São Paulo, quinta-feira, 01 de outubro de 2009

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Mercado Aberto

MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br

Mercado de debêntures reage, mas não retoma nível pré-crise

O mercado de debêntures começa a se recuperar, porém, as condições ainda não são as mesmas de antes da crise.
Emissões primárias têm se caracterizado nos últimos meses por prazo menor e "spread" maior do que se tinha até setembro passado, segundo estudo do BNDES.
O prazo total médio das novas emissões passou de seis anos, em 2008, para menos de quatro anos, em 2009. O estudo exclui empresas de leasing.
Entre agosto e setembro, o valor das emissões chegou a R$ 15 bilhões, no acumulado deste ano. Até julho, o volume era de R$ 8 bilhões.
"Essa retomada recente ocorre apesar de as condições de mercado não terem se restabelecido totalmente", diz André Albuquerque Sant'Anna, um dos autores do estudo.
"Se isso se deu antes da volta à normalidade do mercado, há indício de que a retomada ao patamar pré-crise deve ocorrer nos próximos meses ou anos", diz Marcelo Nascimento, outro autor da pesquisa.
Algumas empresas foram bem atingidas pela desvalorização cambial no final de 2008, o que explica boa parte da escalada do "spread". Como o pânico em torno das empresas já passou, o diferencial pago pelos títulos privados em relação aos públicos começa a recuar ao patamar histórico, diz. Com a crise, as emissões praticamente secaram e o valor das debêntures caiu de R$ 14,5 bilhões, em 2007, para R$ 6,2 bilhões, no ano passado. Em 2006, registrou-se o maior volume financeiro de debêntures dos últimos anos, R$ 28 bilhões, graças à uma grande emissão da Vale.
As empresas que mais têm captado recursos via debêntures são dos setores de infraestrutura, sobretudo de energia elétrica, da construção e de telecomunicações.

NAVEGAR É PRECISO

O mercado brasileiro de cruzeiros marítimos projeta expandir sua capacidade de contratação nos próximos anos, segundo Ricardo Amaral, presidente da Abremar (associação de empresas marítimas). Na última temporada, de novembro de 2008 a abril deste ano, foram gerados 2.810 empregos a bordo. Para a temporada de outubro de 2009 a maio de 2010 devem ser criadas 4.000 vagas. Infraestrutura e legislação ainda são entraves ao setor, segundo Amaral. "Cruzeiro ainda é novidade no pais. Um bom passo seria um marco regulatório. Algumas questões tributárias poderiam dar estabilidade legal necessária para atrair mais investimentos." Amaral diz que em Santos dois berços de atracação para os cruzeiros em frente ao terminal é pouco. "Já chegamos a ter nove navios parando em Santos, que foram distribuídos pelo cais do porto. Isso incomoda o turista que precisa se deslocar de ônibus."

Renda exigida para compra registra queda

A renda mínima exigida para a aquisição de bens no crediário caiu quase 40% nos últimos sete anos para os consumidores das classes C e D, segundo estudo que a Fecomercio SP divulgará hoje.
A queda se deve à redução dos juros e à extensão dos prazos, segundo Fabio Pina, economista da Fecomercio. "Hoje vemos que um salário menor pode comprar coisas mais caras, pois o juro caiu e o número de parcelas aumentou. Com isso, as parcelas ficaram mais baixas, permitindo a redução da renda mínima exigida."
A entidade usa o exemplo de um bem de R$ 5.000 que, para ser adquirido em 2002, exigia que seu comprador tivesse um salário de R$ 2.134, para que pagasse em dez prestações de R$ 640.
O juro caiu para 3,32% ao mês em 2009 contra 4,77% em 2002. O prazo médio para pagamento nos últimos sete anos se estendeu de 10 meses para 16 meses.
Para consumir o mesmo bem de R$ 5.000 hoje, o consumidor precisa ter um salário de R$ 1.360, ou seja, quase R$ 800 menor que a renda exigida em 2002. As prestações caíram para R$ 408, em 16 parcelas.

PORTA ABERTA

A consultoria Cuac (Canadian Univesity Application Centre), que representa oito universidades canadenses, abriu uma filial no Brasil. A representante da Cuac no Brasil, Rosi Vieira, diz que as instituições querem ampliar a presença de brasileiros nos campi, principalmente nos cursos de mestrado e especialização, porque o país ganhou importância no cenário externo. Hoje menos de 200 brasileiros se matriculam em universidades canadenses por ano, diz Vieira. "Nosso foco são profissionais qualificados, principalmente executivos, que buscam formação no exterior."

EM PORTUGUÊS
O executivo Miguel Horta e Costa, vice-presidente do banco Espírito Santo de Investimento e ex-presidente mundial da Portugal Telecom, assume hoje a presidência da Fundação Luso-Brasileira. A entidade atua na aproximação de países que falam português.

NA ROTA
A visita de executivos estrangeiros ao Brasil está cada vez mais frequente. O presidente mundial da Ogilvy, Miles Young, virá ao país pela segunda vez neste ano nos dias 8 e 9. Já Boyd F. Jordan, da Reinhart FoodService, desembarcou no Brasil nesta semana pela primeira vez.

SABOR
A rede Bob's fechou parceria com a Nestlé para vender sobremesas com o sabor e a marca do chocolate Prestígio a partir de hoje. O lançamento faz parte da estratégia da rede para ampliar as vendas. De janeiro a agosto, a rede vendeu 7,2% mais que no mesmo período de 2008.


com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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