São Paulo, terça-feira, 01 de agosto de 2006

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Analistas sugerem ações de grandes empresas como proteção contra riscos

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bolsa de São Paulo fechou o mês de julho no azul, com alta de 1,22%, mas analistas sugerem a investidores com menor apetite para risco priorizar ações de grandes empresas, com liqüidez, boas projeções e que tenham ADRs (certificados de ações de empresas sediadas fora dos EUA).
Papéis com essas características são os últimos que investidores estrangeiros deixam de comprar em países emergentes, como o Brasil, muito dependentes de capital externo.
O saldo da movimentação de investidores estrangeiros na Bovespa, porém, está negativo desde maio passado. Neste mês, as vendas de ações por estrangeiros foram superiores às compras em R$ 798,2 milhões até quarta-feira passada, último dado disponível.
Analistas afirmam, entretanto, que o Brasil deve ser priorizado, dentre os emergentes.
Desde meados de maio, o mercado internacional passou por uma redução do apetite para risco devido às incertezas sobre a alta de juros nos EUA e o efeito dela sobre o crescimento econômico mundial. Investidores mais especulativos saíram do mercado. "Não saia da festa, mas comece a beber água" é o título do relatório da Wachovia Securities, instituição financeira com sede nos EUA, divulgado na semana passada.
A equipe chefiada pelo estrategista-chefe, Rod Smyth, afirma no relatório que o período dos últimos três anos, de bons resultados com ações como "small-caps" (de pequena capitalização, menor liquidez, maior risco) e mercados emergentes, acabou. Mas a dança continua para ações de grandes empresas de boa liquidez, "que devem melhorar o desempenho, conforme a economia dos EUA desacelera", e para o Brasil, segundo os autores.
O relatório lembra que a alta de preços de commodities e de suas exportações permitiu a melhora dos ratings de crédito de emergentes, que hoje se aproximam do nível de "investment grade" (de menor risco de default), e avanços em seus balanços de pagamentos.
"Brasil e Chile têm as melhores histórias de desenvolvimento político-econômico na América Latina", afirma o relatório, que acrescenta que os gestores pretendem manter a parte mais importante de suas aplicações nos dois países.
"O ponto mais alto da festa já ficou para trás", diz Luiz Antonio Vaz das Neves, diretor da Planner. Neves considera que a Bovespa não retoma mais o patamar máximo deste ano, de quase 42 mil pontos.
"Num primeiro momento, investidores estrangeiros tendem a se concentrar em papéis de maior peso, com maior liquidez, e que tenham ADRs", diz Neves. Para o analista, uma carteira defensiva teria ações de bancos, siderurgia e mineração. Celulose e o setor petroquímico são prejudicadas pelo desaquecimento mundial.
Para Walter Mendes, superintendente de renda variável do Banco Itaú, não é o momento de carteira defensiva ou que privilegie liquidez em mercados emergentes movidos pelo crescimento e melhora dos fundamentos.
"A taxa de juros no Brasil está em queda, junto com a inflação, o crescimento está acelerando, o risco tem espaço para cair, com a possibilidade, cada vez mais presente, de o país se tornar "investment grade" ", diz.
"Poderemos ter novas ondas de otimismo-especulação, se e quando o Fed [BC dos EUA] parar a alta de juros, desde que mantido o crescimento de 2,5% do PIB dos EUA e as projeções para Europa e Japão."


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