São Paulo, terça-feira, 01 de julho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AgroFolha

Governo estuda taxar fertilizante importado

Alíquota seria de 5%; objetivo é estimular a produção interna e reduzir a dependência externa desse insumo e de adubos

Produção nacional seria ampliada através de minas ainda não usadas; além disso, Embrapa pesquisa matrizes alternativas


IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A alta internacional no preço de adubos e fertilizantes levou o governo federal à tentativa de reduzir a dependência externa desses insumos elevando a produção nacional em minas ainda não utilizadas, inclusive no bioma amazônico. Para proteger o desenvolvimento das jazidas, o governo estuda aplicar uma alíquota de 5% sobre os fertilizantes importados.
Segundo apurou a Folha, a estratégia do governo prevê ainda um terceiro eixo de atuação, que ficará a cargo inicialmente da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). A instituição vai pesquisar matrizes alternativas de fertilizantes, que vão de moagem de rochas a areia de habitats de tubarões.
O governo também negocia nos bastidores com as principais produtoras de fertilizantes no Brasil, mercado oligopolizado segundo estudos do Ministério da Agricultura. A Bunge e a Vale concordaram em elevar os níveis de produção. A Cargill e a Yara silenciaram sobre os pedidos estatais.
Uma das dificuldades nas negociações com o setor privado é a avaliação governamental de que as empresas não produzem tanto fertilizante como poderiam no país. Para resolver isso, o DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) estuda cassar licenças de exploração em vigor.
A posição da iniciativa privada levou o Ministério da Agricultura a concluir que o mercado nacional, apesar da forte dependência das importações, tem um oligopólio controlado pela Bunge, Cargill e Yara.
A divulgação desse oligopólio pela Folha em fevereiro deste ano levou só a Bunge a anunciar investimento acima de R$ 2 bilhões nos últimos meses.
O objetivo do plano do governo é reduzir a dependência de fertilizantes importados, que, em alguns segmentos, responde por 90% do consumo da agricultura nacional e cujos preços subiram mais de 100% nos últimos dois anos.
A meta é atingir de 65% a 85% da demanda de nitrogenados e de 40% a 60% do consumo de fosfatados nos próximos 10 ou 15 anos. Essa questão é vista como estratégica, dada a posição brasileira de grande exportador mundial de commodities agrícolas.

Minas
Levantamento oficial obtido pela Folha indica Anitápolis (SC), Patrocínio (MG), Iperó (SP), Itataia (CE), Santa Quitéria (CE) e Maecuru (PA) como áreas potenciais para novas minas de fosfato, e Santa Rosa de Lima (SE) e Nova Olinda (AM), esta última situada no bioma amazônico, para o potássio. A área não é explorada por restrições ambientais, que o governo espera superar com o Ibama.
Outra mina que deverá ter sua exploração associada a empresas estatais fica em Itataia, onde há jazida de fósforo e urânio. A Nuclebrás (estatal que gerencia as usinas nucleares) deve atuar em conjunto com a Petrobras, que pode terceirizar a tarefa para outra empresa.
A Embrapa dará início a uma série de pesquisas para verificar se é possível alterar parte da matriz de fertilizantes no país e se as fontes alternativas têm escala para atender ao menos parte da agricultura empresarial brasileira.
A areia marinha nos habitats de tubarões costuma ficar a cinco metros de profundidade e é composta de 50% de cálcio e 10% de magnésio. A água de xisto produzida pela Petrobras, a moagem de rochas e um aparato chamado "kin coat", que envolve o fertilizante tradicional para elevar sua absorção pelo solo, completam a lista de investigações da Embrapa.


Texto Anterior: Consórcio inicia batalha jurídica pela usina de Jirau

Próximo Texto: Saiba mais: Professor da FGV propõe subsidiar setor
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.