São Paulo, quarta-feira, 01 de outubro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

BC deve baixar compulsório, diz Austin

O Banco Central deveria reduzir os compulsórios bancários (parte dos depósitos que bancos têm de manter retida no BC) para contornar a crise de crédito no mercado e resolver o problema da falta de liquidez no Brasil, segundo o economista-chefe da consultoria Austin Rating, Alex Agostini.
Para Agostini, o governo deve usar todos os mecanismos ao seu dispor para aumentar a liquidez no setor financeiro. De acordo com o economista, a flexibilização nas regras para os compulsórios bancários na semana passada não é suficiente para enfrentar o problema.
"O compulsório no Brasil é o maior do mundo. O ideal é sairmos de 53% de depósitos compulsório para 40% a 45%. Para que manter um compulsório tão restritivo neste momento?", diz Agostini.
Com o aumento dos juros nas linhas de crédito tanto para o consumidor quanto para as empresas, as companhias brasileiras podem ter que começar a apertar os custos já no fim do ano, afirma o economista. Agostini não descarta a possibilidade de redução de investimentos e, mais à frente, até corte de empregos.
Segundo o economista, a crise do crédito afetou o faturamento das pequenas e das médias empresas do setor de bens duráveis, um dos mais prejudicados pela escassez de empréstimos, já que as suas vendas dependem do financiamento aos clientes. "Os bancos estão mais restritivos e aumentou o número de pedidos de financiamentos negados", afirma o economista da Austin Rating.
De acordo com Agostini, mesmo as grandes empresas do setor de bens duráveis também sofrerão com a falta de crédito, principalmente as montadoras que aumentaram a produção para atender o volume recorde de vendas.
"As montadoras têm estoques elevados em um momento que há um freio no crédito e perda da confiança do consumidor", diz o economista-chefe da Austin Rating.

CRISE NAS LETRAS

A crise financeira já começou a assustar quem pretende captar dinheiro para projetos culturais no Brasil. A APL (Academia Paulista de Letras), que fará cem anos em 2009 e está com projeto de restauração de seu prédio aprovado pela Lei Rouanet, deve enfrentar dificuldade para conseguir recursos, segundo seu presidente, José Renato Nalini. "Está devagar e a crise é um castelo de cartas, ninguém sabe o que vai acontecer", diz Nalini, que acredita que os possíveis investidores da reforma devem se inibir com o cenário nebuloso e incerto.

ACORDO COM PIPOCA

O Programa Cinema do Brasil anuncia acordo de cooperação entre o setor audiovisual do Mercosul e da União Européia no valor de 1,5 milhão. Deve haver esforço para estimular co-produções e para harmonizar a legislação entre os membros do Mercosul. "O recurso é tímido ainda, mas é importante avançar na parceria. A União Européia tem tradição de cooperação em produções e de audiência para filmes em outras línguas", diz André Sturm, presidente do programa. O Programa Cinema do Brasil é feito pelo Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de SP com apoio da Apex e do Ministério da Cultura. O Instituto Nacional de Cinematografía y Artes Audiovisuales (Argentina) será responsável pela gestão do convênio.

RÉQUIEM
Ontem, 746 funcionários da filial do Lehman Brothers em Londres foram oficialmente demitidos: 76 do departamento de gestão de investimentos e 670 do de renda fixa, o que representa um sexto da força de trabalho do banco na região. A chefia reuniu colaboradores no auditório, disse que havia tentado outra saída, sem sucesso. Na semana passada, o grupo Nomura Holdings anunciou a aquisição das divisões de corretora e de banco de investimentos do Lehman na Europa e na Ásia.

PARA UMA POTÊNCIA
O clima no escritório era misto de tristeza e raiva. "Os funcionários da unidade londrina sentem-se traídos pela matriz americana", diz um analista que pede anonimato. Como o mercado financeiro está turbulento em todo o mundo, os recém-desempregados não sabem onde procurar vaga. "Cingapura, Hong Kong, China e Brasil estão entre os destinos preferidos, mas agora é preciso cautela." Principalmente porque parte da sua renda nos últimos anos, feita de ações do banco, virou pó.

BAGAGEM
Depois de oito anos em Nova York, o economista Ricardo Amorim, do WestLB, retorna para o Brasil para trabalhar na corretora Concórdia. Roberto Padovani vai assumir seu lugar, mas continuará no Brasil. Amorim não é o único a fazer as malas. Outros economistas devem fazer o mesmo.

MAU HUMOR
As vendas do segmento de cama, mesa e banho tiveram queda de 3% em setembro, em comparação a agosto, após ter registrado alta de 2,5% na primeira quinzena, em relação a igual período do mês anterior, segundo o Sindicato do Comércio Atacadista de Tecidos de São Paulo . "A demanda pisou no freio e anda mais devagar", afirma Arinos de Almeida Barros, presidente do sindicato, para quem a crise das Bolsas já mexeu com o humor dos empresários e do consumidor.

EM LISBOA
Presidentes de empresas e autoridades do Brasil e de Portugal se reúnem em Lisboa, entre os dias 8 e 12 de outubro, no 13º Meeting Internacional. Participam do encontro os senadores Garibaldi Alves, Cristovam Buarque, Heráclito Fortes, José Agripino Maia e Romeu Tuma e diversos deputados federais brasileiros.

POPULAÇÃO

Em 2015 o Brasil terá uma empresa a cada 24 habitantes, segundo a pesquisa Cenários para as Micro e Pequenas Empresas do Estado de São Paulo 2009/2015, realizada pelo Sebrae-SP, que será divulgada hoje. O Brasil vai se aproximar dos índices que a Europa tinha em 2000, quando Finlândia e França tinham 24 habitantes por empresa, enquanto o Brasil tinha 42 habitantes por empresa.

com JOANA CUNHA, VERENA FORNETTI e DENYSE GODOY



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