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Câmbio trava indústria, e setor externo deve ter impacto negativo no PIB em 2006
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO
DA SUCURSAL DO RIO
Depois de um segundo trimestre muito fraco (0,5%), a
indústria cresceu 3% no período julho-setembro, na comparação com o mesmo período do
ano passado. Já em relação ao
segundo trimestre, quando ficou estagnada, houve expansão
de 0,6%.
Afetado pelo câmbio, o segmento de transformação continuou tendo o pior desempenho. Cresceu magros 2%.
A construção civil foi um dos
segmentos que puxaram o setor industrial para cima. Enquanto a indústria cresceu, em
média, 3%, a construção avançou 5,5% no terceiro trimestre.
Também contribuiu positivamente para a média da indústria o segmento extrativo
mineral, que evoluiu 3,6% (minério de ferro cresceu 9,5%, e
petróleo, 3,9%).
No acumulado de 2006, a indústria como um todo acumula
crescimento de 2,7%. A de
transformação, de apenas 1,4%.
Para Celso Toledo, da MCM,
o real valorizado e a competição com os produtos importados continuam sendo os principais vilões contra a indústria de
transformação. "Enquanto isso
não for corrigido, o setor vai
continuar apanhando", diz.
Edgard Pereira, economista-chefe do Iedi (Instituto de Estudos para Desenvolvimento
Industrial), afirma que, embora
a indústria de transformação
seja considerada "motor do
crescimento", é o segmento
que menos tem crescido, por
conta da valorização do câmbio
e dos juros elevados.
"Nesse contexto de comportamento fraco da economia, a
indústria vai ainda pior", afirma Pereira.
Além de promover o fraco dinamismo da indústria, o câmbio também compromete, pelo
lado da demanda, o desempenho do setor externo. No terceiro trimestre, as importações
cresceram 20% na comparação
com o terceiro trimestre do ano
passado, num ritmo bem mais
forte do que as exportações
-alta de 7,5%.
Na comparação com o segundo trimestre, as importações
subiram 8,5% e as exportações
cresceram 8,6% já descontados
os efeitos sazonais, recuperando-se da greve da Receita, que
afetou o desempenho entre
abril e junho.
Diante de tal cenário, especialistas avaliam que o setor externo contribuirá negativamente para o PIB neste ano. A
Tendências projeta crescimento doméstico de 4% e retração
da demanda externa de 1%.
Bráulio Borges, economista
da LCA, calcula que somente
no terceiro trimestre a demanda externa teve um impacto negativo de 1,6% no PIB. Para todo o ano de 2006, prevê uma
contribuição negativa de 1,4%,
que, caso se confirme, será a
maior desde 1995. Ou seja: ele
estima que o setor externo reduzirá o PIB em 1,4 ponto percentual em 2006.
"A greve da Receita teve influência, mas o efeito preponderante é mesmo do câmbio",
avalia Borges.
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