São Paulo, terça-feira, 01 de agosto de 2006

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Empresário aprova pacote sobre câmbio; Delfim critica entraves ao crescimento

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), Josué Gomes da Silva, classificou como positivas as medidas cambiais anunciadas pelo governo federal na semana passada. Ele, porém, não acredita que o pacote terá grande impacto sobre a taxa de câmbio. Silva participou do 3º Fórum de Economia da FGV (Fundação Getulio Vargas), realizado em São Paulo.
"A desburocratização é sempre bem-vinda", disse. "As empresas brasileiras vão se beneficiar dela, tanto as exportadoras como as importadoras."
No último dia 26, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou a simplificação dos contratos de câmbio e permitiu aos empresários que exportam mercadorias para outros países que deixem lá fora até 30% das receitas obtidas nas operações de compra e venda.
As medidas foram uma tentativa do governo de atender ao setor produtivo, que reclamava por ações para diminuir as perdas que os exportadores estão tendo por conta do dólar baixo. Como fecham os contratos em moeda estrangeira, quando o real vale mais, eles ganham menos. Por outro lado, as taxas de juros internas são altas e inibem o consumo dos brasileiros. Assim, o empresariado reclama que as margens de lucro estão cada vez mais apertadas.
Para o presidente do Iedi, o real muito valorizado é reflexo das altas taxas de juros nacionais -e não dos resultados positivos da balança comercial.
Outro que criticou as taxas de juros foi o deputado federal Antonio Delfim Netto (SP), ex-ministro da Fazenda e colunista da Folha. Para ele, os brasileiros estão vivendo sob um engodo fabricado pela equipe econômica: o de que expansão econômica implica, necessariamente, estouro inflacionário.
"Não há razão para crer que não possamos crescer 4%", afirmou ele, também palestrante no fórum. Delfim Netto ponderou que é impossível para qualquer economia firmar-se como competitiva diante das atuais taxas de juros, pois elas inibem os investimentos.
O economista Yoshiaki Nakano, diretor do Departamento de Economia da FGV e também colunista da Folha, foi além. Defendeu a adoção de metas de crescimento para o país -hoje há só metas de superávit primário e inflação.
Nakano -crítico do governo e alinhado com o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin- observou ainda que o ajuste fiscal brasileiro está sendo levado a partir de premissas errôneas, principalmente a do aumento pesado de tributos. Também defendeu a redução do Estado na economia, o incentivo ao crédito e a abertura de mercado.


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