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País capta US$ 1,2 bi com juro menor
Primeira operação após o grau de investimento da agência Moody's cria novo patamar para captação de empresas
Apesar dos efeitos da crise, o Brasil já conseguiu obter US$ 3,6 bi no exterior em 2009 por meio da emissão de títulos de longo prazo
EDUARDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Na primeira operação após
receber o grau de investimento
da agência Moody"s de classificação de risco, o Tesouro Nacional pegou um empréstimo
de US$ 1,25 bilhão nos mercados europeu e americano com a
menor taxa de juros da história
para títulos da dívida externa
com vencimento em 30 anos.
A taxa de retorno para os investidores será de 5,8% ao ano,
a menor já praticada para papéis brasileiros de tão longo
prazo. Na última emissão de
bônus com prazos de 30 anos,
em agosto deste ano, a taxa de
juros foi de 6,45%.
Mais do que financiar a rolagem da dívida pública, a captação de recursos cria um novo
patamar de preço e de taxas de
juros para eventuais emissões
de dívida privada de longo prazo para as empresas brasileiras.
No momento, a Embraer
busca levantar entre US$ 500
milhões e US$ 1 bilhão com lançamento de títulos com vencimento em 2020. A expectativa
é que esses papéis tenham juros próximo de 6,5% ao ano,
também um dos mais baixos
para o setor corporativo.
Na semana passada, o Bradesco fez uma captação de US$
750 milhões com taxa de 6,5%
para dez anos. O mercado também fala sobre a possibilidade
de o Banco do Brasil fazer uma
captação externa entre R$ 500
milhões e R$ 1 bilhão.
Na captação do Tesouro, a
expectativa era que o volume ficasse em US$ 1 bilhão, mas a
demanda pelos papéis teria
passado de US$ 3,5 bilhões. A
emissão de ontem do bônus
Global 2041, liderada pelos
bancos Barclays e HSBC, foi a
quarta operação do tipo no ano
e a maior desde fevereiro de
2007. Apesar dos efeitos da crise, o Brasil já obteve US$ 3,55
bilhões no exterior em 2009
por meio da emissão de títulos.
Dessa vez, o custo da operação para administração da dívida só não foi maior do que o dos
títulos emitidos em maio deste
ano, com vencimento em dez
anos a uma taxa de 5,299%.
Os recursos obtidos passam a
integrar as reservas internacionais do país, que até anteontem
chegavam a US$ 223,713 bilhões. Além da Moody"s, as outras duas grandes agências de
rating do mundo -Fitch e
Standard & Poors- já haviam
concedido grau de investimento ao Brasil, sinalizando aos
agentes financeiros o reconhecimento da solidez do país.
A emissão ocorreu um dia
após o secretário do Tesouro,
Arno Augustin ter afirmado
que o governo pretendia realizar novas operações, classificadas por ele como "qualitativas",
por serem conduzidas a taxas
de juros menores e prazos mais
longos de vencimento.
O órgão também anunciou
que a oferta seria estendida ao
mercado asiático, com um limite de até US$ 62,5 milhões, seguindo as mesmas condições
obtidas nos mercados europeu
e americano. Até o fechamento
desta edição, o resultado da
emissão no oriente ainda não
havia sido divulgado.
Segundo técnicos do Tesouro, outras emissões podem ser
feitas em 2009, dependendo
das condições de mercado.
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