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FMI teme agora nova onda recessiva
Em relatório, Fundo alerta para o risco de ciclo econômico em forma de W, com uma queda inicial, recuperação e nova queda à frente
Segundo o FMI, a economia global sofrerá uma retração de 1,1% em 2009; todos os países desenvolvidos devem fechar ano no vermelho
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A ISTAMBUL
O FMI (Fundo Monetário
Internacional) alertou ontem
para o risco de a economia global mergulhar novamente em
uma recessão, levando o atual
ciclo a assumir a forma de W
-queda inicial, recuperação
neste segundo semestre e nova
queda mais à frente.
Em seu relatório "Panorama
da Economia Global", o Fundo
diz ainda que a atual recuperação será atípica, com desemprego elevado e baixos níveis de
investimentos e consumo.
Para o economista-chefe do
FMI, Olivier Blanchard, o ciclo
de reposição de estoques que
vem puxando a atividade em
vários países está chegando ao
fim. E os consumidores, diz, estão "traumatizados" pela crise.
Segundo o FMI, a tendência é
que as famílias aumentem seus
níveis de poupança daqui em
diante e que as empresas não
invistam mais, pois já operam
neste momento com grande capacidade ociosa.
"É preciso que a recuperação
comece a se mover no sentido
de um aumento do consumo e
do investimento privado. E não
está claro se isso se dará com
força suficiente."
"O risco é a demanda privada
não decolar, os gastos públicos
começarem a diminuir e termos uma recessão com duas
quedas seguidas."
O economista-chefe do Fundo afirma que "a boa notícia" é
que é possível dizer que o mundo já deixou a recessão para
trás. Mas que só é garantido
prever o que ocorrerá "apenas
nos seis meses à frente. Depois
disso, não sabemos".
No relatório apresentado ontem, o FMI estima que a economia global sofra uma retração
de 1,1% em 2009. No cenário
otimista (que descarta a recessão em forma de W), o mundo
cresceria 3,1% em 2010 puxado
pelos países emergentes.
Neste ano, todas as economias avançadas devem fechar
no vermelho, algumas com
quedas superiores a 4% (Alemanha, Itália, Japão e Reino
Unido). No ano que vem, a
maioria também cresceria a taxas muito próximas de zero.
Já os emergentes cresceriam,
segundo o Fundo, 1,7% em
2009 e 5,1% em 2010. Entre
eles, a China liderará o bloco,
com um crescimento estimado
de 8,5% neste ano e de 9% em
2010. Já o Brasil, segundo o
Fundo, encolheria 0,7% neste
ano e cresceria 2,5% no ano que
vem.
Apesar da previsão de recuperação no melhor cenário, o
Fundo projeta que os níveis de
desemprego em vários países
continuarão a subir até o final
de 2010.
"Diante de uma demanda e
receitas em baixa, grande capacidade ociosa e aperto no crédito, as empresas do setor não-financeiro continuarão demitindo. Um aumento da utilização
da capacidade instalada e de investimentos que poderiam lastrear a volta do emprego parecem muito distante", diz o relatório do Fundo.
O Fundo diz que os governos
e bancos centrais devem "estar
preparados" para, se necessário, voltarem a gastar mais dinheiro público para sustentar
uma recuperação da qual o setor privado pode não dar conta.
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