São Paulo, quinta-feira, 01 de junho de 2006

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Mantega comemora e "inocenta" taxa de juros

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Enquanto o ministro Guido Mantega (Fazenda) qualificou de "muito bom" o resultado do PIB no terceiro trimestre, o ministro Roberto Rodrigues (Agricultura) afirmou que esse desempenho poderia ser melhor, não fosse a crise no setor.
Crítico notório da política conservadora do Banco Central, Mantega resumiu o que certamente será discurso na campanha reeleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: "O juro nesse patamar não está impedindo o crescimento, como pudemos ver hoje [ontem]", disse, na Câmara dos Deputados, a parlamentares da bancada ruralista que se queixavam do aperto monetário.
Para o ministro, "foi muito bom o resultado do PIB", "acima do que os analistas esperavam". Não é fato: conforme a Folha noticiou, as expectativas dos especialistas para a taxa de crescimento dos primeiros três meses do ano variavam de 1,4% a 2%. Deu o menor percentual.
O dado também não alterou a previsão oficial para o crescimento econômico neste ano, que Mantega manteve em 4,5%. No mercado, as apostas mais comuns vão de 3,5% a 4%.
Na mesma sessão da Câmara, Rodrigues, responsável pelas medidas que o governo adotou para tentar retirar o setor agrícola da crise, destoou de seu colega. Indagado se a economia poderia ter crescido mais no trimestre se a agropecuária vivesse dias melhores, ele não usou rodeios. "Sem dúvida nenhuma. E o PIB do ano também seria melhor."
Pressionado pelos parlamentares, o próprio Mantega abordou o tema, mas mais otimista. Argumentou que, anualizada, a taxa do primeiro trimestre chegaria aos 6%; se a agricultura estivesse crescendo normalmente, argumentou, o percentual se aproximaria de 8%. E previu a recuperação do setor.
Mantega chamou a atenção para o aumento dos investimentos, que puxou a expansão do período. "O crescimento se dá de forma equilibrada", disse. Em tese, o crescimento econômico baseado nos investimentos é mais sustentável, porque a capacidade produtiva tem melhores condições de acompanhar a alta do consumo.
O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, afirmou ontem que o resultado do PIB no primeiro trimestre "mostra que 4,5% [de crescimento do país] já está garantido neste ano", mas "não é impossível nós crescermos um pouco mais que isso".
Tarso disse que o governo está "satisfeito com o resultado", que demonstra que o projeto do presidente Lula "está estrategicamente correto".
No entanto o petista atribuiu o crescimento de hoje a um processo que vem desde a ditadura de Vargas (1930-45).
"O país estava desesperado para crescer. O país estava pronto para crescer. E isso não é um trabalho específico de um governo, é um processo de acumulação que, na minha opinião, vem desde a época da Revolução de 30, de formação do Estado brasileiro e de idas e vindas recessivas e avanços que tivemos neste período de modernização do Estado brasileiro, da produção e das relações políticas do Brasil", afirmou Tarso Genro. (GUSTAVO PATU E IURI DANTAS)


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