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Governo estuda suavizar custo para exportadores
Uma das medidas seria o Tesouro bancar parte do dispêndio com o crédito mais caro
Outra medida é dar mais recursos ao BNDES para reforçar as linhas de crédito destinadas a financiar as exportações brasileiras
VALDO CRUZ
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo deve usar recursos
do Tesouro Nacional para bancar parte do aumento de custo
que os exportadores estão tendo com o encarecimento e a escassez dos empréstimos externos provocados pela crise no
sistema financeiro dos EUA.
Além disso, o BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) pode ganhar novos recursos do governo para reforçar suas linhas de
crédito destinadas a financiar
as exportações brasileiras.
As duas medidas estão sendo
elaboradas pela equipe econômica por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deve avaliá-las durante
reunião de coordenação convocada para hoje pela manhã a
fim de discutir os efeitos da crise americana no Brasil.
Chamada tecnicamente de
"equalização dos juros", a ajuda
do Tesouro por intermédio especialmente do Banco do Brasil
tem o objetivo de garantir às
empresas brasileiras um custo
próximo ao que elas estavam
pagando antes do agravamento
das turbulências no mercado financeiro. Os exportadores tinham acesso a recursos captados lá fora a um custo bem baixo, mas a crise tornou esse dinheiro escasso e muito caro.
Entre 2005 e 2007, as instituições financeiras que operam
com comércio exterior no Brasil conseguiam captar com outros bancos lá fora pagando, em
média, cerca de 0,5% acima da
Libor -a taxa de referência no
mercado internacional. Com o
prenúncio de agravamento da
crise, esse custo adicional dobrou no primeiro semestre deste ano para 1,1%.
No auge do estresse após o
anúncio, nos EUA, da falência
do Lehman Brothers, ele disparou e bateu os 7,6% acima da
Libor. Foi aí que o BC anunciou
a venda de dólares no mercado.
Com isso, o custo caiu, mas
ainda está em torno de 1,8%,
quase quatro vezes o valor que
era referência antes da crise. A
Libor hoje está em 3,9% ao ano.
A principal alternativa à falta
e ao encarecimento das linhas
externas é obter os recursos no
mercado interno, o que tem um
custo ainda maior, já que os juros no Brasil estão elevados.
Por isso, a idéia do governo de
cobrir parte do aumento do
custo dos exportadores.
Segundo a Folha apurou, a
medida seria adotada em caráter transitório, valendo apenas
durante o período em que o
crédito continuar travado e caro, e não implica dispêndios
imediatos, já que o Tesouro teria de entrar com sua parte
apenas na data do pagamento
dos empréstimos concedidos
por meio das linhas de crédito
aos exportadores, conhecidas
como ACC e ACE.
Já no caso do BNDES, a iniciativa pode levar a cortes nos
gastos de custeio para uma nova operação de capitalização do
banco. A instituição está com
sua capacidade de empréstimos praticamente esgotada,
diante da demanda por financiamentos para investimentos.
Para destinar mais recursos
a suas linhas de crédito de exportações, o banco precisa de
um reforço de caixa, cujos estudos já foram determinados por
Lula. Neste ano, o banco concedeu US$ 3,396 bilhões de janeiro a agosto nas linhas de crédito de comércio exterior.
Uma das empresas que devem se beneficiar do reforço do
BNDES é a Embraer, que depende muito de financiamento.
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