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Para agência de risco, corrupção deve adiar grau de investimento
Standard & Poor's avalia que casos como o da Operação Navalha, assim como a burocracia e a ineficiência, elevam o "custo Brasil"
Apesar disso, especialista ressalva que escândalos políticos recentes também demonstram um maior grau de transparência brasileiro
CLARICE SPITZ
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
A presidente da agência de
classificação de risco Standard
& Poor's no Brasil, Regina Nunes, considera que os casos de
corrupção podem atrasar a elevação da nota do país para grau
de investimento.
O grau de investimento é
uma espécie de selo de qualidade de bom pagador que abriria
o país para a entrada de dinheiro farto e barato do exterior para financiar seu crescimento.
Nunes, porém, avalia que o
fato de os escândalos de corrupção, como os da Operação
Navalha e do mensalão, virem à
tona representa também um
maior grau de transparência no
governo, o que pode inibir
eventuais crimes. "Se o Brasil
conseguisse resolver esse tipo
de problema [corrupção], provavelmente aceleraria a sua
chegada ao grau de investimento e deixaria de desperdiçar a
arrecadação que é feita."
Para Nunes, a "corrupção, assim como a burocracia e a ineficiência, é um fator que eleva o
custo "Brasil'". Mas, segundo
ela, há avanços: "O que está
acontecendo no Brasil é que
hoje você não pode mais fazer
[falcatruas] impunemente".
Segundo estimativa divulgada anteontem pela SDE (Secretaria de Direito Econômico), ligada ao Ministério da Justiça, a
atuação de cartéis em licitações
públicas causa um prejuízo
anual de R$ 25 bilhões a R$ 40
bilhões por ano aos cofres públicos (veja texto abaixo).
A diretora do grupo de Ratings Soberanos da S&P, Lisa
Schineller, disse que a nota é
uma combinação de indicadores, mas que a corrupção provavelmente tem algum impacto.
"Sem essa perda [de recursos
desviados], é muito difícil dizer
qual seria o nível de crescimento. Mas, em geral, com mais investimentos, mais crescimento
e com o compromisso de reduzir a dívida, provavelmente haverá uma melhora nos ratings
[classificações]."
Tanto a Standard & Poor's
como a agência Fitch elevaram
o "rating" soberano do Brasil
em maio, deixando o país a um
degrau do grau de investimento. Já a agência de classificação
de risco Moody's colocou em
revisão a nota do Brasil, com o
objetivo de avaliar a extensão
das conseqüências da melhora
do "aspecto macroeconômico,
externo e fiscal".
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