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Bancos pressionam e dólar sobe 3,24%
DA REPORTAGEM LOCAL
O dólar teve ontem sua maior
alta em um ano (3,24%) e fechou
o dia valendo R$ 3,19.
A expressiva alta da moeda norte-americana foi, em boa parte,
fruto de um dia atípico no mercado financeiro. Ontem foi feriado
nos EUA. Quando isso acontece,
normalmente cai a participação
de investidores no mercado, o
que facilita os movimento especulativos internos.
Nesse cenário, tesourarias de
bancos aproveitaram para pressionar a cotação da moeda. Todos
os dias, o Banco Central apura
uma média das cotações do dólar
-a chamada Ptax. Por força de
contrato, a taxa média de ontem
servirá como referência para a liqüidação dos contratos futuros de
câmbio, segundo operadores.
Às vésperas de vencimentos de
contratos de câmbio na BM&F
(Bolsa de Mercadorias & Futuros), a queda-de-braço entre
"comprados" -que apostam na
valorização do dólar- e "vendidos" -que são beneficiados com
a queda- mexe com a cotação da
moeda. Ontem esse movimento
foi intensificado.
As tesourarias de bancos entraram no mercado comprando dólares. A busca puxou a cotação para cima (lei da oferta e da procura). A média do dia ficou alta -e
vai balizar os contratos futuros.
Alexandre Vasarhely, chefe da
mesa de câmbio do banco ING,
afirma que a alta de ontem "foi
mais uma briga técnica entre
comprados e vendidos para formação da Ptax".
Devido à tensão na Arábia Saudita, instituições financeiras também compraram dólar ontem
prevendo que a abertura dos negócios no mercado norte-americano hoje poderá ser bastante tensa. A preocupação gira em torno
do preço do petróleo, além da
possibilidade de novos ataques
terrorista pelo mundo.
Na quinta-feira, a Organização
dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) deve decidir se aumenta a produção do petróleo.
"Em momento de expectativa
de maior tensão, é normal haver
uma pressão maior sobre o dólar", diz Mario Battistel, diretor de
câmbio da corretora Novação.
Mês difícil
Com isso, quem mais lucrou no
mês foi quem apostou no dólar,
que disparou 8,8% em maio. Foi a
maior alta mensal desde setembro de 2002, vésperas da eleição
presidencial.
Já a Bolsa de Valores de São
Paulo encerrou o período com
baixa de 0,32%. Depois da expressiva valorização de 97% no ano
passado, a Bolsa paulista acumula
perdas de 12,11% em 2004.
Em um mês de forte turbulência, a rentabilidade de diferentes
aplicações acabou ficando abaixo
da inflação registrada pelo IGP-M
(Índice Geral de Preços-Mercado)
em maio, que foi de 1,31%.
Os fundos DI (que acompanham a oscilação dos juros e representam quase 20% da indústria de fundos) tiveram rentabilidade média de 1,2% no mês.
Já o CDB (Certificado de Depósito Bancário) destinado ao grande investidor pagou, na média,
1,28%. O CDB tem ganhado interesse dos investidores com a turbulência do mercado financeiro.
Além do dólar, o ouro foi destaque no mês. O metal negociado
na BM&F subiu 8,93% em maio.
Mas é importante lembrar que
não se trata mais de uma aplicação típica, como foi no passado.
Em 2002, o preço do ouro na
BM&F registrou a expressiva elevação de 80,9%.
No mês, a caderneta de poupança, destinada aos investidores
mais conservadores, registrou
rentabilidade de apenas 0,66%.
Mesmo assim, investidores têm
aplicado recursos nessa modalidade de investimento.
(FV)
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