segundo ele, é a negociação de um contrato coletivo nacional de trabalho. "Respeitadas as características de cada região, o contrato nacional é uma forma de garantir e ampliar um patamar mínimo de direitos trabalhistas."
A rotatividade nas empresas é um dos principais fatores apontados para explicar o achatamento salarial. "O que normalmente acontece é que uma indústria demite um trabalhador que ganha cinco salários mínimos e o substitui por outro que ganha três", diz Santos.
A taxa de rotatividade -calculada a partir da permanência do trabalhador no mercado de trabalho- tem aumentado gradativamente ano a ano, segundo o estudo dos metalúrgicos.
Na média de nove segmentos pesquisados na indústria metalúrgica, a rotatividade passou de 29,6% em 2005 para 31,3% no ano passado. Em 4 dos 9 ramos considerados, a taxa foi superior maior. A mais elevada foi a verificada no segmento de fabricação de produtos de metal (42,7%); a menor, no de veículos automotores (18%). (CR)


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