São Paulo, Quarta-feira, 01 de Setembro de 1999
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POLÍTICA MONETÁRIA
Copom decide alteração hoje; taxa na BM&F e resultado de leilão indicam aposta no recuo
Mercado dá sinal de queda dos juros

MARCELO DIEGO
da Reportagem Local

O comportamento do mercado futuro e o resultado do leilão de títulos públicos prefixados indicam uma aposta na redução dos juros na reunião de hoje do Copom (Comitê de Política Monetária).
O Copom, formado por diretores do Banco Central, irá decidir, em Brasília, se corta, eleva ou mantém os juros de mercado (Selic), que estão em 19,5% ao ano.
Os sinais, ontem, indicavam para um corte. A aposta de analistas é que, se houver redução, será de até 0,50 ponto percentual.
A manutenção da taxa não está descartada. O BC avisou que irá usar a reunião extraordinária do dia 22 para voltar a discutir juros. Assim, uma queda poderia ser adiada, enquanto o BC espera uma melhora no cenário interno.
A divulgação do Orçamento para o ano 2000, ontem, jogou uma nova luz sobre as análises. O governo trabalhou com juros médios de 13,4% ao ano para fazer suas contas -numa demonstração de que pretende manter a política de cortes.
Na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), os juros de setembro (contratos que vencem no mês que vem) caíram 1,49%. A taxa projetada ficou em 19,82%.
Para termos de comparação, a mesma taxa chegou a 22,46% em agosto. A projeção de ontem foi a menor do ano para setembro.
Apesar de ainda estarem 0,32 ponto percentual acima dos juros de mercado, os juros futuros costumam pagar um prêmio de 1,0 ponto em média.
"A situação está um pouco mais tranquila, mas o governo deve optar por uma mexida política, não técnica. Não é abaixando os juros de 19,5% que os problemas serão resolvidos, mas vai ajudar no cenário político", disse Joaquim Paulo Kokudai, diretor de renda fixa do Lloyds Bank.
O Tesouro vendeu seu lote de R$ 2,5 bilhões de LTNs (Letras do Tesouro Nacional), com vencimento em 84 dias, com juros médios de 21,95%. Apesar de ter o mesmo prazo dos papéis leiloados na semana passada, os investidores pediram 1,61% a menos de juros. O ambiente, propício à queda da taxa, impediu que fossem pedidos juros maiores.
"O cenário está um pouco mais calmo", disse Eduardo Novo, diretor da Santos Asset Management. "O Fed (banco central dos EUA) aumentou os juros dentro do esperado, e a flutuação do dólar não está causando inflação. Os repiques inflacionários têm sido causados pelos aumentos de tarifa", explicou, argumentando que, como a inflação está controlada, há espaço para uma queda dos juros para 19% ao ano.


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