São Paulo, sexta-feira, 01 de maio de 2009

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GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Brasil se recupera mais rápido da crise do que EUA e Europa

O Brasil foi o país que menos sentiu os efeitos da crise em relação aos Estados Unidos e à Europa e também é o que está em processo de recuperação mais acelerado. É o que se constata ao comparar os índices de confiança da indústria do Brasil com os dos Estados Unidos e da Europa.
O termômetro usado para a comparação no Brasil foi do índice de confiança da indústria calculado pela Fundação Getulio Vargas. Em abril, o indicador registrou uma alta de 8,7% em relação a março, a quarta consecutiva, o que mostra uma consolidação da recuperação.
Já o indicador dos EUA foi o índice de gerente de compras. O da Europa foi o consolidado calculado pela União Europeia. O índice americano registrou uma alta de 1,4% em março, e o da Europa, de 5,3% em abril. A conclusão é que a economia mundial está sofrendo mais que a do Brasil.
O trabalho foi feito pelo coordenador de pesquisas da FGV, Aloisio Campelo Junior. Segundo ele, o método de cálculo da FGV segue a mesma metodologia usada tanto pelos Estados Unidos como pela União Europeia, o que torna os indicadores compatíveis.
Campelo tomou como base o comportamento do índice de confiança da indústria dos três países de 2003 até agora. O índice de confiança do Brasil, depois de uma queda no início, manteve-se elevado. Em setembro do ano passado, quando a crise se agravou, depois da quebra do Lehman Brothers, o índice no Brasil estava em um patamar bastante alto. Depois, desabou, embora menos do que nos EUA e na Europa.
Campelo atribui principalmente ao mercado interno o fato de a indústria no Brasil estar sofrendo menos com a crise, além, é claro, das medidas do governo para enfrentar a turbulência.
"O Brasil tinha mais margem de manobra tanto na política monetária como na política fiscal", diz Campelo.
Apesar de todo esse esforço, o Brasil ainda está longe de ter retomado o período pré-crise. A freada foi muito grande no final do ano passado.
Daqui para a frente, Campelo diz que o governo precisa dosar as medidas para enfrentar a crise. O receio é que essa política acabe comprometendo o esforço fiscal realizado nos últimos anos.
Para o economista, o governo não deve se assustar, por exemplo, com a perspectiva de um PIB negativo neste ano. A base de comparação é muito alta, o que compromete o indicador, independentemente da recuperação iniciada no primeiro trimestre e que parece ser mais forte agora.
Em compensação, em 2010, o PIB tem tudo para ter um desempenho melhor se não houver uma nova complicação na economia.

AMBULÂNCIA
O banco ABC Brasil quer incrementar seus negócios na linha de crédito que antecipa a hospitais e clínicas receitas a receber do SUS (Sistema Único de Saúde), em vigor no banco desde a metade de 2008. Segundo Anis Chacur Neto, diretor-vice-presidente do ABC, a operação pode contribuir para melhorar a qualidade da carteira de crédito do banco, que piorou com a crise e ainda não se restabeleceu. "Até o momento, tivemos perda zero com essa linha." Hoje, a carteira do banco nessa linha é de R$ 20 milhões, mas a meta é atingir R$ 150 milhões nos próximos 12 meses. Outro executivo, Laerte Marques da Silva Junior, diz que o banco busca uma agilidade maior na concessão do crédito para os hospitais como um diferencial para competir com os concorrentes, como a Caixa, líder no segmento.

NA MESA
Guido Mantega (Fazenda) marcou para a próxima quarta-feira reunião do grupo de acompanhamento da crise. Os empresários levantarão dois temas. Primeiro a necessidade de baixar os juros da TJLP, que regula os empréstimos do BNDES e está hoje em 6,25% ao ano. Com a queda da Selic, o dinheiro do BNDES está deixando de ser tão atrativo.

NA MESA 2
Outro tema na pauta da reunião marcada por Mantega para quarta deve ser a alta nos preços do óleo combustível. A indústria considera inoportuno o aumento anunciado pela Petrobras.

MOBÍLIA
A Dell Anno abriu nova loja no Paraguai.

JARDIM
Para o Dia das Mães, a Ceagesp prevê vendas de cerca de 2.000 toneladas de flores de corte e vaso, com movimento de quase R$ 2,5 milhões. Na semana que antecede a data, o movimento na feira de flores da Ceagesp é três vezes maior que o normal e chega atingir 25 mil pessoas. A rosa é a flor preferida para a data e movimenta 20% do total comercializado.

MADURO
Susanne Cook-Greuter, fundadora do Ken Wilber's Integral Institute, chega hoje ao Brasil para participar de encontros com clientes e equipe da consultoria DBM, especializada em gestão de capital humano. Ela ficará três dias no Rio e uma semana em São Paulo para dar palestras sobre o desenvolvimento da maturidade em lideranças.

Indústria de MG perde 16% da receita no 1º tri

O faturamento real da indústria mineira caiu 16% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2008, segundo a Fiemg. A receita de março apresenta uma recuperação ante fevereiro, mas a deterioração continua no emprego e na massa salarial do setor.
Para o presidente da Fiemg, Robson Braga de Andrade, há uma perspectiva de melhora nos indicadores dos próximos meses, mas não de "uma recuperação plena neste ano".
Segundo ele, a queda foi puxada pelos segmentos de mineração e siderurgia, que têm forte peso no Estado.

TRABALHO
A procura por profissionais das áreas financeira, contábil e fiscal registrou aumento de 30% desde setembro do ano passado, segundo levantamento da Projeto RH, de gestão de pessoas. Outra área que teve expansão no emprego foi a de TI -de 15%.

GOLE
A Flavors, importadora da francesa Monin, fechou com a Coca-Cola Femsa Brasil para que os estabelecimentos que têm máquinas de refrigerantes possam oferecer duas versões de drinks à base de refrigerantes com xaropes Monin preparados por atendentes das lojas.

com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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