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Governo se "apropria" da renda com mais impostos, diz empresariado
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
O crescimento de 5,7% do PIB
no segundo trimestre deste ano
sobre igual período de 2003 é prova de que a economia de fato reagiu, na avaliação de empresários.
Mas quem ganhou mesmo no período foi o governo, na análise do
Iedi (Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial).
"Enquanto o PIB cresceu 5,7%,
a arrecadação de impostos sobre
produtos e serviços aumentou
9,1%. Isso mostra que quem está
se apropriando da renda do país é
o governo, por meio de uma carga
tributária maior", afirma Julio
Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi.
A arrecadação de impostos sobre produtos e serviços está entre
os cinco setores de atividade que
apresentaram melhor performance no segundo trimestre na
comparação com igual período
de 2003. As exportações aparecem em primeiro lugar, com alta
de 16,5%. Depois seguem importações (14,1%), investimentos
(11,7%) e comércio (9,9%).
O dinamismo da economia deixou de se apoiar nas exportações.
No primeiro trimestre, cerca de
55% do crescimento de 2,7% do
PIB deveu-se às exportações. No
segundo trimestre, esse percentual caiu para 15,4%. "No primeiro trimestre, a exportação carregou a cruz. No segundo trimestre,
o mercado interno reagiu", diz.
Nos cálculos do diretor, a agricultura, que contribuiu com
29,4% do crescimento do PIB no
primeiro trimestre, passou para
11,4% no segundo trimestre. A indústria elevou sua contribuição
de 44% para 47,7%, e os serviços,
de 27,4% para 48,5%.
Os empresários torcem agora
para que o fôlego da economia
passe para a terceira fase: a volta
dos investimentos. A formação
bruta de capital fixo representa
hoje cerca de 17% do PIB. Para os
empresários, esse percentual teria
de estar ao redor de 30%, como
nos países emergentes.
Newton Mello, presidente da
Abimaq, informa que o consumo
de máquinas reagiu: cresceu
13,2% no primeiro semestre deste
ano sobre igual período de 2003.
Hoje, as fábricas têm encomendas
para três meses de produção, para
atender sobretudo aos setores
agrícola, plástico e metalúrgico.
"Nos piores meses, os pedidos
não passavam de um mês. Sentimos que o crescimento da economia neste ano é sustentado. Mas
algumas indústrias, como petroquímica, têxtil e mecânica pesada,
ainda continuam devagar. Elas
também precisam investir", diz.
Para Paulo Godoy, presidente
da Abdib, associação que reúne a
indústria de base, "é preciso agora
que o país deslanche investimentos em infra-estrutura para que o
apagão logístico não emperre o
crescimento do país", diz.
A CNI (Confederação Nacional
da Indústria) reviu sua projeção
de expansão da economia neste
ano, de 4% para 4,5%. Mas o presidente da entidade, Armando
Monteiro Neto, fez um alerta.
"Os números exibem uma economia em processo de expansão.
Medidas como a desoneração dos
impostos incidentes sobre os bens
de capital e a redução do custo de
capital são condições básicas para
atrair o investimento e garantir a
continuidade do crescimento."
Preocupação com juros
Outra preocupação dos empresários é com uma possível elevação das taxas de juros para conter
focos de inflação. "É preciso combater a inflação, mas com mais
oferta de produtos", diz Godoy.
Essa também é uma preocupação das centrais sindicais. "A alta
dos juros pode ameaçar o processo de crescimento", afirmou o
presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Luiz Marinho. "O país precisa investir em
portos, rodovias. Caso contrário,
terá de discutir em breve medidas
para frear a economia", diz João
Carlos Gonçalves, presidente interino da Força Sindical.
Colaborou Claudia Rolli,
da Reportagem Local
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