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NEGÓCIOS
Empresa se associa ao grupo francês Havas em operação de US$ 100 milhões, a maior no setor de livros
Editora Abril compra Ática e Scipione
CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
da Reportagem Local
Duas das maiores editoras brasileiras de livros didáticos, a Ática
e a Scipione, foram compradas
pelo Grupo Abril e por um dos
maiores grupos de comunicação
da Europa, o Havas, da França.
O valor do negócio foi de cerca
de US$ 100 milhões, segundo Fábio Mendia, diretor-executivo da
Abril. Cada um dos compradores
entrou com metade do dinheiro.
Oficialmente, a compra -um
dos maiores investimentos estrangeiros no setor de livros no
Brasil- foi feita pelo braço espanhol do grupo Havas, a editora
Anaya, que teve um faturamento
de US$ 207 milhões em 1998.
Em setembro do ano passado,
quando o Havas comprou a Anaya, um dos objetivos do grupo era
exatamente investir na América
Latina. Desde então, já foi adquirido o controle da editora Aique,
na Argentina.
As editoras Ática e Scipione,
que são controladas pelo mesmo
grupo de acionistas, mas são empresas separadas, vão manter sua
estrutura operacional e a diretoria
e vão continuar publicando o
mesmo tipo de livros. A direção
das editoras vai responder a um
conselho de administração, formado por dois representantes de
cada um dos novos donos.
Menos dívidas
Para a Abril, o negócio significa
a retomada dos investimentos,
depois que o grupo conseguiu
melhorar sua situação financeira,
afetada pela desvalorização do
real em janeiro último.
"O grupo conseguiu reduzir seu
endividamento em 78% com a
venda da sua participação na Listel (listas telefônicas) e da DirectTV nos últimos meses", disse
Mendia. Em maio, a Abril vendeu
a DirectTV para a Galaxy Latin
America; em junho, passou sua
cota na Listel para a BellSouth Advertising and Publishing.
Além disso, o negócio significa a
volta da Abril ao setor de livros didáticos, onde já atuou entre 1970 e
1981. Esse mercado movimentou
cerca de US$ 998 milhões em
1997, segundo dados da Câmara
Brasileira do Livro, e vem crescendo a cada ano nesta década,
acompanhando o aumento no
número de crianças e adolescentes matriculados nas escolas.
O governo é o maior comprador de livros didáticos do país,
tendo adquirido cerca de 80 milhões de exemplares em 1997.
Essa expansão da venda de livros didáticos vem chamando a
atenção de editoras estrangeiras,
especialmente da Europa, onde as
possibilidades de crescimento
quase não existem mais, afirmou
Alfredo Chianca, diretor-geral da
Editora Ática.
Nos últimos dois anos, a Ática
foi assediada por pelo menos quatro grupos do exterior. Especialistas do setor acreditam que as empresas que perderam o negócio da
Ática e da Scipione vão procurar
outras editoras. A tendência seria
de internacionalização do segmento de livros didáticos.
Outro fator de atração são as
margens de lucros do negócio no
Brasil, que, embora em queda nos
últimos anos, ainda são bem mais
atraentes do que na Europa.
As negociações dos controladores da Ática e da Scipione com o
grupo Havas aceleraram-se desde
abril. Em maio, a Abril entrou no
negócio. A Abril e o Havas já vinham estudando a possibilidade
de fazer uma parceria há bastante
tempo, disse Mendia, mas só agora se decidiram por um negócio.
Considerado o maior grupo de
comunicações da França, o Havas
atua não apenas na edição e distribuição de livros, mas também
na publicação de revistas e jornais
e na área de publicidade. Recentemente, passou a ser um dos maiores produtores mundiais de CD-ROM na área educacional.
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