São Paulo, sábado, 01 de setembro de 2007

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Bush lança pacote e anima os mercados

Após um mês de turbulência e pressionado pela oposição, presidente anuncia medidas para ajudar mutuários inadimplentes

Iniciativa da Casa Branca, fala de presidente do Fed e dados positivos sobre a economia dos EUA fazem as Bolsas subirem

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Um mês depois da contaminação dos mercados financeiros pela crise do mercado imobiliário norte-americano, George W. Bush anunciou ontem um pacote de medidas para ajudar o devedor de hipotecas de alto risco ("subprime"). Entre elas estão o refinanciamento de parte dos empréstimos garantidos pelo governo, ações que evitam execução da dívida e alívio na tributação de quem refinanciar o que deve.
O pacote de Bush mais dados positivos da economia dos EUA e declarações do presidente do Fed (o banco central dos EUA), Ben Bernanke, animaram os mercados por todo o mundo. O índice Dow Jones, de Nova York, fechou em alta de 0,90%. A Bovespa subiu 3,37%.
"Não é função do governo socorrer especuladores ou aqueles que decidiram comprar casas que não poderiam pagar. Mas há muitos proprietários de casas que podem superar este momento difícil com uma pequena flexibilização de seus credores ou uma pequena ajuda do governo", disse Bush.
O presidente republicano age após seguidas críticas de políticos da oposição democrata e de economistas de que o governo ainda não havia feito sua parte para tentar conter a crise ou evitar seu alastramento e de que só os instrumentos de que dispõe o Fed, como a injeção de dólares na economia ( US$ 150 bilhões até agora) e o corte numa modalidade de juros, não se mostraram suficientes.
O pacote anunciado por Bush inclui diversas medidas que dependem ainda de aprovação do Congresso, dominado pela oposição democrata. São ações que modificam a lei do setor, como um projeto que moderniza a FHA, órgão do governo que regula o setor habitacional.
Há ainda outras medidas de alcance provavelmente cosmético, como a criação de um "grupo de aconselhamento" liderado pelo secretário do Tesouro, Henry Paulson, e o de Habitação e Desenvolvimento Urbano, Alphonso Jackson, que recomendará que as empresas tentem ajudar os proprietários antes que tenham dificuldades de pagamento.
Em declaração na manhã de ontem nos jardins da Casa Branca, depois de dizer que o mercado estava em "período de transição", Bush disse que a "economia americana vai continuar forte o suficiente para abrigar qualquer turbulência".
O tom do resto da fala foi de tentar minimizar os efeitos da crise na economia dos EUA.
"Os distúrbios recentes na indústria das hipotecas "subprime" são modestos em relação ao tamanho de nossa economia", disse ele. "Mas, se sua família é uma das que estão tendo dificuldade para fazer os pagamentos mensais, o problema não parece nem um pouco modesto". Segundo Bush, sua prioridade é "manter o maior número de famílias em casa".
Há alguns dias, a senadora democrata Hillary Clinton, hoje favorita na corrida presidencial de 2008, havia mandado uma carta aberta ao presidente em que criticava o governo -até então, a única ação de Bush era repetir que a economia estava "forte". "Suas declarações podem sinalizar uma falta de desejo do atual governo de considerar mesmo as mais simples opções que poderiam ajudar a trazer alguma estabilidade ao mercado imobiliário", escreveu a ex-primeira-dama.
Ontem ainda, em conferência anual sobre economia em Jackson Hole, no Estado do Wyoming, Bernanke admitiu o impacto da crise imobiliária nos mercados, mas prometeu que o Fed fará o necessário para impedir que ela contamine o resto da economia.


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