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FolhaInvest
Banco corta taxa e acirra disputa no Tesouro Direto
Para especialista, taxa de administração alta pode inviabilizar ganho na aplicação
Discussão sobre rendimento da poupança aumentou interesse pelo Tesouro Direto, que concorre com fundos de renda fixa
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
O debate sobre a remuneração da poupança despertou o
interesse de muitos investidores para o Tesouro Direto. Para
não perder clientes, bancos de
varejo têm se mostrado cada
vez mais abertos à negociação
de títulos públicos, produto
concorrente dos fundos de investimento, com custos compatíveis com o das corretoras
independentes.
É o caso da corretora do Bradesco, segundo maior banco
privado brasileiro, que aceitou
reduzir no mês passado as taxas de corretagem de 4% para
0,5% na negociação de títulos.
O banco se junta agora ao
Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, HSBC, Safra e
Votorantim, cujas corretoras
têm taxas inferiores a 0,5% (veja ranking ao lado).
Segundo Wlademir Bidoy
Mendonça, superintendente-executivo da Bradesco Corretora, o banco decidiu reduzir a
taxa do Tesouro Direto para
não perder clientes para outras
corretoras. O banco ainda não
fez nenhuma divulgação da novidade junto aos clientes.
"Quando começou o Tesouro
Direto, a gente adotou uma taxa elevada. Talvez tivesse até
um pouco de receio de que os
clientes deixassem os fundos
para virem operar no Tesouro
Direto. No decorrer do tempo,
a gente percebeu que o cliente
do Tesouro Direto é uma pessoa diferente, que tem um conhecimento mais profundo de
renda fixa. O cliente que não é
muito inteirado prefere operar
nos fundos porque alguém vai
tomar a decisão de investimento para ele", disse Mendonça.
Para Fabio Colombo, administrador de investimentos
pessoais, taxas altas de corretagem podem inviabilizar os ganhos com títulos do Tesouro
Direto. "O investidor tem de tomar cuidado com essas taxas
porque elas podem ficar muito
mais caras do que as taxas de
administração [dos fundos].
Precisa fazer conta", disse.
O estudante André Luiz Souto, 23, conta que migrou para o
Tesouro Direto após perceber
que os custos eram bastante inferiores aos cobrados pelos
bancos nos fundos de investimento. Entusiasmado com a
aplicação, o estudante afirma
que procurou ler sobre o assunto e verificar os juros dos títulos
antes de aderir à aplicação.
"Vi no Tesouro Direto uma
opção para fazer uma poupança a longo prazo. Me interessei
porque as taxas são muito menores do que as dos fundos de
investimento. As pessoas ainda
ficam com medo de investir por
achar que é um processo burocrático. Mas sinto que pessoas
que antes preferiam a poupança estão começando a olhar para esse produto", disse.
A consultora de finanças pessoais Marcia Dessen, da BankRisk, lembra que corretoras
independentes cobram taxas
ainda menores do que as ligadas a bancos de varejo para negociação desses papéis.
"Algumas corretoras nem cobram essa taxa. Oferecem de
graça como forma de atrair
clientes para negociar depois
ações. Definitivamente, é uma
alternativa para o pequeno e
médio investidor. Em termos
de custo, é bem melhor do que a
maioria dos fundos", disse.
Entre as corretoras credenciadas, não cobram taxa de administração Socopa, Spinelli e
Banif. A lista completa das taxas está disponível no site do
Tesouro (www.tesouro.fazen
da.gov.br).
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