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Odebrecht explorará petróleo na Venezuela
Empresa brasileira assina acordo com estatal PDVSA para prospectar quatro campos petrolíferos no noroeste do país
Futura empresa precisa ser aprovada pela Assembleia Nacional da Venezuela; grupo brasileiro terá 40%
de participação no negócio
FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS
Responsável pelas maiores
obras de infraestrutura do governo Hugo Chávez, a Odebrecht se prepara para fixar
presença no coração da economia venezuelana: o petróleo. A
brasileira e a estatal PDVSA assinaram acordo para formar
empresa mista que explorará
quatro campos maduros no Estado de Zulia (noroeste).
O acerto foi fechado nesta semana, durante a visita de Chávez a Brasília. Na futura empresa, cuja criação tem de ser aprovada pela Assembleia Nacional
venezuelana, uma filial da
PDVSA terá 60% e o restante
será da parte brasileira.
Segundo o Ministério de
Energia da Venezuela, serão investidos US$ 149 milhões nos
próximos 25 anos para extrair
16 mil barris de petróleo por
dia. Para ter acesso às reservas
venezuelanas, o grupo brasileiro pagará um bônus de US$ 50
milhões à PDVSA.
O tamanho do negócio é modesto -se comparado aos recentes contratos bilionários
acertados entre o governo Chávez e petroleiras estatais e multinacionais para a exploração
do petróleo do bacia do rio Orinoco-, mas é considerado estratégico pelo grupo brasileiro.
"É uma oportunidade de negócio para conhecer a geologia
local", diz o diretor da Odebrecht Óleo e Gás para a Venezuela, Jean-Marc Salah, que espera que o acordo final seja fechado em até cinco meses.
"Nossa expectativa é contribuir
para o aumento de produção
desses campos, que caiu."
Salah afirma que a Odebrecht mantém confortável relação de confiança com Caracas
-em contraste aos reparos feitos por analistas quanto à insegurança jurídica no país. O grupo já atua no setor petroleiro
no Brasil, em Angola, nos Emirados Árabes e no Reino Unido.
Desistência
A Odebrecht mantém excelente relação com o governo
Chávez. Atua nas maiores
obras estatais em curso, entre
elas a construção do metrô de
Caracas e de duas pontes sobre
o rio Orinoco. Na visita do presidente venezuelano a Brasília,
a empresa assinou ainda acordo para para estudar projetos
de habitação.
A iniciativa do grupo brasileiro contrasta ainda com decisão
recente da Petrobras, que, conforme a Folha publicou em fevereiro, desistiu de participar
da seleção para projeto de exploração da bacia do Orinoco.
A petroquímica Braskem,
controlada pelo grupo Odebrecht e pela Petrobras, também anunciou a redução de
seus planos para a construção
de duas grandes usinas de resina na Venezuela, citando dificuldades de conseguir, no mercado externo, financiamento
de estimados US$ 4 bilhões.
Outro ponto ainda travado
na relação Petrobras/PDVSA é
a negociação para a instalação
da refinaria Abreu e Lima em
Recife (60% da Petrobras e
40% da PDVSA).
Segundo Paulo Roberto Costa, diretor de abastecimento da
empresa brasileira, citado pelo
"Oil & Gas Journal" em 16 de
abril, a PDVSA ainda não pagou
o montante de US$ 500 milhões referentes aos investimentos para obra já feitos pela
parte brasileira. Questionada
ontem, a assessoria da empresa
informou que não comentaria
o tema.
A Petrobras mantém participação minoritária em quatro
empresas na Venezuela, além
de atuar em projetos de exploração "offshore". Mas, desde a
nacionalização do setor, em
2007-a renegociação compulsória da participação das multinacionais no negócio-, seus
projetos, principalmente na
área de gás, foram cancelados
ou paralisados.
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