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Modelo de negócios impede evolução de times brasileiros
Para especialistas, clubes sem fins lucrativos, governança ou prestação de contas condenam futebol à mediocridade
Copa em 2014, lei sobre a
Timemania e parceria com
clubes europeus poderiam
mudar times, que vivem
da exportação de jogadores
DA REPORTAGEM LOCAL
A vitória do México contra o
Brasil na Copa América, na semana passada, teve outras causas além da falta de entrosamento dos jogadores ou das limitações do técnico Dunga.
"Nos últimos anos, os times
mexicanos tornaram-se empresas estruturadas, nos moldes dos clubes europeus", afirma Edgar Jabbour, sócio da
consultoria Deloitte responsável por desenvolvimento de
mercados e novos negócios. "O
resultado apareceu no futebol."
Jabbour coordena a segunda
fase do estudo "Latin American
Football Money League", no
qual serão comparadas informações patrimoniais e financeiras de times de primeira divisão de Brasil, Argentina, Chile, México e Uruguai com as de
clubes europeus. Os cenários
legais dos países também entram no levantamento.
Para ele, enquanto o modelo
de negócios local continuar
sendo o de associações sem fins
lucrativos, os clubes continuarão num ciclo vicioso. Sem gestão, governança e auditoria
profissional ou necessidade de
prestar contas, eles têm como
principal fonte de receita a exportação de jogadores. Ao vender os melhores, perdem jogos,
receita, não conseguem contratar bons nomes, sendo condenados à mediocridade.
Segundo Jabbour, a perspectiva de o Brasil sediar a Copa do
Mundo de 2014 e as discussões
em torno da Timemania (lei de
incentivo ao esporte) poderiam
ajudar a mudar o quadro do futebol no Brasil. Porém, segundo especialistas, a lei vem sendo encarada como tábua de salvação para as dificuldades financeiras dos times, sem contrapartida.
"A lei não prevê nenhum tipo
de auditoria independente
nem requer que os clubes se
convertam em empresas", diz
Jabbour. "Corre-se o risco de
criar outra forma de geração de
receita para os times, sem nenhum fortalecimento ou benefício ao esporte como um todo."
Para especialistas, a pressão
dos patrocinadores é importante na tentativa de profissionalizar o futebol. "Para as grandes empresas, é ruim associar a
sua marca a um time fraco, perdedor, sem méritos constantes", diz Peter Draper, um dos
responsáveis pela profissionalização do Manchester United.
Outra idéia que começa a
surgir é a formação de acordos
bilaterais entre clubes brasileiros e grandes times internacionais. "Os parceiros estrangeiros teriam prioridade na hora
de contratar jogadores, e os nacionais se beneficiariam da experiência pelas quais eles passaram", diz Jabbour.
(CB)
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