São Paulo, terça-feira, 01 de junho de 2004

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Bancos pressionam e dólar sobe 3,24%

DA REPORTAGEM LOCAL

O dólar teve ontem sua maior alta em um ano (3,24%) e fechou o dia valendo R$ 3,19.
A expressiva alta da moeda norte-americana foi, em boa parte, fruto de um dia atípico no mercado financeiro. Ontem foi feriado nos EUA. Quando isso acontece, normalmente cai a participação de investidores no mercado, o que facilita os movimento especulativos internos.
Nesse cenário, tesourarias de bancos aproveitaram para pressionar a cotação da moeda. Todos os dias, o Banco Central apura uma média das cotações do dólar -a chamada Ptax. Por força de contrato, a taxa média de ontem servirá como referência para a liqüidação dos contratos futuros de câmbio, segundo operadores.
Às vésperas de vencimentos de contratos de câmbio na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), a queda-de-braço entre "comprados" -que apostam na valorização do dólar- e "vendidos" -que são beneficiados com a queda- mexe com a cotação da moeda. Ontem esse movimento foi intensificado.
As tesourarias de bancos entraram no mercado comprando dólares. A busca puxou a cotação para cima (lei da oferta e da procura). A média do dia ficou alta -e vai balizar os contratos futuros.
Alexandre Vasarhely, chefe da mesa de câmbio do banco ING, afirma que a alta de ontem "foi mais uma briga técnica entre comprados e vendidos para formação da Ptax".
Devido à tensão na Arábia Saudita, instituições financeiras também compraram dólar ontem prevendo que a abertura dos negócios no mercado norte-americano hoje poderá ser bastante tensa. A preocupação gira em torno do preço do petróleo, além da possibilidade de novos ataques terrorista pelo mundo.
Na quinta-feira, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) deve decidir se aumenta a produção do petróleo.
"Em momento de expectativa de maior tensão, é normal haver uma pressão maior sobre o dólar", diz Mario Battistel, diretor de câmbio da corretora Novação.

Mês difícil
Com isso, quem mais lucrou no mês foi quem apostou no dólar, que disparou 8,8% em maio. Foi a maior alta mensal desde setembro de 2002, vésperas da eleição presidencial.
Já a Bolsa de Valores de São Paulo encerrou o período com baixa de 0,32%. Depois da expressiva valorização de 97% no ano passado, a Bolsa paulista acumula perdas de 12,11% em 2004.
Em um mês de forte turbulência, a rentabilidade de diferentes aplicações acabou ficando abaixo da inflação registrada pelo IGP-M (Índice Geral de Preços-Mercado) em maio, que foi de 1,31%.
Os fundos DI (que acompanham a oscilação dos juros e representam quase 20% da indústria de fundos) tiveram rentabilidade média de 1,2% no mês.
Já o CDB (Certificado de Depósito Bancário) destinado ao grande investidor pagou, na média, 1,28%. O CDB tem ganhado interesse dos investidores com a turbulência do mercado financeiro.
Além do dólar, o ouro foi destaque no mês. O metal negociado na BM&F subiu 8,93% em maio. Mas é importante lembrar que não se trata mais de uma aplicação típica, como foi no passado. Em 2002, o preço do ouro na BM&F registrou a expressiva elevação de 80,9%.
No mês, a caderneta de poupança, destinada aos investidores mais conservadores, registrou rentabilidade de apenas 0,66%. Mesmo assim, investidores têm aplicado recursos nessa modalidade de investimento. (FV)


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