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CENÁRIO
Estimativas oficiais apontam dólar de R$ 3,40 e redução do ritmo de crescimento do emprego com carteira assinada
Governo reduz previsão de juros para 2004
Marcia Gouthier - 29.out.2002/Folha Imagem
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Deputado Jorge Bittar (PT), integrante da Comissão Mista de Orçamento e relator do Orçamento 2004 |
RANIER BRAGON
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo enviou ontem ao
Congresso um novo cenário econômico para orientar a revisão do
Orçamento 2004 e reduziu para
baixo a previsão de vários indicadores. A taxa de juros reais (acima
da inflação) esperada para o próximo ano ficou em 8,25%.
Entre os indicadores citados estão a taxa de juros básica da economia (Selic), os índices de inflação, a taxa de câmbio e o crescimento do número de trabalhadores com carteira assinada, o que
pode representar queda na arrecadação prevista até agora.
Os novos números levarão a
Comissão Mista do Orçamento
que analisa a proposta a refazer a
partir de segunda-feira todas as
contas atuais -a receita prevista
para 2004 é de R$ 402 bilhões. O
relator do Orçamento é o deputado Jorge Bittar (PT-RJ).
Em análise preliminar, os técnicos da comissão avaliaram, por
exemplo, que haverá queda de R$
1,5 bilhão na arrecadação prevista
para a Previdência em decorrência da redução da previsão de
crescimento do número de trabalhadores com carteira assinada.
O Orçamento enviado pelo governo apresentava a expectativa
de que a massa salarial nominal
(empregados com carteira) cresceria 12,83% em 2004. A revisão
enviada ontem reduz o crescimento previsto para 11,09%.
Em contrapartida, os técnicos
da comissão avaliam que a nova
previsão da taxa de juros em 2004
deve acrescentar cerca de R$ 300
milhões ao Orçamento.
Taxa de juros
O governo reviu a projeção da
Selic, em 2004, de uma média de
15,17% para 15,05% O Palácio do
Planalto trabalha agora com a
possibilidade de a taxa chegar a
13,75% ao ano em dezembro de
2004 -hoje ela é de 19% ao ano.
Se isso acontecer, essa será a
menor taxa desde o primeiro trimestre de 2001, quando o número
foi de 15,25% ao ano. A taxa de juros real também seria uma das
menores, de 8,25% ao ano. Nos
últimos anos, essa taxa tem ficado
acima de 10% ao ano.
"Isso piora ainda mais a situação, aperta mais o Orçamento
porque a tendência é de a receita
cair", afirmou o deputado Pauderney Avelino (PFL-AM), vice-presidente da Comissão de Orçamento. Segundo ele, a conta só vai
fechar caso o governo afrouxe o
ajuste fiscal acertado com o Fundo Monetário Internacional.
O deputado Carlito Merss (PT-SC), um dos coordenadores do
governo na comissão, afirmou
acreditar que não haverá queda
de receita, já que os juros menores
compensariam parcialmente a
perda. Ele afirmou ainda que os
números atuais "são muito conservadores" e que há margem para o governo aumentar a previsão
de arrecadação.
As novas projeções foram enviadas ao Congresso cumprindo
uma determinação da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Além de uma queda mais acentuada das taxas de juros e da massa salarial, os números, elaborados pela Secretaria de Política
Econômica do Ministério da Fazenda, mostram redução na previsão de inflação.
A variação média do IPCA, índice oficial de medição da inflação, estava prevista em 5,79% para 2004. Com a revisão, esse indicador diminuiu para 5,71%. A variação do IGP-DI e do INPC também foi reavaliada para baixo.
Em relação ao dólar, as expectativas atuais são mais otimistas que
as anteriores. No projeto inicial, o
preço do dólar no final do ano que
vem estava em R$ 3,51. Agora,
passou para R$ 3,40. Para 2003, o
governo acredita que o dólar comercial fique estável em R$ 3.
A Folha entrou em contato ontem com a Secretaria de Política
Econômica para tentar obter detalhes da revisão enviada ao Congresso, mas não obteve respostas
até o fechamento dessa edição.
Colaborou Ney Hayashi da Cruz,
da Sucursal de Brasília
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