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Crescem fraudes publicitárias em buscas na internet
De acordo com pesquisa de consultoria, são fraudulentas 14% das visitas a sites de companhias de comércio on-line
Google fechou um acordo de US$ 90 milhões para encerrar um processo coletivo por fraude em publicidade on-line
KAREN J. BANNAN
DO "NEW YORK TIMES"
Há um ano, a DiamondHarmony.com, uma joalheria on-line, decidiu que o eBay, sua
única fonte de publicidade até
então, já não bastava. A empresa iniciou um elaborado esforço de marketing em serviços de
busca, que usava uma campanha de publicidade cujos pagamentos se baseavam no número de visitantes atraídos por
seus anúncios vinculados a resultados de busca. A única conseqüência da ação foi envolver
a DiamondHarmony em uma
fraude publicitária on-line.
Em lugar de verdadeiros interessados em seus produtos,
as visitas ao site provinham de
fontes fraudulentas. A fraude,
que custou, em sete meses, US$
17 mil à DiamondHarmony, foi
descoberta por meio de um
software analítico que a empresa adquiriu da ClickTracks.
As fraudes na publicidade
on-line em geral acontecem
quando parceiros trapaceiros,
que recebem uma parcela dos
honorários pagos ao serviço de
busca cada vez que alguém clica
em um link pago, deliberadamente geram número de visitas
excessivo a um site, sem que
haja chance de que as visitas resultem em vendas para a empresa que está pagando por essa forma de publicidade.
As visitas espúrias podem ser
geradas por programas automáticos ou pessoas pagas para
clicar repetidas vezes o mesmo
link. No caso da DiamondHarmony, a empresa estava inicialmente gastando entre US$ 40 e
US$ 50 ao dia em cada um dos
oito serviços de busca em que
colocou anúncios.
Na semana anterior ao Dia de
Ação de Graças, Joe Tedd, gerente de estratégias de busca da
empresa, começou a perceber
um grande aumento no número de visitas originadas de um
determinado serviço de busca,
enquanto a taxa de conversão
relacionada a essas visitas -o
volume de vendas gerado pelos
visitantes vindos de lá- continuava caindo.
"Nós percebemos que o número de buscas estava crescendo em todos os serviços de busca em que tínhamos anúncios",
disse Tedd. "Mas, enquanto todos os demais serviços começavam a oferecer índices de conversão mais elevados, um apresentava resultados tão baixos
que decidimos retirar a campanha do site."
Empresas também podem
cair vítimas de fraudes desse tipo por ação de concorrentes.
Rivais disputando a mesma posição em uma lista de links pagos podem visitar o anúncio de
um concorrente um número de
vezes suficiente para obrigá-lo
a exceder seu limite de gastos, o
que implica excluir seus anúncios temporariamente da lista
de resultados de busca.
O escopo do problema varia
de acordo com a fonte que o
descreve. Proprietários de empresas como Iain Burton, da
Aspinal, que fabrica e vende
produtos finos de couro, afirmam que as fraudes na publicidade on-line são muito mais
freqüentes do que os serviços
de busca reconhecem. Burton,
que investe cerca de US$ 50 mil
ao mês em publicidade vinculada a resultados de buscas, diz
que as fraudes ocasionalmente
espantam por sua ousadia.
"Eu costumava ganhar dinheiro com publicidade vinculada a buscas; no passado, as
coisas eram realmente boas.
Mas os anúncios se tornaram
ridiculamente dispendiosos.
Perdi dezenas de milhares de libras devido a fraudes."
As operadoras de serviços de
buscas discordam e afirmam
que a maioria esmagadora das
transações fraudulentas nem
ao menos é vista pelos anunciantes, porque elas mesmas as
descobrem e removem. Mas
Gaude Paez, do Yahoo!, diz que
as fraudes são um desafio sério,
ainda que administrável.
A consultoria Click Forensics estima o número de visitas
fraudulentas em 14% das entradas totais nos sites, segundo
pesquisa com mais de 1.300
empresas de comércio on-line.
Para Danny Sullivan, editor
do SearchEngineWatch.com, a
verdade provavelmente fica
entre os dois extremos.
O Google, líder entre os serviços de busca na internet, fechou um acordo de US$ 90 milhões para encerrar um processo coletivo por fraude em publicidade on-line, com pelo menos US$ 30 milhões do total reservados a cobrir as custas judiciais. Ainda assim, 556 anunciantes optaram por não acatar
o acordo, o que deixa as portas
abertas a novos processos.
Em junho o Yahoo fechou
acordo para cobrir as custas judiciais de queixosos, estimadas
em US$ 4,95 milhões, e fornecer créditos a qualquer empresa capaz de provar que tenha sido alvo de fraude em publicidade on-line entre janeiro de
2004 e este ano.
O que torna o problema mais
sério, dizem observadores do
setor, é que muitos exemplos
de fraudes nesse segmento passam despercebidos. Além disso,
"as soluções tecnológicas que
existem para combater o problema não são gratuitas ou fáceis, especialmente para pequenas empresas que já enfrentam dificuldades para lidar
com o conceito de marketing
via serviços de busca", diz Dana
Todd, presidente da Search Engine Marketing Professional
Organization, associação setorial dos profissionais do setor.
Enquanto as empresas maiores já aguardam certa porcentagem de fraude em seus esquemas de publicidade vinculada a
buscas, as pequenas não têm
escolha a não ser localizar as
imprecisões, disse Sullivan. O
melhor caminho para começar,
diz ele, é medir o índice de conversão para determinar se os
anúncios estão funcionando.
Mas, para muitas empresas
menores, diz Todd, a única maneira de monitorar o problema
é por auditagem manual de visitas ou uso de software ou serviços de gestão de campanhas
publicitárias. E esses recursos
muitas vezes parecem não valer a pena. "É preciso verificar
todos os dados e ver que visitas
vieram de onde e porque não
houve conversão, o que é um
processo bastante demorado e
técnico", disse.
"Acreditamos que algumas
das piores violações", acrescentou ela, "aconteçam em volume
tão minúsculo que não chamam atenção -um centavo
aqui, cinco ali-, mas, somadas,
terminam imensas".
Tradução de Paulo Migliacci
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