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MERCADO ABERTO
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Restrição ao crédito é a maior preocupação dos empresários
A restrição ao crédito é hoje a
maior preocupação do empresariado brasileiro. Essa conclusão foi constatada ontem durante dois encontros, em São
Paulo, de diversos empresários
com o ministro da Fazenda,
Guido Mantega.
Na parte da manhã, Mantega
se reuniu com empresários do
Iedi, e, à tarde, com os presidentes das principais montadoras do país.
Nos dois encontros, os empresários manifestaram forte
preocupação com os efeitos da
paralisia do crédito sobre a atividade econômica.
Os empresários elogiaram as
medidas tomadas pelo governo
para injetar liquidez no mercado, mas disseram que elas não
foram suficientes para reverter
esse quadro. A situação do crédito continuava difícil.
O interessante é que, no mês
de outubro, os números do consumo ainda não tinham sido
muito abalados pelas dificuldades do crédito. A retração das
vendas tinha sido muito pequena ou até irrelevante.
A maior preocupação mesmo
é com o que pode acontecer
com a economia a partir do ano
que vem. Até o final deste ano, o
13º salário e o período de festas
devem sustentar as vendas
num patamar elevado, mas, depois, espera-se uma desaceleração bastante forte.
As montadoras já manifestam uma preocupação maior. O
problema é que 70% das vendas
tanto de carros novos como
usados são financiadas, o que
justifica a apreensão do setor.
Os números de outubro das
vendas de automóveis só serão
conhecidos na segunda, mas se
espera uma queda em relação a
setembro, quebrando um ciclo
de alta de um tempo bastante
grande. A reunião contou com a
presença do presidente do BC,
Henrique Meirelles.
Nos dois encontros, Mantega
afirmou que o governo irá fazer
todos os esforços para preservar o mercado interno. Disse
que iria acionar os bancos públicos -Banco do Brasil e Caixa
Econômica Federal- para socorrer as empresas.
TRIBUTO
Será lançado na terça-feira, em São Paulo, o livro
"Fundamentos do Imposto
de Renda" (Editora Quartier
Latin, 1.160 págs.), do advogado tributarista Ricardo
Mariz de Oliveira. O livro
aborda a importância do patrimônio para o conceito de
Imposto de Renda, a base de
cálculo, entre outros temas.
O prefácio é de Luís Eduardo Schoueri, professor titular de direito tributário da
Universidade de São Paulo.
REAÇÃO EM CADEIA
Um dos sinais mais fortes
que levaram a Vale a suspender parte da produção foi dado pelo seu principal cliente,
a Arcelor Mittal, a maior siderúrgica do mundo. A empresa enfrenta uma grave
crise e já avisou à Vale que
todos os embarques de minério da Vale estão cancelados de outubro a dezembro.
O motivo foi problema de liquidez. A crise é braba.
NA PAUTA
Começa, terça, em Nova
York, o Business Social Responsability Conference, encontro mundial de responsabilidade corporativa, com
patrocínio do grupo ABC de
Comunicação. Na pauta, o
impacto da crise global e do
novo presidente dos EUA na
agenda da sustentabilidade.
Participarão Jeffrey Immelt, da GE, Anders Dahlvig,
presidente da Ikea, e outros.
CENÁRIO
DEMANDA POR SOFTWARE QUE AVALIA E MEDE RISCO DE CARTEIRA DOBRA
Bernardo Gomes, presidente da Senior Solution, que desenvolve software para o mercado financeiro, notou que a
procura por seu programa de avaliação online de carteiras
de crédito, voltado a gestores de carteira, dobrou nos últimos 40 dias. Com a demanda maior na crise, lançou neste
mês um software que também analisa o risco dos investimentos em diversos cenários e já vendeu cinco licenças.
Agora, quer estender o produto a pessoas físicas e empresas.
COM ATRASO
Marcelo Felmanas, dono da 6F Decorações, uma
importadora de objetos e móveis de luxo, que vende para multimarcas do país, pela insegurança que
a crise provocou, pediu para atrasar o embarque
de mercadorias enquanto espera o próximo pico
de vendas, em janeiro. "A falta de previsibilidade
atrapalha." Felmanas, que congelou os embarques
há cerca de um mês, quando o dólar disparou, diz
que a estratégia tem valido a pena.
BOLA DE NEVE
Segundo Mauro Batista,
presidente do Sindseg SP
(Sindicato das Seguradoras, Previdência e Capitalização do Estado de São
Paulo), a piora da crise,
que ainda vem por aí, não
vai escolher vítima. "Vai
atingir a todos." No setor
de seguros, Batista afirma
que a solidez das operadoras está garantida porque
as reservas estão protegidas, por conta da legislação brasileira, que restringe aplicações em Bolsa. "Ao contrário do que
ocorreu no cenário americano, as seguradoras aqui
têm uma blindagem, pela
própria lei, que não permite determinados modelos de gestão de ativos."
Mesmo assim, Batista diz
que o desempenho do setor no Brasil será afetado.
"Com a perda do poder de
compra do brasileiro, não
poderemos crescer como
foi projetado e seguir o
modelo dos últimos anos.
A alta dos custos será inevitável."
MUDANÇA
Circulam fortes rumores
no mercado de mudanças na
diretoria do Ibama. Valter
Muchagata, atual coordenador-geral de área de energia
elétrica de licenciamento
ambiental, deve ser substituído por Leozildo Tabajara,
superintendente do órgão
em Rondônia e ligado ao senador José Sarney (PMDB-AP). Nas mãos dele estará a
decisão sobre a aprovação da
licença da obra da hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira.
O leilão para construção da
usina foi vencido por Camargo Corrêa e Suez. O Ibama disse que, até o momento, não foi informado sobre
mudanças na diretoria.
PROTEGIDOS
Um dos pontos altos da
reunião de ontem do ministro da Fazenda, Guido Mantega, com empresários do
Iedi, em São Paulo, foi a seguinte frase de Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp.
"A atitude de máxima proteção individual hoje é o suicídio coletivo."
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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