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Verba ambiental é incluída na última hora
Lula decidiu ontem incluir ambiente como destinatário de fatia de recursos do fundo a ser criado com a renda do petróleo
Dinheiro poderá ser usado em projetos de energia renovável e na tecnologia de captura e armazenagem de carbono no fundo do mar
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar dos estudos que
apontam concentração três a
quatro vezes maior de gás carbônico (CO2) no petróleo da camada pré-sal, o ambiente só ganhou espaço nas regras anunciadas ontem pelo governo em
uma carona de última hora. O
presidente Lula decidiu ontem
de manhã incluir o ambiente
como destinatário de fatia das
verbas do fundo a ser criado
com a renda da exploração.
O dinheiro do fundo, se aprovado pelo Congresso, poderá
ser aplicado em projetos de
energia renovável e até na tecnologia cara e ainda em fase experimental de captura e armazenamento de carbono no fundo do mar, conhecida pela sigla
em inglês CCS.
Lula se antecipou a uma reação prevista pelo ministro Carlos Minc. Segundo ele, a proposta do governo seria alterada
no Congresso. A senadora Marina Silva (PV-AC) já havia cobrado investimentos na área.
"Não posso dizer que é um efeito Marina, mas haveria reação
no Congresso", disse Minc.
Num sinal da reação, ativistas da ONG ambientalista
Greenpeace roubaram por alguns minutos a cena na cerimônia de lançamento do marco regulatório do pré-sal em
protesto contra o aumento das
emissões de CO2 decorrente da
exploração das reservas. Os seguranças recolheram a faixa
entregue a Lula onde se lia:
"Pré-sal e poluição, não dá para
falar de um sem falar do outro".
Na reunião de ontem de manhã, Minc voltou a falar dos estudos que apontam concentração maior de CO2 no petróleo
da camada pré-sal em relação
aos poços já explorados.
Ainda durante a reunião, o
presidente da Petrobras, José
Sérgio Gabrielli, disse que a estatal já trabalha com a reinjeção nos poços de parte do CO2
extraído com o petróleo. Para
Minc, isso não é suficiente. Regras detalhadas serão definidas
na ocasião do licenciamento
ambiental para a exploração
comercial dos poços, prevista
para começar em 2015.
As estimativas do Greenpeace assombram o negócio anunciado pelo governo. A ONG calcula que o pré-sal poderá ser
responsável pela emissão de 1,3
bilhão de toneladas extras de
CO2 na atmosfera, considerando não apenas o gás encontrado com o petróleo, mas o refino
e a queima do combustível.
O custo da captura e armazenamento do CO2 do pré-sal pode alcançar centenas de bilhões
de reais e anular o resultado do
combate ao desmatamento da
Amazônia, disse Ricardo Baitelo, coordenador da campanha
de energias renováveis do
Greenpeace.
"É muito fácil colocar um
número no papel e partir para
o tudo ou nada", reagiu Minc.
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