São Paulo, quinta-feira, 01 de outubro de 2009

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País capta US$ 1,2 bi com juro menor

Primeira operação após o grau de investimento da agência Moody's cria novo patamar para captação de empresas

Apesar dos efeitos da crise, o Brasil já conseguiu obter US$ 3,6 bi no exterior em 2009 por meio da emissão de títulos de longo prazo

EDUARDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Na primeira operação após receber o grau de investimento da agência Moody"s de classificação de risco, o Tesouro Nacional pegou um empréstimo de US$ 1,25 bilhão nos mercados europeu e americano com a menor taxa de juros da história para títulos da dívida externa com vencimento em 30 anos.
A taxa de retorno para os investidores será de 5,8% ao ano, a menor já praticada para papéis brasileiros de tão longo prazo. Na última emissão de bônus com prazos de 30 anos, em agosto deste ano, a taxa de juros foi de 6,45%.
Mais do que financiar a rolagem da dívida pública, a captação de recursos cria um novo patamar de preço e de taxas de juros para eventuais emissões de dívida privada de longo prazo para as empresas brasileiras.
No momento, a Embraer busca levantar entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão com lançamento de títulos com vencimento em 2020. A expectativa é que esses papéis tenham juros próximo de 6,5% ao ano, também um dos mais baixos para o setor corporativo.
Na semana passada, o Bradesco fez uma captação de US$ 750 milhões com taxa de 6,5% para dez anos. O mercado também fala sobre a possibilidade de o Banco do Brasil fazer uma captação externa entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão.
Na captação do Tesouro, a expectativa era que o volume ficasse em US$ 1 bilhão, mas a demanda pelos papéis teria passado de US$ 3,5 bilhões. A emissão de ontem do bônus Global 2041, liderada pelos bancos Barclays e HSBC, foi a quarta operação do tipo no ano e a maior desde fevereiro de 2007. Apesar dos efeitos da crise, o Brasil já obteve US$ 3,55 bilhões no exterior em 2009 por meio da emissão de títulos.
Dessa vez, o custo da operação para administração da dívida só não foi maior do que o dos títulos emitidos em maio deste ano, com vencimento em dez anos a uma taxa de 5,299%.
Os recursos obtidos passam a integrar as reservas internacionais do país, que até anteontem chegavam a US$ 223,713 bilhões. Além da Moody"s, as outras duas grandes agências de rating do mundo -Fitch e Standard & Poors- já haviam concedido grau de investimento ao Brasil, sinalizando aos agentes financeiros o reconhecimento da solidez do país.
A emissão ocorreu um dia após o secretário do Tesouro, Arno Augustin ter afirmado que o governo pretendia realizar novas operações, classificadas por ele como "qualitativas", por serem conduzidas a taxas de juros menores e prazos mais longos de vencimento.
O órgão também anunciou que a oferta seria estendida ao mercado asiático, com um limite de até US$ 62,5 milhões, seguindo as mesmas condições obtidas nos mercados europeu e americano. Até o fechamento desta edição, o resultado da emissão no oriente ainda não havia sido divulgado.
Segundo técnicos do Tesouro, outras emissões podem ser feitas em 2009, dependendo das condições de mercado.


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