São Paulo, sábado, 01 de maio de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Odebrecht explorará petróleo na Venezuela

Empresa brasileira assina acordo com estatal PDVSA para prospectar quatro campos petrolíferos no noroeste do país

Futura empresa precisa ser aprovada pela Assembleia Nacional da Venezuela; grupo brasileiro terá 40% de participação no negócio


FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

Responsável pelas maiores obras de infraestrutura do governo Hugo Chávez, a Odebrecht se prepara para fixar presença no coração da economia venezuelana: o petróleo. A brasileira e a estatal PDVSA assinaram acordo para formar empresa mista que explorará quatro campos maduros no Estado de Zulia (noroeste).
O acerto foi fechado nesta semana, durante a visita de Chávez a Brasília. Na futura empresa, cuja criação tem de ser aprovada pela Assembleia Nacional venezuelana, uma filial da PDVSA terá 60% e o restante será da parte brasileira.
Segundo o Ministério de Energia da Venezuela, serão investidos US$ 149 milhões nos próximos 25 anos para extrair 16 mil barris de petróleo por dia. Para ter acesso às reservas venezuelanas, o grupo brasileiro pagará um bônus de US$ 50 milhões à PDVSA.
O tamanho do negócio é modesto -se comparado aos recentes contratos bilionários acertados entre o governo Chávez e petroleiras estatais e multinacionais para a exploração do petróleo do bacia do rio Orinoco-, mas é considerado estratégico pelo grupo brasileiro.
"É uma oportunidade de negócio para conhecer a geologia local", diz o diretor da Odebrecht Óleo e Gás para a Venezuela, Jean-Marc Salah, que espera que o acordo final seja fechado em até cinco meses. "Nossa expectativa é contribuir para o aumento de produção desses campos, que caiu."
Salah afirma que a Odebrecht mantém confortável relação de confiança com Caracas -em contraste aos reparos feitos por analistas quanto à insegurança jurídica no país. O grupo já atua no setor petroleiro no Brasil, em Angola, nos Emirados Árabes e no Reino Unido.

Desistência
A Odebrecht mantém excelente relação com o governo Chávez. Atua nas maiores obras estatais em curso, entre elas a construção do metrô de Caracas e de duas pontes sobre o rio Orinoco. Na visita do presidente venezuelano a Brasília, a empresa assinou ainda acordo para para estudar projetos de habitação.
A iniciativa do grupo brasileiro contrasta ainda com decisão recente da Petrobras, que, conforme a Folha publicou em fevereiro, desistiu de participar da seleção para projeto de exploração da bacia do Orinoco.
A petroquímica Braskem, controlada pelo grupo Odebrecht e pela Petrobras, também anunciou a redução de seus planos para a construção de duas grandes usinas de resina na Venezuela, citando dificuldades de conseguir, no mercado externo, financiamento de estimados US$ 4 bilhões.
Outro ponto ainda travado na relação Petrobras/PDVSA é a negociação para a instalação da refinaria Abreu e Lima em Recife (60% da Petrobras e 40% da PDVSA).
Segundo Paulo Roberto Costa, diretor de abastecimento da empresa brasileira, citado pelo "Oil & Gas Journal" em 16 de abril, a PDVSA ainda não pagou o montante de US$ 500 milhões referentes aos investimentos para obra já feitos pela parte brasileira. Questionada ontem, a assessoria da empresa informou que não comentaria o tema.
A Petrobras mantém participação minoritária em quatro empresas na Venezuela, além de atuar em projetos de exploração "offshore". Mas, desde a nacionalização do setor, em 2007-a renegociação compulsória da participação das multinacionais no negócio-, seus projetos, principalmente na área de gás, foram cancelados ou paralisados.


Texto Anterior: Atividade: FGV prevê freio na indústria no 2º tri
Próximo Texto: País de Chávez atrai US$ 80 bi de petrolíferas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.