São Paulo, sexta-feira, 01 de junho de 2007

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Para agência de risco, corrupção deve adiar grau de investimento

Standard & Poor's avalia que casos como o da Operação Navalha, assim como a burocracia e a ineficiência, elevam o "custo Brasil"

Apesar disso, especialista ressalva que escândalos políticos recentes também demonstram um maior grau de transparência brasileiro


CLARICE SPITZ
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

A presidente da agência de classificação de risco Standard & Poor's no Brasil, Regina Nunes, considera que os casos de corrupção podem atrasar a elevação da nota do país para grau de investimento.
O grau de investimento é uma espécie de selo de qualidade de bom pagador que abriria o país para a entrada de dinheiro farto e barato do exterior para financiar seu crescimento.
Nunes, porém, avalia que o fato de os escândalos de corrupção, como os da Operação Navalha e do mensalão, virem à tona representa também um maior grau de transparência no governo, o que pode inibir eventuais crimes. "Se o Brasil conseguisse resolver esse tipo de problema [corrupção], provavelmente aceleraria a sua chegada ao grau de investimento e deixaria de desperdiçar a arrecadação que é feita."
Para Nunes, a "corrupção, assim como a burocracia e a ineficiência, é um fator que eleva o custo "Brasil'". Mas, segundo ela, há avanços: "O que está acontecendo no Brasil é que hoje você não pode mais fazer [falcatruas] impunemente".
Segundo estimativa divulgada anteontem pela SDE (Secretaria de Direito Econômico), ligada ao Ministério da Justiça, a atuação de cartéis em licitações públicas causa um prejuízo anual de R$ 25 bilhões a R$ 40 bilhões por ano aos cofres públicos (veja texto abaixo).
A diretora do grupo de Ratings Soberanos da S&P, Lisa Schineller, disse que a nota é uma combinação de indicadores, mas que a corrupção provavelmente tem algum impacto.
"Sem essa perda [de recursos desviados], é muito difícil dizer qual seria o nível de crescimento. Mas, em geral, com mais investimentos, mais crescimento e com o compromisso de reduzir a dívida, provavelmente haverá uma melhora nos ratings [classificações]."
Tanto a Standard & Poor's como a agência Fitch elevaram o "rating" soberano do Brasil em maio, deixando o país a um degrau do grau de investimento. Já a agência de classificação de risco Moody's colocou em revisão a nota do Brasil, com o objetivo de avaliar a extensão das conseqüências da melhora do "aspecto macroeconômico, externo e fiscal".


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