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Após pânico, Senado vota hoje pacote
Com perspectiva de avanço no projeto, mercados recuperam parte das perdas; Câmara pode voltar a analisar projeto amanhã
Obama e McCain, que
são senadores, vão a
Washington para votação;
garantia de depósitos
bancários pode aumentar
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Após o susto de anteontem,
em que a rejeição do pacote do
governo pela Câmara dos Representantes dos EUA espalhou o pânico nos mercados
globais, líderes do Congresso
anunciaram que a medida será
levada à votação no Senado hoje à noite. O aparente avanço
animou os mercados (leia textos nesta página), que recuperaram parte das perdas.
Ambos os candidatos majoritários à sucessão de George W.
Bush, o democrata Barack Obama e o republicano John
McCain, senadores, anunciaram que vão a Washington hoje, para a votação, prevista para
depois do pôr-do-sol, em respeito ao fim do feriado de Ano
Novo judaico. A possibilidade
de a medida ser aprovada nessa
Casa é maior, o que tende a aumentar a pressão em nova votação na Câmara, que pode
acontecer amanhã.
Representantes do governo
passaram o dia em negociações
com líderes de ambas as Casas
do Legislativo, após nova declaração pública de Bush sobre a
crise. "Estou desapontado com
o resultado", repetiu o republicano, ao citar a maior derrota
política de seu mandato, "mas
garanto aos nossos cidadãos e
aos cidadãos do mundo que não
é o fim do processo legislativo."
Bush disse que entendia a
preocupação dos americanos
com o valor do pacote proposto, que prevê gastos recordes de
até US$ 700 bilhões. "Isso, sem
dúvida, é uma grande quantia
de dinheiro", disse. "Mas (...) a
queda no mercado de ações ontem [segunda] representou
mais de US$ 1 trilhão em perdas." Na seqüência, líderes da
oposição democrata e do partido governista vieram a público
reafirmar a disposição de voltar
a negociar e aprovar o pacote
até o fim da semana.
"Essa continua sendo nossa
meta número 1", disse o democrata Harry Reid, líder da maioria no Senado, que disse ter
passado o dia em conversas
com Josh Bolten, chefe-de-gabinete de Bush. O presidente
falou ao telefone também com
Obama e McCain. "Estou prendendo meu nariz e votando a
favor dessa medida por você",
disse a senadora Hillary Clinton, ex-pré-candidata democrata à Presidência, indagada
sobre o que diria aos eleitores.
De acordo com relatos vindos do Congresso, gabinetes de
muitos republicanos que votaram contra a medida do governo receberam vários e-mails e
telefonemas de eleitores pedindo que mudassem o voto, alguns de pequenos investidores
que perderam dinheiro com a
queda da Bolsa na segunda.
"Acho que a mensagem dos
mercados foi clara", disse o líder republicano do Senado,
Mitch McConnell.
Além disso, o governo acenou com a possibilidade de fazer pequenos ajustes na proposta de lei, para acomodar pedidos da base governista. O jogo
de cena político daria a justificativa necessária para os congressistas mudarem de idéia
sem alienar seus eleitores. Segundo o relatório Cook, dos 11
republicanos que estão empatados nas disputas eleitorais de
seus distritos, 9 votaram contra, assim como grande parte
dos representantes de eleitorados pobres ou negros.
Em 4 de novembro, além do
presidente, serão escolhidos
todos os integrantes da Câmara
dos Representantes e um terço
do Senado. Segundo pesquisas,
o plano proposto por Bush é
impopular para a maioria.
Entre os pequenos ajustes, o
mais bem recebido ganhou força ao longo do dia: a possibilidade de o valor máximo dos depósitos bancários garantidos pelo
governo federal passar dos
atuais US$ 100 mil para US$
250 mil, como maneira de acalmar os correntistas e evitar
corrida aos bancos.
O pedido de aumento, sem
especificar novos limites, partiu da FDIC (órgão que garante
operações do setor bancário).
Foi enviado ao presidente do
comitê de serviços financeiros
da Câmara, democrata Barney
Frank, e recebeu apoio dos dois
candidatos presidenciais.
A FDIC calcula que 37% de
todos os depósitos individuais
em posse dos bancos hoje estejam acima do limite atual, um
montante de US$ 2,6 trilhões.
Para garantir os outros US$ 4,4
trilhões que se encaixam na categoria dos US$ 100 mil por
cliente, o órgão conta com US$
45 bilhões, mas pode tomar dinheiro emprestado do Tesouro
num caso hoje improvável de
corrida generalizada.
Até a conclusão dessa edição,
ainda não estava claro o cronograma a ser seguido pela Câmara. O mais provável é que volte à
votação a partir de amanhã.
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