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Empresário aprova pacote sobre câmbio; Delfim critica entraves ao crescimento
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), Josué Gomes da Silva, classificou como
positivas as medidas cambiais
anunciadas pelo governo federal na semana passada. Ele, porém, não acredita que o pacote
terá grande impacto sobre a taxa de câmbio. Silva participou
do 3º Fórum de Economia da
FGV (Fundação Getulio Vargas), realizado em São Paulo.
"A desburocratização é sempre bem-vinda", disse. "As empresas brasileiras vão se beneficiar dela, tanto as exportadoras
como as importadoras."
No último dia 26, o ministro
da Fazenda, Guido Mantega,
anunciou a simplificação dos
contratos de câmbio e permitiu
aos empresários que exportam
mercadorias para outros países
que deixem lá fora até 30% das
receitas obtidas nas operações
de compra e venda.
As medidas foram uma tentativa do governo de atender ao
setor produtivo, que reclamava
por ações para diminuir as perdas que os exportadores estão
tendo por conta do dólar baixo.
Como fecham os contratos em
moeda estrangeira, quando o
real vale mais, eles ganham menos. Por outro lado, as taxas de
juros internas são altas e inibem o consumo dos brasileiros.
Assim, o empresariado reclama
que as margens de lucro estão
cada vez mais apertadas.
Para o presidente do Iedi, o
real muito valorizado é reflexo
das altas taxas de juros nacionais -e não dos resultados positivos da balança comercial.
Outro que criticou as taxas
de juros foi o deputado federal
Antonio Delfim Netto (SP), ex-ministro da Fazenda e colunista da Folha. Para ele, os brasileiros estão vivendo sob um engodo fabricado pela equipe
econômica: o de que expansão
econômica implica, necessariamente, estouro inflacionário.
"Não há razão para crer que
não possamos crescer 4%",
afirmou ele, também palestrante no fórum. Delfim Netto
ponderou que é impossível para qualquer economia firmar-se como competitiva diante das
atuais taxas de juros, pois elas
inibem os investimentos.
O economista Yoshiaki Nakano, diretor do Departamento
de Economia da FGV e também colunista da Folha, foi
além. Defendeu a adoção de
metas de crescimento para o
país -hoje há só metas de superávit primário e inflação.
Nakano -crítico do governo
e alinhado com o candidato do
PSDB à Presidência, Geraldo
Alckmin- observou ainda que
o ajuste fiscal brasileiro está
sendo levado a partir de premissas errôneas, principalmente a do aumento pesado de
tributos. Também defendeu a
redução do Estado na economia, o incentivo ao crédito e a
abertura de mercado.
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