São Paulo, segunda-feira, 01 de junho de 2009

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FolhaInvest

Banco corta taxa e acirra disputa no Tesouro Direto

Para especialista, taxa de administração alta pode inviabilizar ganho na aplicação

Discussão sobre rendimento da poupança aumentou interesse pelo Tesouro Direto, que concorre com fundos de renda fixa

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

O debate sobre a remuneração da poupança despertou o interesse de muitos investidores para o Tesouro Direto. Para não perder clientes, bancos de varejo têm se mostrado cada vez mais abertos à negociação de títulos públicos, produto concorrente dos fundos de investimento, com custos compatíveis com o das corretoras independentes.
É o caso da corretora do Bradesco, segundo maior banco privado brasileiro, que aceitou reduzir no mês passado as taxas de corretagem de 4% para 0,5% na negociação de títulos.
O banco se junta agora ao Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, HSBC, Safra e Votorantim, cujas corretoras têm taxas inferiores a 0,5% (veja ranking ao lado).
Segundo Wlademir Bidoy Mendonça, superintendente-executivo da Bradesco Corretora, o banco decidiu reduzir a taxa do Tesouro Direto para não perder clientes para outras corretoras. O banco ainda não fez nenhuma divulgação da novidade junto aos clientes.
"Quando começou o Tesouro Direto, a gente adotou uma taxa elevada. Talvez tivesse até um pouco de receio de que os clientes deixassem os fundos para virem operar no Tesouro Direto. No decorrer do tempo, a gente percebeu que o cliente do Tesouro Direto é uma pessoa diferente, que tem um conhecimento mais profundo de renda fixa. O cliente que não é muito inteirado prefere operar nos fundos porque alguém vai tomar a decisão de investimento para ele", disse Mendonça.
Para Fabio Colombo, administrador de investimentos pessoais, taxas altas de corretagem podem inviabilizar os ganhos com títulos do Tesouro Direto. "O investidor tem de tomar cuidado com essas taxas porque elas podem ficar muito mais caras do que as taxas de administração [dos fundos]. Precisa fazer conta", disse.
O estudante André Luiz Souto, 23, conta que migrou para o Tesouro Direto após perceber que os custos eram bastante inferiores aos cobrados pelos bancos nos fundos de investimento. Entusiasmado com a aplicação, o estudante afirma que procurou ler sobre o assunto e verificar os juros dos títulos antes de aderir à aplicação.
"Vi no Tesouro Direto uma opção para fazer uma poupança a longo prazo. Me interessei porque as taxas são muito menores do que as dos fundos de investimento. As pessoas ainda ficam com medo de investir por achar que é um processo burocrático. Mas sinto que pessoas que antes preferiam a poupança estão começando a olhar para esse produto", disse.
A consultora de finanças pessoais Marcia Dessen, da BankRisk, lembra que corretoras independentes cobram taxas ainda menores do que as ligadas a bancos de varejo para negociação desses papéis.
"Algumas corretoras nem cobram essa taxa. Oferecem de graça como forma de atrair clientes para negociar depois ações. Definitivamente, é uma alternativa para o pequeno e médio investidor. Em termos de custo, é bem melhor do que a maioria dos fundos", disse.
Entre as corretoras credenciadas, não cobram taxa de administração Socopa, Spinelli e Banif. A lista completa das taxas está disponível no site do Tesouro (www.tesouro.fazen da.gov.br).


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