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Se juro subir, economia terá "vôo de galinha"
DA SUCURSAL DO RIO
Com o resultado do crescimento da economia acima do estimado, especialistas em projeção do
PIB (Produto Interno Bruto) voltam suas preocupações para a sinalização do Banco Central de aumento das taxas de juros básicos
da economia. Atualmente, a Selic
está em 16% ao ano.
Caso isso ocorra neste ano, eles
avaliam que poderá ficar comprometido um crescimento sustentável da economia em 2005. A economia correria o risco de passar
por mais um crescimento sem
continuidade ou, como prefere o
mercado, repetiria o "stop and
go" de períodos anteriores.
"O aumento dos juros tira o fôlego da economia e vamos voltar
ao "stop and go" ou mais um "vôo
de galinha" [de curto alcance]",
afirmou Marcel Pereira, economista-chefe da RC Consultores.
"É certo que 2005 vai ser um ano
de ajuste mais rigoroso nos Estados Unidos, o que vai tornar mais
difícil trazer investimentos para o
Brasil. Se a sinalização aqui também for de aumento da taxa de juros, pode comprometer a capacidade de crescimento."
EUA e BC podem atrapalhar
Estêvão Kopschitz, economista
do Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada), órgão ligado ao Ministério do Planejamento, também coloca os Estados
Unidos e o Banco Central como
personagens que podem atrapalhar o desempenho da economia
em 2005.
"Uma possível decisão dos Estados Unidos de reduzir seu déficit
fiscal poderá ter impacto no financiamento aos países emergentes", disse Kopschitz.
"Se o Banco Central elevar os juros neste ano, poderá frear as expectativas positivas e, assim, restringir o consumo e os investimentos em 2005."
A sinalização de alta dos juros
foi dada pela ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). Segundo o texto,
com a alta do preço do petróleo,
os riscos de aumento da inflação
são maiores do que eram no passado -o que, por sua vez, recomendaria uma atitude "mais ativa
da política monetária".
Além dos Estados Unidos e do
Banco Central, Alex Agostini, da
Global Invest, ressalta ainda que
uma expansão mais vigorosa da
economia brasileira em 2005 pode "esbarrar" na falta de investimentos em infra-estrutura, como
portos, estradas e energia.
"É uma coisa que coloca em risco o desempenho do próximo
ano. Esses investimentos já deveriam ter sido feitos, já que seu
tempo de maturação (conclusão)
é de dois a cinco anos."
Ipea não vai revisar taxa
Para 2005, o Ipea estima crescimento de 3,7% do PIB. Kopschitz
diz que a taxa não deve ser revista,
apesar de o resultado do PIB do
segundo trimestre ter ficado acima da previsão, que era de 3,5%.
O economista Johan Soza, da
Rosenberg e Associados, afirmou
que já trabalha com o cenário "de
mais um vôo de galinha" em 2005.
A consultoria revisou ontem a estimativa para o crescimento da
economia em 2004 de 3,8% para
4%. Mas não vai mudar a de 2005,
que é de 2,8%.
Segundo Soza, os números positivos do PIB podem acabar se
tornando mais um motivo para o
Banco Central aumentar os juros.
"Como há o temor de que o crescimento gere um gargalo na economia e acarrete mais inflação, os
números podem colocar lenha na
fogueira do Banco Central."
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