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Demanda por álcool leva o Brasil a safra recorde de cana
Segundo a Conab, aumento da produção do combustível chegará a 14,5% em 2007/08, para 20 bilhões de litros; o volume de açúcar deve crescer 3,6%
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A demanda por álcool levará
a uma produção recorde de
527,98 milhões de toneladas de
cana-de-açúcar na safra 2007/
2008, de acordo com projeções
da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Com essa matéria-prima, as
usinas deverão colocar no mercado 20,0 bilhões de litros de
álcool e 31,3 milhões de toneladas de açúcar. O crescimento
em relação à safra anterior é de
14,5% para a produção de álcool
e de 3,6% para a de açúcar.
O aumento da oferta do combustível está levando a uma redução de preços. Para conter a
queda, o governo deverá elevar
de 23% para 25% a quantidade
de álcool na gasolina. A medida
deverá ser anunciada neste
mês e entrar em vigor em julho.
O objetivo é aumentar a demanda por álcool e, com isso,
forçar os preços para cima ou
tentar estabilizá-los.
"É importante que se aumente a mistura. Devemos encaminhar logo a proposta. É algo que
está se articulando e, no decorrer deste mês, deverá ter uma
solução", disse o ministro Reinhold Stephanes (Agricultura).
Segundo ele, o governo também está estudando uma forma
de evitar as oscilações do preço
do álcool. A solução poderá ser
a criação de um mercado futuro
ou a implantação de estoques
reguladores. Nessa última hipótese, poderia haver participação da Petrobras.
De acordo com a pesquisa de
preços feita pelo Cepea, o litro
do álcool anidro (misturado à
gasolina) está caindo desde o
início de maio. Pela última cotação, está em R$ 0,76 por litro
(sem impostos) na usina, menor valor desde setembro de
2005. Em relação ao álcool hidratado (que pode ser usado diretamente em automóveis), a
cotação está em R$ 0,60 (sem
impostos) na usina, menor valor desde junho de 2005.
Em tese, com o aumento da
quantidade de álcool misturada, o preço da gasolina pode ter
um recuo. Isso porque o álcool
é mais barato que a própria gasolina. Na prática, no entanto,
os preços aos consumidores
são liberados e as oscilações dependem de outros fatores, como o nível de competição entre
distribuidoras e entre postos.
A perspectiva de recorde da
produção de álcool no país foi
comemorada pelo governo brasileiro. "Devemos ter encostado nos EUA. Estamos disputando o primeiro lugar", afirmou Stephanes. "Há demanda,
o clima foi bom e há investimento em tecnologia."
De acordo com o ministro, a
expectativa é que o mercado de
álcool cresça 10% ao ano nos
próximos anos.
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