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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
BC deve baixar compulsório, diz Austin
O Banco Central deveria reduzir os compulsórios bancários (parte dos depósitos que
bancos têm de manter retida
no BC) para contornar a crise
de crédito no mercado e resolver o problema da falta de liquidez no Brasil, segundo o economista-chefe da consultoria
Austin Rating, Alex Agostini.
Para Agostini, o governo deve
usar todos os mecanismos ao
seu dispor para aumentar a liquidez no setor financeiro. De
acordo com o economista, a flexibilização nas regras para os
compulsórios bancários na semana passada não é suficiente
para enfrentar o problema.
"O compulsório no Brasil é o
maior do mundo. O ideal é sairmos de 53% de depósitos compulsório para 40% a 45%. Para
que manter um compulsório
tão restritivo neste momento?", diz Agostini.
Com o aumento dos juros nas
linhas de crédito tanto para o
consumidor quanto para as
empresas, as companhias brasileiras podem ter que começar
a apertar os custos já no fim do
ano, afirma o economista.
Agostini não descarta a possibilidade de redução de investimentos e, mais à frente, até corte de empregos.
Segundo o economista, a crise do crédito afetou o faturamento das pequenas e das médias empresas do setor de bens
duráveis, um dos mais prejudicados pela escassez de empréstimos, já que as suas vendas dependem do financiamento aos
clientes. "Os bancos estão mais
restritivos e aumentou o número de pedidos de financiamentos negados", afirma o economista da Austin Rating.
De acordo com Agostini,
mesmo as grandes empresas do
setor de bens duráveis também
sofrerão com a falta de crédito,
principalmente as montadoras
que aumentaram a produção
para atender o volume recorde
de vendas.
"As montadoras têm estoques elevados em um momento
que há um freio no crédito e
perda da confiança do consumidor", diz o economista-chefe
da Austin Rating.
CRISE NAS LETRAS
A crise financeira já começou a assustar quem pretende
captar dinheiro para projetos culturais no Brasil. A APL
(Academia Paulista de Letras), que fará cem anos em
2009 e está com projeto de restauração de seu prédio
aprovado pela Lei Rouanet, deve enfrentar dificuldade para conseguir recursos, segundo seu presidente, José Renato Nalini. "Está devagar e a crise é um castelo de cartas, ninguém sabe o que vai acontecer", diz Nalini, que
acredita que os possíveis investidores da reforma devem
se inibir com o cenário nebuloso e incerto.
ACORDO COM PIPOCA
O Programa Cinema do Brasil anuncia acordo de cooperação entre o setor audiovisual do Mercosul e da União Européia no valor de 1,5 milhão. Deve haver esforço para estimular co-produções e para harmonizar a legislação entre os membros do Mercosul. "O recurso é tímido ainda, mas é importante
avançar na parceria. A União Européia tem tradição de cooperação em produções e de audiência para filmes em outras línguas", diz André Sturm, presidente do programa. O Programa
Cinema do Brasil é feito pelo Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de SP com apoio da Apex e do Ministério da Cultura. O Instituto Nacional de Cinematografía y Artes Audiovisuales (Argentina) será responsável pela gestão do convênio.
RÉQUIEM
Ontem, 746 funcionários
da filial do Lehman Brothers
em Londres foram oficialmente demitidos: 76 do departamento de gestão de investimentos e 670 do de renda fixa, o que representa um
sexto da força de trabalho do
banco na região. A chefia
reuniu colaboradores no auditório, disse que havia tentado outra saída, sem sucesso. Na semana passada, o
grupo Nomura Holdings
anunciou a aquisição das divisões de corretora e de banco de investimentos do Lehman na Europa e na Ásia.
PARA UMA POTÊNCIA
O clima no escritório era
misto de tristeza e raiva. "Os
funcionários da unidade
londrina sentem-se traídos
pela matriz americana", diz
um analista que pede anonimato. Como o mercado financeiro está turbulento em
todo o mundo, os recém-desempregados não sabem onde procurar vaga. "Cingapura, Hong Kong, China e Brasil estão entre os destinos
preferidos, mas agora é preciso cautela." Principalmente porque parte da sua renda
nos últimos anos, feita de
ações do banco, virou pó.
BAGAGEM
Depois de oito anos em
Nova York, o economista Ricardo Amorim, do WestLB,
retorna para o Brasil para
trabalhar na corretora Concórdia. Roberto Padovani
vai assumir seu lugar, mas
continuará no Brasil. Amorim não é o único a fazer as
malas. Outros economistas
devem fazer o mesmo.
MAU HUMOR
As vendas do segmento de
cama, mesa e banho tiveram
queda de 3% em setembro,
em comparação a agosto,
após ter registrado alta de
2,5% na primeira quinzena,
em relação a igual período
do mês anterior, segundo o
Sindicato do Comércio Atacadista de Tecidos de São
Paulo . "A demanda pisou no
freio e anda mais devagar",
afirma Arinos de Almeida
Barros, presidente do sindicato, para quem a crise das
Bolsas já mexeu com o humor dos empresários e do
consumidor.
EM LISBOA
Presidentes de empresas e
autoridades do Brasil e de
Portugal se reúnem em Lisboa, entre os dias 8 e 12 de
outubro, no 13º Meeting Internacional. Participam do
encontro os senadores Garibaldi Alves, Cristovam Buarque, Heráclito Fortes, José
Agripino Maia e Romeu Tuma e diversos deputados federais brasileiros.
POPULAÇÃO
Em 2015 o Brasil terá uma empresa a cada 24 habitantes, segundo a pesquisa Cenários para as Micro e Pequenas Empresas do Estado de São Paulo 2009/2015, realizada pelo Sebrae-SP, que será divulgada hoje. O Brasil vai se
aproximar dos índices que a Europa tinha em 2000,
quando Finlândia e França tinham 24 habitantes por empresa, enquanto o Brasil tinha 42 habitantes por empresa.
com JOANA CUNHA, VERENA FORNETTI e DENYSE GODOY
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