São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

"BC não pode ser biruta de aeroporto", diz economista

O tom mais duro da ata do Copom divulgada ontem levou os analistas de mercado a apostarem que o Banco Central vai manter, nas próximas reuniões, o ritmo mais forte de alta das taxas de juros.
A maior parte das apostas é que o juro subirá de novo 0,75 ponto percentual na próxima reunião, em 10 de setembro. As projeções são que a Selic encerre este ano perto de 15%.
Apesar do endurecimento do Banco Central, o ritmo de alta da inflação começa a dar sinais de queda acentuada já no mês de agosto, inclusive os índices de preços no atacado agrícola, que foram os principais responsáveis pela alta da inflação nos últimos meses.
Os índices de preços no varejo, que não tinham subido tanto, também devem refletir essa mesma tendência.
Pelas contas do economista Luiz Roberto de Azevedo Cunha, da PUC do Rio, o IGP-M de agosto já pode cair para alguma coisa como 0,6% ou 0,7%, o que seria uma queda significativa se for levado em conta que o índice tinha registrado 1,98% em junho e 1,76% em julho.
Já o IPCA, que é o índice oficial de inflação, deve baixar de 0,74% para 0,4%.
Apesar dessa queda acentuada da inflação, o economista não acredita que isso mude a tendência de o Banco Central manter, na próximas reuniões do Copom, essa posição mais dura no ritmo da alta dos juros, até porque, como fica claro na ata, a preocupação da autoridade monetária é com 2009, e não com o curto prazo. Para o ano que vem, ainda há muitas pressões inflacionárias.
Além disso, Luiz Roberto de Azevedo Cunha chama a atenção para o fato de que o Banco Central não pode ficar mudando de estratégia a toda hora. Já houve uma alteração de rota, quando o BC aumentou o ritmo de alta do juro de 0,5 para 0,75 ponto, e, agora, fica difícil um novo recuo, a não ser que a queda da inflação seja ainda mais acentuada.
"O Banco Central não pode ser biruta de aeroporto, que reage ao sabor dos ventos", afirma Luiz Roberto de Azevedo Cunha.

DE CALÇAS CURTAS
Em Manhattan, segundo o "New York Times", executivos começam a usar shorts não só em razão do calor mas porque querem usar peças cada vez mais estilosas, mesmo no trabalho; nos escritórios, o short ganha adeptos: uma agência de publicidade em Salt Lake City lançou uma "política das calças curtas" e decidiu que não é mais preciso usar calças no escritório

Baixa renda sente inflação mais forte no Rio, afirma Fecomercio

A população de baixa renda da região metropolitana do Rio de Janeiro sentiu a inflação mais forte em junho do que as demais classes sociais. É o que mostra a sondagem da Fecomercio-RJ sobre o índice de sensação de inflação.
Para pessoas com faixa de renda de até dois salários mínimos, o índice foi de 38,62. Já para aquelas com renda acima de 20 salários, de 31,47. Para o responsável pela pesquisa, João Carlos Gomes, a diferença se explica pela alta no preço dos alimentos, que atinge mais as famílias de baixa renda.
Apesar da diferença de percepção entra as classes sociais, o índice de sensação de inflação subiu para pessoas de todas as faixas de renda na comparação com junho de 2007. Segundo Gomes, o resultado representa uma percepção de gasto maior para comprar um volume menor de produtos.

ESFORÇO FISCAL
Guido Mantega (Fazenda) participa hoje de encontro fechado com empresários na sede da Abdib, em São Paulo.
Em sua apresentação, ele vai enfatizar o esforço fiscal neste primeiro semestre como parte da política do governo de combate à inflação. Mantega vai mostrar que a economia feita pelo setor público foi a maior desde 1991, quando começou a se calcular essa nova série. O superávit primário do setor público consolidado foi de 6,19% no primeiro semestre, e o do governo central, de 4,36%. O déficit nominal de 0,14% do setor público também foi o melhor resultado. Com isso, Mantega pretende dar uma resposta às críticas de que todo o trabalho da política antiinflacionária está a cargo do Banco Central.

NETUNO
A Petrobras investiu R$ 5,8 milhões em um supercomputador para a realização de pesquisas na área de oceanografia e geofísica na UFRJ. Desenvolvido pela TI Cimcorp e batizado de Netuno, o computador é o primeiro de seis unidades que a Petrobras pretende instalar em universidades brasileiras. O orçamento para os próximos computadores é calculado em R$ 24 milhões.

CIRANDA
Synésio Batista da Costa foi eleito presidente da Fundação Abrinq. Costa já presidia a associação dos fabricantes e agora assume a fundação do setor.

com JOANA CUNHA, VERENA FORNETTI e MARINA GAZZONI


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