São Paulo, terça-feira, 01 de agosto de 2006

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Venezuela dá ajuda para a Argentina pagar dívida

Kirchner recorre a Chávez e ao BIS para quitar US$ 2,6 bi

DE BUENOS AIRES

Para pagar US$ 2,6 bilhões a credores sem diminuir o nível de reservas, o governo de Néstor Kirchner recorrerá a um empréstimo de US$ 700 milhões ao BIS (Banco Internacional de Pagamentos da Basiléia) e contará com a ajuda, mais uma vez, da Venezuela, que na sexta-feira comprou US$ 482 milhões em títulos da dívida argentina.
O pedido de reforço ao BIS foi noticiado na edição de ontem do jornal argentino "El Cronista" e era dado como certo por analistas do mercado, mas até o final desta edição não havia sido confirmado pelo Ministério da Economia.
Na quinta-feira, o governo deverá pagar cotas de amortização e juros aos detentores dos títulos Boden 2012 e Boden 2007, num total de quase US$ 2,6 bilhões. É o principal compromisso financeiro da Argentina neste ano.
Para Hernán Fardi, analista da consultoria Maxinver, o objetivo do governo com o empréstimo do BIS é pagar o montante sem mexer nas reservas. Assim, o Banco Central não será obrigado a comprar mais dólares no mercado para recompô-las e evitará emitir mais moeda -com efeito também nas expectativas inflacionárias.
As reservas argentinas alcançam hoje cerca de US$ 26 bilhões -no começo do ano, estiveram em US$ 19 bilhões, logo depois que o governo decidiu pagar sua dívida total com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Desde então, o BC local tem comprado dólares, parte da política cambial e do objetivo de terminar o ano com mais reservas do que em 2005.
"Causa surpresa que o governo tenha preferido fazer o empréstimo ao BIS, e não colocar mais títulos no mercado, já que as últimas emissões foram exitosas", afirma Fardi.
Para o analista, a nova compra de títulos Boden 2012 pela Venezuela na sexta-feira também mostra que o governo prefere contar com a "segurança" de negociar com o parceiro estratégico Hugo Chávez a vender mais papéis no mercado. Caracas já adquiriu US$ 3,7 bilhões desde o ano passado de bônus argentinos -parte deles foi revendido a bancos venezuelanos. (FLÁVIA MARREIRO)


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