São Paulo, terça-feira, 01 de junho de 2004

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Chineses querem "importação direta"

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PPS), afirma que os chineses querem comprar soja diretamente de agricultores brasileiros ou de empresas da China, que se instalarem no Brasil, dispensando a intermediação de "tradings" (empresas exportadoras) norte-americanas.
Para alcançar o objetivo, segundo Maggi, empresários chineses e o governo da China estão dispostos a investir até US$ 3 bilhões em ferrovias e portos no Brasil.
Maggi esteve na China com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada.
A Agência Folha obteve no sábado uma cópia da fita, gravada pela assessoria do governo, na qual Maggi fala sobre os negócios na China. A Secretaria de Comunicação do governo informou que a entrevista foi feita, por telefone, em Xangai na quinta-feira da semana passada.
Desde domingo, Maggi está no Japão. Por causa do fuso horário, a reportagem não conseguiu falar com ele ontem.
Na entrevista, ele disse que nos portos brasileiros "não tem espaço para uma empresa chinesa originar soja em Mato Grosso e fazer chegar à China sem passar por "tradings", principalmente norte-americanas, que dominam o setor". Daí a "necessidade", segundo o governador, de os chineses investirem em infra-estrutura. Maggi diz que o Brasil pagaria o investimento com produtos agrícolas no período de 20 anos.
A China é o maior importador de soja do mundo. Adquiriu US$ 4,2 bilhões do produto em 2003. Maggi é conhecido como o "rei da soja" por ser um dos maiores produtores do Brasil.
Mato Grosso deve colher nesta safra 14,5 milhões de toneladas do grão, ou seja, 28,8% da produção nacional, segundo estimativa da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
No dia 25 passado, a Folha informou que, ao menos uma grande estatal chinesa, a CGOG (China Grains & Oils Group), está em busca de um parceiro brasileiro disposto a desenvolver um projeto para produzir soja e exportá-la para a China.
Produzir soja no Brasil, na avaliação da CGOG, reduz o preço de importação do produto.


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