São Paulo, quinta-feira, 01 de agosto de 2002

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A ÁGUIA POUSOU

Economia teve retração nos três primeiros trimestres de 2001 e cresceu menos no 1º trimestre deste ano

Na revisão, EUA vêem PIB menor e recessão

DA REDAÇÃO

A economia norte-americana está em uma situação muito mais delicada do que se pensava. A recessão do ano passado começou mais cedo e foi mais profunda do que se estimara, segundo números divulgados ontem pelo Departamento de Comércio dos EUA. Já a retomada permanece abaixo das expectativas.
No ano passado, o PIB (Produto Interno Bruto) praticamente não cresceu, disse o Departamento de Comércio. A expansão ficou em 0,3%, de acordo com números revisados, e não em 1,2%, como havia sido divulgado anteriormente.
Já entre o primeiro trimestre deste ano e o segundo houve uma grande desaceleração na atividade. Nos três primeiros meses do ano, a taxa anualizada de expansão do PIB ficou em 5% e, de abril a junho, o crescimento encolheu para 1,1% -abaixo do crescimento de 2,2% esperado pelos analistas do mercado financeiro.
Ainda segundo o Departamento de Comércio, no ano passado o PIB caiu nos três primeiros trimestres, e não apenas no terceiro, como fora relatado. A maior retração ocorreu no segundo trimestre, com queda de 1,6%.
Pelo dados revisados, a queda na produção durante o período recessivo chegou a 0,6%, o dobro do estimado antes. Ainda assim, o ciclo recessivo está entre os menores já registrados pelos EUA, num patamar semelhante ao da retração de 1969-70.
Anualmente, sempre nesta época, o Departamento de Comércio apresenta uma grande revisão em números passados. Foram revisados dados desde 1999.
Os novos números mostram que a recessão foi menos atípica (e não tão moderada) quanto se imaginava. O ajuste significa que o PIB cresceu cerca de US$ 100 bilhões a menos do que se estimara.
A queda no valor das ações já dá mostras de que afetará a retomada econômica. Uma das razões para a freada no segundo trimestre é a contenção dos gastos dos consumidores, que viram parte de sua poupança ser consumida pelo colapso das Bolsas (60% das famílias americanas aplicam em ações). Os investimentos governamentais também diminuíram.
"Obviamente o consumidor está fechando a carteira, em comparação com o que foi visto no primeiro trimestre", disse o economista Kevin Flanagan, do banco Morgan Stanley.

Consumo patina
Entre abril e junho, os gastos dos consumidores (que respondem por aproximadamente dois terços do PIB norte-americano) cresceram 1,9%. Trata-se do menor ritmo desde o terceiro trimestre do ano passado, quando os ataques de 11 de setembro derrubaram o consumo.
Nos três primeiros meses do ano, o consumo se manteve alto por causa dos juros baixos e da queima de estoques, o que fez a taxa de expansão ficar em 5%. Apesar de significativo, o crescimento foi menor do que a taxa de 6,1% divulgada há um mês.
A piora nas contas externas também cobrou seu preço no segundo trimestre. As importações crescerem mais do que as exportações, e o buraco significou uma subtração de 1,77 ponto percentual na taxa de crescimento. No primeiro trimestre, o déficit implicara uma subtração de 0,75 ponto percentual.
Pelos números divulgados ontem, a taxa média de crescimento no primeiro semestre do ano ficou em 3%. O governo norte-americano espera que o crescimento seja de, pelo menos, 3,5% em 2002.


Com agências internacionais


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