São Paulo, domingo, 01 de julho de 2007

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Modelo de negócios impede evolução de times brasileiros

Para especialistas, clubes sem fins lucrativos, governança ou prestação de contas condenam futebol à mediocridade

Copa em 2014, lei sobre a Timemania e parceria com clubes europeus poderiam mudar times, que vivem da exportação de jogadores

DA REPORTAGEM LOCAL

A vitória do México contra o Brasil na Copa América, na semana passada, teve outras causas além da falta de entrosamento dos jogadores ou das limitações do técnico Dunga.
"Nos últimos anos, os times mexicanos tornaram-se empresas estruturadas, nos moldes dos clubes europeus", afirma Edgar Jabbour, sócio da consultoria Deloitte responsável por desenvolvimento de mercados e novos negócios. "O resultado apareceu no futebol."
Jabbour coordena a segunda fase do estudo "Latin American Football Money League", no qual serão comparadas informações patrimoniais e financeiras de times de primeira divisão de Brasil, Argentina, Chile, México e Uruguai com as de clubes europeus. Os cenários legais dos países também entram no levantamento.
Para ele, enquanto o modelo de negócios local continuar sendo o de associações sem fins lucrativos, os clubes continuarão num ciclo vicioso. Sem gestão, governança e auditoria profissional ou necessidade de prestar contas, eles têm como principal fonte de receita a exportação de jogadores. Ao vender os melhores, perdem jogos, receita, não conseguem contratar bons nomes, sendo condenados à mediocridade.
Segundo Jabbour, a perspectiva de o Brasil sediar a Copa do Mundo de 2014 e as discussões em torno da Timemania (lei de incentivo ao esporte) poderiam ajudar a mudar o quadro do futebol no Brasil. Porém, segundo especialistas, a lei vem sendo encarada como tábua de salvação para as dificuldades financeiras dos times, sem contrapartida.
"A lei não prevê nenhum tipo de auditoria independente nem requer que os clubes se convertam em empresas", diz Jabbour. "Corre-se o risco de criar outra forma de geração de receita para os times, sem nenhum fortalecimento ou benefício ao esporte como um todo."
Para especialistas, a pressão dos patrocinadores é importante na tentativa de profissionalizar o futebol. "Para as grandes empresas, é ruim associar a sua marca a um time fraco, perdedor, sem méritos constantes", diz Peter Draper, um dos responsáveis pela profissionalização do Manchester United.
Outra idéia que começa a surgir é a formação de acordos bilaterais entre clubes brasileiros e grandes times internacionais. "Os parceiros estrangeiros teriam prioridade na hora de contratar jogadores, e os nacionais se beneficiariam da experiência pelas quais eles passaram", diz Jabbour. (CB)


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