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Analistas sugerem ações de grandes empresas como proteção contra riscos
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bolsa de São Paulo fechou o
mês de julho no azul, com alta
de 1,22%, mas analistas sugerem a investidores com menor
apetite para risco priorizar
ações de grandes empresas,
com liqüidez, boas projeções e
que tenham ADRs (certificados
de ações de empresas sediadas
fora dos EUA).
Papéis com essas características são os últimos que investidores estrangeiros deixam de
comprar em países emergentes, como o Brasil, muito dependentes de capital externo.
O saldo da movimentação de
investidores estrangeiros na
Bovespa, porém, está negativo
desde maio passado. Neste
mês, as vendas de ações por estrangeiros foram superiores às
compras em R$ 798,2 milhões
até quarta-feira passada, último dado disponível.
Analistas afirmam, entretanto, que o Brasil deve ser priorizado, dentre os emergentes.
Desde meados de maio, o
mercado internacional passou
por uma redução do apetite para risco devido às incertezas sobre a alta de juros nos EUA e o
efeito dela sobre o crescimento
econômico mundial. Investidores mais especulativos saíram
do mercado. "Não saia da festa,
mas comece a beber água" é o
título do relatório da Wachovia
Securities, instituição financeira com sede nos EUA, divulgado na semana passada.
A equipe chefiada pelo estrategista-chefe, Rod Smyth, afirma no relatório que o período
dos últimos três anos, de bons
resultados com ações como
"small-caps" (de pequena capitalização, menor liquidez,
maior risco) e mercados emergentes, acabou. Mas a dança
continua para ações de grandes
empresas de boa liquidez, "que
devem melhorar o desempenho, conforme a economia dos
EUA desacelera", e para o Brasil, segundo os autores.
O relatório lembra que a alta
de preços de commodities e de
suas exportações permitiu a
melhora dos ratings de crédito
de emergentes, que hoje se
aproximam do nível de "investment grade" (de menor risco de
default), e avanços em seus balanços de pagamentos.
"Brasil e Chile têm as melhores histórias de desenvolvimento político-econômico na
América Latina", afirma o relatório, que acrescenta que os
gestores pretendem manter a
parte mais importante de suas
aplicações nos dois países.
"O ponto mais alto da festa já
ficou para trás", diz Luiz Antonio Vaz das Neves, diretor da
Planner. Neves considera que a
Bovespa não retoma mais o patamar máximo deste ano, de
quase 42 mil pontos.
"Num primeiro momento,
investidores estrangeiros tendem a se concentrar em papéis
de maior peso, com maior liquidez, e que tenham ADRs", diz
Neves. Para o analista, uma carteira defensiva teria ações de
bancos, siderurgia e mineração.
Celulose e o setor petroquímico são prejudicadas pelo desaquecimento mundial.
Para Walter Mendes, superintendente de renda variável
do Banco Itaú, não é o momento de carteira defensiva ou que
privilegie liquidez em mercados emergentes movidos pelo
crescimento e melhora dos
fundamentos.
"A taxa de juros no Brasil está
em queda, junto com a inflação,
o crescimento está acelerando,
o risco tem espaço para cair,
com a possibilidade, cada vez
mais presente, de o país se tornar "investment grade" ", diz.
"Poderemos ter novas ondas
de otimismo-especulação, se e
quando o Fed [BC dos EUA] parar a alta de juros, desde que
mantido o crescimento de 2,5%
do PIB dos EUA e as projeções
para Europa e Japão."
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