|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ECONOMIA DE GUERRA
PIB dos Estados Unidos tem queda de 0,4% na taxa anualizada do terceiro trimestre, a maior desde 91
EUA registram maior freada em dez anos
DA REDAÇÃO
Era uma das notícias mais previsíveis (e antecipadas) do ano,
mas foi menos negativa do que o
imaginado. Tanto que o maior recuo no PIB (Produto Interno Bruto) norte-americano nos últimos
dez anos foi recebido com tranquilidade, e até com uma dose de
otimismo, pelos investidores de
Wall Street -o termômetro mais
imediato da economia do país.
No terceiro trimestre do ano, a
economia dos EUA encolheu
0,4%, a maior queda da taxa
anualizada desde 1991. Naquele
ano, os norte-americanos viviam
seu último período recessivo.
Desde então, a economia só havia
retraído no primeiro trimestre de
93. Com a queda no último trimestre, chegou ao fim o período
mais logo de expansão do país,
que se estendeu por 99 meses.
A questão cuja resposta divide
os analistas é se haverá uma ligeira recuperação até o final do ano
ou se, no último trimestre, ocorrerá nova queda no PIB, o que caracterizaria uma recessão.
O recuo de 0,4% é um dado preliminar do Departamento de Comércio, que deverá ser revisado.
A aposta geral entre os analistas
era que haveria queda de 1%.
"Não é o fim do mundo", afirmou Charles Lieberman, economista-chefe da Advisor Financial.
"É o sinal do início de uma recessão, mas fiquei surpreso, porque a
queda foi menor do que tínhamos
imaginado", disse Chris Rupkey,
do banco Tokyo/Mitsubishi.
Pé no freio
Entre abril e junho, a economia
dos EUA havia crescido, mas a
um ritmo tímido de 0,3%, o que já
sinalizava uma forte freada na atividade antes dos ataques de 11 de
setembro. No segundo trimestre
de 2000, os EUA ainda cresciam
rapidamente (5,8%), impulsionados pelo boom da informática.
De acordo com Lieberman, um
dos aspectos positivos do relatório do Departamento de Comércio é que os atentados parecem ter
afetado mais a produção do que o
consumo. Daí, conclui o analista,
deverá haver margem para aumento na produção industrial
nos próximos meses.
Entre julho e setembro, as empresas investiram 11,9% menos.
Foi o terceiro recuo trimestral em
gastos com novos equipamentos
e instalações. O consumo cresceu
1,2% entre julho e setembro.
Ainda que tenham aumentado
pouco, os gastos dos norte-americanos (que representam dois terços do PIB do país) evitaram um
tombo mais acentuado da economia. O problema é que, com o aumento do desemprego, as pessoas
estão começando a fechar a carteira. A confiança do consumidor
do país, de acordo com relatório
divulgado anteontem, caiu ao
menor nível deste 94.
O relatório do Departamento de
Comércio mostra ainda que o comércio internacional sofreu a
maior queda em quase duas décadas. Tanto importações como exportações foram cerca de 15%
menores no período.
Pacote
O presidente George W. Bush
aproveitou para pressionar o
Congresso, mais uma vez, a aprovar o pacote de estímulo à economia. "Os norte-americanos estão
passando por tempos difíceis. Estão perdendo empregos, e isso me
preocupa", afirmou Bush, ontem.
"O Congresso precisa votar o pacote e colocá-lo na minha mesa
[para ser sancionado" antes do final de novembro", completou o
presidente norte-americano.
O plano de ajuda financeira, traçado sobretudo pelo Partido Republicano (de Bush) e baseado
em isenção de impostos, tem enfrentado oposição dos democratas. Na semana passada, ele foi
aprovado na Câmara, por uma estreita margem. Agora está no Senado, cuja maioria é democrata.
No formato em que passou na
Câmara, o pacote chega a US$ 100
bilhões, acima do que gostaria
Bush (entre US$ 65 bilhões e US$
70 bilhões). Mas os senadores deverão fazer emendas ao projeto.
Ontem, a bancada republicana no
Senado disse que defenderia um
plano emergencial de US$ 90 bilhões. Um socorro emergencial de
cerca de US$ 55 bilhões já foi
aprovado e assinado.
Glen Hubbard, principal conselheiro econômico de Bush, disse
que a probabilidade de o país
mergulhar em um período recessivo cresceu bastante. "Não há como negar isso", afirmou Hubbard, em entrevista à CNN. "Mas
acho que ainda é cedo para afirmar que já estamos em recessão."
Também ontem, Paul O'Neill,
secretário do Tesouro, disse que a
recuperação da economia pode se
dar ainda neste ano, caso o pacote
seja assinado logo. "Ainda há argumentos plausíveis de que haja
crescimento moderado no último
trimestre", afirmou.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Painel S.A. Próximo Texto: País vai deixar de emitir papéis de longo prazo Índice
|