São Paulo, terça-feira, 01 de julho de 2008

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Inflação supera todas as aplicações no 1º semestre

Destaque do período é a renda fixa, com ganho de 5,68%, ante 6,82% do IGP-M

Bovespa avança 1,77% nos primeiros seis meses do ano e fica atrás até da poupança, que deu retorno de 2,99%; dólar acumula queda de 10%


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com o mercado acionário em baixa e a retomada das elevações das taxas de juros, os fundos de renda fixa e os CDBs voltaram a se destacar. Porém, mesmo para essas categorias que estão com melhor rentabilidade, a inflação voltou a ser um motivo de desconforto.
No primeiro semestre, a Bovespa, que subiu 1,77%, acabou por perder até da poupança, que deu retorno de 2,99%. No período, os maiores destaques ficaram com os fundos de renda fixa, que deram retorno médio de 5,68% (até o dia 25), e os CDBs (Certificados de Depósito Bancário), que pagaram 5,20%. Os fundos DI renderam cerca de 5,19% no período.
Se for considerado o único índice de inflação fechado até o momento, o IGP-M, os preços subiram 6,82% no semestre, batendo todas as principais categorias de investimento. O IPCA acumulou alta de 2,88% até maio. Como as expectativas do mercado são que o IPCA registre alta de 0,70% em junho, segundo a pesquisa divulgada ontem pelo Banco Central, o indicador deve engolir também a rentabilidade anual da Bolsa e da poupança.
"Os investidores têm se deparado com um ambiente muito mais complicado, marcado pelas pressões inflacionárias e o recuo persistente da Bolsa de Valores", afirma Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos.
No caso do dólar, a moeda não tem sido uma opção interessante na qual aplicar as economias, como ocorria em um passado recente. O dólar teve perdas de 1,90% no mês recém-encerrado, o que levou sua depreciação diante do real para 10,13% em 2008. No ano passado, a divisa americana já havia se depreciado em 16,85%.
O dólar encerrou o semestre vendido a R$ 1,597, em seu mais baixo nível desde janeiro de 99, quando o governo, diante de uma grave crise cambial, liberou a cotação da moeda.
No mês de junho, os retornos da renda fixa e do CDB ficaram no topo também. Para a Bovespa, o mês foi especialmente ruim, sendo o de pior desempenho desde abril de 2004.
Os fundos de renda fixa -que carregam títulos públicos e privados que pagam taxas de juros, especialmente prefixadas- deram retorno médio estimado em 1,06% em junho. Os CDBs pagaram 0,91%. A poupança teve retorno de 0,62%.
Com o atual ciclo de alta da taxa básica Selic -parâmetro para os juros praticados no mercado-, essas aplicações tendem a se manterem como destaque de rentabilidade. A Selic está em 12,25% e o mercado projeta que alcance, ao menos, 14,25% no fim de 2008.
"No mês, os fundos de renda fixa tiveram rendimento um pouco acima dos fundos DI. Com as incertezas do mercado sobre a magnitude da alta de juros a ser efetuada pelo BC, continuarão apresentando alta volatilidade, sendo uma opção de diversificação para investidores moderados e agressivos", afirma o administrador de investimentos Fábio Colombo.
Os fundos DI, que carregam muitos papéis pós-fixados em suas carteiras, podem ganhar atratividade com o correr do ano. No mês, devem fechar com retorno médio de 0,98%. Os títulos pós-fixados acompanham a oscilação das taxas para definir o retorno que os investidores receberão.
Neste ano, os DI aparecem como destaque na captação de recursos. Segundo dados da Anbid, a categoria está com captação positiva de R$ 6,56 bilhões em 2008. A renda fixa está com saques líquidos de R$ 6,79 bilhões no ano.


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