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BNDES recebe reforço e poderá emprestar mais R$ 36 bilhões
Engenharia financeira permite troca de ações entre Tesouro e estatais e coloca R$ 4 bi no caixa do banco
GABRIEL BALDOCCHI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo autorizou reforço
no caixa do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) que permitirá elevar em R$ 36 bilhões
a capacidade de financiamento
da instituição.
Dois decretos publicados ontem no "Diário Oficial da
União" anteciparam operações
de troca de ações entre o Tesouro Nacional e estatais que
resultaram em R$ 4 bilhões extras para o caixa do banco.
A cifra será usada para financiar projetos. As linhas de financiamento do BNDES costumam ter prazos mais longos e
taxas mais baixas que as praticadas em bancos privados. Os
empréstimos são usados em investimentos para estimular o
crescimento da economia e a
criação de empregos.
O BNDES já anunciou a participação em grandes projetos
de investimento no Brasil. A
instituição financiará 80% da
construção da hidrelétrica de
Belo Monte, orçada em R$ 19
bilhões. O banco também criou
linhas de crédito especiais para
as obras da Copa de 2014 e vai
financiar obras do PAC.
Segundo o coordenador de
participações societárias do
Tesouro, Charles Carvalho
Guedes, o número de operações previstas pelo banco demandou um reforço no caixa.
"Isso [a capitalização] foi feito
para fortalecer o patrimônio de
referência do BNDES, para aumentar a capacidade operacional do banco."
Guedes nega que o banco tenha problemas no recurso usado para garantir os empréstimos. Segundo ele, o Índice de
Basileia do BNDES -indicador
de segurança para a capacidade
de financiamento- é de 17,5%.
As normas internacionais exigem um mínimo de 11%.
O governo usou engenharia
financeira para poder chegar ao
montante adicional. O Tesouro
transferiu ao BNDES R$ 2,7 bilhões que tinha em créditos
com a Eletrobras.
Esses recursos fazem parte
de um total de R$ 4,7 bilhões
repassados da União para a Eletrobras no final de 2009 como
adiantamento de um futuro aumento de capital da empresa.
Poderá garantir financiamentos de R$ 27,3 bilhões.
Com a operação, o Tesouro
vai trocar ações da Eletrobras
por papéis do Banco do Brasil
de posse do BNDES. A operação representará ao banco um
acréscimo de R$ 1,3 bilhão ao
capital de referência e uma elevação de R$ 11,7 bilhões na capacidade de empréstimo.
A engenharia financeira só
foi possível depois da publicação da medida provisória 487
na segunda. Além da transferência dos créditos de um
adiantamento de abertura de
capital para estatais (manobra
usada nesse caso), o texto autoriza o governo a trocar ações da
União com estatais.
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