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Despesas federais crescem mais que receitas
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Embora as contas públicas
apresentem resultados compatíveis com a meta fiscal do ano,
os temores dos analistas continuam centrados no crescimento das despesas federais, que,
pela primeira vez no governo
Luiz Inácio Lula da Silva, está
acima da expansão da receita
tributária.
Segundo os dados do Tesouro Nacional, os gastos da União
-excluídas as estatais- cresceram 15,1% de janeiro a junho,
em comparação com igual período de 2005, enquanto a arrecadação teve aumento de 11,3%.
Rompeu-se o equilíbrio dos
primeiros três anos do mandato de Lula, quando as despesas
cresceram 50,9%, e as receitas,
51,7%.
A execução orçamentária dos
primeiros cinco meses do ano
não chegou a comprometer a
meta de superávit primário
porque, nos anos anteriores, o
governo vinha poupando para
abater a dívida mais que os
4,25% do PIB (Produto Interno
Bruto) fixados em lei.
Mas, obviamente, o ritmo
atual é insustentável a longo
prazo. Se a expansão de gastos
não for contida, mais cedo ou
mais tarde será inevitável elevar novamente os impostos
-uma alternativa cada vez
mais difícil politicamente- ou
descumprir a meta fiscal.
"A imprensa deu muito destaque às dúvidas em relação à
meta deste ano, mas a preocupação maior do mercado é com
a dinâmica das contas públicas", resume o economista Guilherme Loureiro, da consultoria Tendências.
É razoável acreditar que boa
parte do crescimento de gastos
seja explicado pelo calendário
eleitoral. Além da disposição
natural dos governantes de
apressar obras no final do mandato, a legislação restringe investimentos e outras benesses
com dinheiro público no segundo semestre -o que justificaria a concentração de despesas no início do ano.
Despesa permanente
O governo Lula, porém, tem
elevado não apenas os chamados gastos discricionários (que
podem ser executados ou cancelados conforme a escolha do
Executivo), mas também despesas de caráter permanente e
obrigatório.
O principal exemplo é o aumento do salário mínimo de R$
300 para R$ 350. Só em maio, o
déficit da Previdência alcançou
R$ 3,3 bilhões, num crescimento de 37,5% acima da inflação
sobre maio de 2005. Nesta semana foi concluída ainda uma
rodada de reajustes salariais
para quase todo o funcionalismo público, a um custo estimado em R$ 5,5 bilhões neste ano
e R$ 11 bilhões em 2007.
Preocupação
"Causam preocupação os aumentos que vêm sendo anunciados nas despesas de pessoal
do governo central. Sabemos
que a acréscimos de despesas
correntes do setor público corresponde ou a redução dos investimentos públicos ou o aumento de impostos", avalia boletim sobre os resultados fiscais distribuído ontem pelo Iedi (Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial).
O enfraquecimento político
do governo tem provocado ainda sucessivas derrotas no Congresso, normalmente relacionadas a projetos que elevam
gastos e dão benefícios tributários.
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