São Paulo, terça-feira, 01 de julho de 2008

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Governo mantém meta de inflação em 4,5% pelo sexto ano

Para a Fazenda, atual patamar é "bem-sucedido" ao "absorver choques" de preços; para analistas, redução teria sido o ideal

Paulo Bernardo afirma que governo quer combater "fortemente" a inflação, mas "sem esculhambar com a economia"


JULIANA ROCHA
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo fixou a meta de inflação para 2010 em 4,5%, com intervalo de tolerância de dois pontos percentuais, para baixo ou para cima. Será o sexto ano consecutivo em que o BC (Banco Central) irá perseguir o mesmo alvo para a variação dos preços. O governo também decidiu manter em 6,25% ao ano a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), usada como referência para os empréstimos do BNDES para o setor produtivo.
Se a projeção do mercado para a inflação nos próximos 12 meses se confirmar em 6,3%, quem pegar financiamentos no BNDES terá, na prática, um subsídio na taxa de juros. Isso porque a TJLP será mais baixa que a inflação projetada.
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, justificou que o governo decidiu manter a meta porque avalia que a atual política está no caminho certo. "O que se avaliou hoje é que o desenho atual da política monetária é bem-sucedido, inclusive absorvendo choques, como vemos hoje."
O valor da TJLP estabelecido ontem na reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional), formado pelos ministros da Fazenda, do Planejamento e pelo presidente do BC, vale para os próximos três meses. A meta de inflação de 2010 foi definida na mesma reunião.
Antes do encontro, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) citou as ações no combate à inflação, como o aumento dos juros, a elevação da meta de superávit primário e medidas de restrição do crédito no início do ano, mas deixou claro que o governo não está disposto a prejudicar o crescimento econômico. "Queremos combater fortemente a inflação, mas também não queremos esculhambar com a economia", disse o ministro.
Embora a manutenção da meta para 2010 fosse esperada, a decisão do governo decepcionou o economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa. Ele disse que o "ideal" seria o CMN reduzir a meta para 4%, mesmo em plena crise internacional de preços. "O governo poderia ter reduzido a meta em 0,25 ponto. Já seria o suficiente para indicar que tem a intenção de trazer a inflação brasileira para patamares próximos ao de países desenvolvidos. E ajudaria até a controlar as expectativas do mercado financeiro", afirmou.
Para Rosa, a redução da meta de inflação não significa um aperto maior dos juros no ano que vem. "Quem sabe como o mundo estará daqui a seis meses? A crise pode arrefecer e a inflação voltará a cair", disse.
José Luciano Costa, economista do Unibanco Asset Management, classificou como previsível a decisão do governo. Ele disse que a equipe econômica reafirmou o compromisso de trazer de a inflação de volta para os 4,5%.


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