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Bush lança pacote e anima os mercados
Após um mês de turbulência e pressionado pela oposição, presidente anuncia medidas para ajudar mutuários inadimplentes
Iniciativa da Casa Branca, fala de presidente do Fed
e dados positivos sobre a economia dos EUA
fazem as Bolsas subirem
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Um mês depois da contaminação dos mercados financeiros pela crise do mercado imobiliário norte-americano,
George W. Bush anunciou ontem um pacote de medidas para
ajudar o devedor de hipotecas
de alto risco ("subprime"). Entre elas estão o refinanciamento de parte dos empréstimos
garantidos pelo governo, ações
que evitam execução da dívida
e alívio na tributação de quem
refinanciar o que deve.
O pacote de Bush mais dados
positivos da economia dos EUA
e declarações do presidente do
Fed (o banco central dos EUA),
Ben Bernanke, animaram os
mercados por todo o mundo. O
índice Dow Jones, de Nova
York, fechou em alta de 0,90%.
A Bovespa subiu 3,37%.
"Não é função do governo socorrer especuladores ou aqueles que decidiram comprar casas que não poderiam pagar.
Mas há muitos proprietários de
casas que podem superar este
momento difícil com uma pequena flexibilização de seus
credores ou uma pequena ajuda do governo", disse Bush.
O presidente republicano age
após seguidas críticas de políticos da oposição democrata e de
economistas de que o governo
ainda não havia feito sua parte
para tentar conter a crise ou
evitar seu alastramento e de
que só os instrumentos de que
dispõe o Fed, como a injeção de
dólares na economia ( US$ 150
bilhões até agora) e o corte numa modalidade de juros, não se
mostraram suficientes.
O pacote anunciado por Bush
inclui diversas medidas que dependem ainda de aprovação do
Congresso, dominado pela
oposição democrata. São ações
que modificam a lei do setor,
como um projeto que moderniza a FHA, órgão do governo que
regula o setor habitacional.
Há ainda outras medidas de
alcance provavelmente cosmético, como a criação de um
"grupo de aconselhamento" liderado pelo secretário do Tesouro, Henry Paulson, e o de
Habitação e Desenvolvimento
Urbano, Alphonso Jackson,
que recomendará que as empresas tentem ajudar os proprietários antes que tenham dificuldades de pagamento.
Em declaração na manhã de
ontem nos jardins da Casa
Branca, depois de dizer que o
mercado estava em "período de
transição", Bush disse que a
"economia americana vai continuar forte o suficiente para
abrigar qualquer turbulência".
O tom do resto da fala foi de
tentar minimizar os efeitos da
crise na economia dos EUA.
"Os distúrbios recentes na
indústria das hipotecas "subprime" são modestos em relação
ao tamanho de nossa economia", disse ele. "Mas, se sua família é uma das que estão tendo
dificuldade para fazer os pagamentos mensais, o problema
não parece nem um pouco modesto". Segundo Bush, sua prioridade é "manter o maior número de famílias em casa".
Há alguns dias, a senadora
democrata Hillary Clinton, hoje favorita na corrida presidencial de 2008, havia mandado
uma carta aberta ao presidente
em que criticava o governo
-até então, a única ação de
Bush era repetir que a economia estava "forte". "Suas declarações podem sinalizar uma
falta de desejo do atual governo
de considerar mesmo as mais
simples opções que poderiam
ajudar a trazer alguma estabilidade ao mercado imobiliário",
escreveu a ex-primeira-dama.
Ontem ainda, em conferência anual sobre economia em
Jackson Hole, no Estado do
Wyoming, Bernanke admitiu o
impacto da crise imobiliária
nos mercados, mas prometeu
que o Fed fará o necessário para impedir que ela contamine o
resto da economia.
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