São Paulo, segunda, 1 de junho de 1998

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DIFERENÇAS
Presidente 44 vezes mais que operário
Desigualdades no Brasil são maiores

da Reportagem Local

Nos EUA não são raros os casos de diretores de empresas que ganham mais de US$ 10 milhões por ano. Mas aplicar tanto dinheiro no bolso de um só funcionário não está agradando a muitos acionistas.
Os executivos se defendem com o argumento de que geram lucros ainda maiores. Essa discussão está ganhando corpo nos EUA, mas ainda nem chegou ao Brasil.
Em alguns bancos de investimento brasileiros a preocupação é se as grandes remunerações não alimentam o desejo do executivo de largar o emprego, abrir seu próprio negócio e competir com sua antiga empresa. Quem mais questiona os altos salários no Brasil são os sindicalistas.
"Esses salários são resultado de uma desconsideração com os trabalhadores. É preciso discutir um mecanismo de quem ganha menos receber maiores reajustes e quem ganha mais abrir mão de parte dos ganhos milionários", diz Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, presidente nacional da CUT.
Segundo cálculos do economista Márcio Pochmann, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), com base em dados do Seade/Dieese, um operário ganha, em média, 44,5 vezes menos do que um presidente de indústria no Brasil. "A diferença em outros países é bem menor."
O economista fez um estudo comparando a diferença entre os salários dos operários, dos empregados da administração, dos técnicos e dos que ocupam cargos de chefia em empresas de sete países. O Brasil apresentou a maior diferença.
"O maior problema brasileiro é o rendimento baixo dos operários. Como há muita rotatividade entre os empregados, a maior parte do pessoal empregado é iniciante, com salários baixos", diz Pochmann.



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