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Mantega comemora e "inocenta" taxa de juros
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Enquanto o ministro Guido
Mantega (Fazenda) qualificou
de "muito bom" o resultado do
PIB no terceiro trimestre, o ministro Roberto Rodrigues
(Agricultura) afirmou que esse
desempenho poderia ser melhor, não fosse a crise no setor.
Crítico notório da política
conservadora do Banco Central, Mantega resumiu o que
certamente será discurso na
campanha reeleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva:
"O juro nesse patamar não está
impedindo o crescimento, como pudemos ver hoje [ontem]", disse, na Câmara dos
Deputados, a parlamentares da
bancada ruralista que se queixavam do aperto monetário.
Para o ministro, "foi muito
bom o resultado do PIB", "acima do que os analistas esperavam". Não é fato: conforme a
Folha noticiou, as expectativas
dos especialistas para a taxa de
crescimento dos primeiros três
meses do ano variavam de 1,4%
a 2%. Deu o menor percentual.
O dado também não alterou a
previsão oficial para o crescimento econômico neste ano,
que Mantega manteve em
4,5%. No mercado, as apostas
mais comuns vão de 3,5% a 4%.
Na mesma sessão da Câmara,
Rodrigues, responsável pelas
medidas que o governo adotou
para tentar retirar o setor agrícola da crise, destoou de seu colega. Indagado se a economia
poderia ter crescido mais no
trimestre se a agropecuária vivesse dias melhores, ele não
usou rodeios. "Sem dúvida nenhuma. E o PIB do ano também
seria melhor."
Pressionado pelos parlamentares, o próprio Mantega abordou o tema, mas mais otimista.
Argumentou que, anualizada, a
taxa do primeiro trimestre chegaria aos 6%; se a agricultura
estivesse crescendo normalmente, argumentou, o percentual se aproximaria de 8%. E
previu a recuperação do setor.
Mantega chamou a atenção
para o aumento dos investimentos, que puxou a expansão
do período. "O crescimento se
dá de forma equilibrada", disse.
Em tese, o crescimento econômico baseado nos investimentos é mais sustentável, porque a
capacidade produtiva tem melhores condições de acompanhar a alta do consumo.
O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, afirmou ontem que o resultado do
PIB no primeiro trimestre
"mostra que 4,5% [de crescimento do país] já está garantido neste ano", mas "não é impossível nós crescermos um
pouco mais que isso".
Tarso disse que o governo está "satisfeito com o resultado",
que demonstra que o projeto
do presidente Lula "está estrategicamente correto".
No entanto o petista atribuiu
o crescimento de hoje a um
processo que vem desde a ditadura de Vargas (1930-45).
"O país estava desesperado
para crescer. O país estava
pronto para crescer. E isso não
é um trabalho específico de um
governo, é um processo de acumulação que, na minha opinião, vem desde a época da Revolução de 30, de formação do
Estado brasileiro e de idas e
vindas recessivas e avanços que
tivemos neste período de modernização do Estado brasileiro, da produção e das relações
políticas do Brasil", afirmou
Tarso Genro.
(GUSTAVO PATU E IURI DANTAS)
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