São Paulo, sexta-feira, 01 de dezembro de 2006

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Câmbio trava indústria, e setor externo deve ter impacto negativo no PIB em 2006

DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO
DA SUCURSAL DO RIO

Depois de um segundo trimestre muito fraco (0,5%), a indústria cresceu 3% no período julho-setembro, na comparação com o mesmo período do ano passado. Já em relação ao segundo trimestre, quando ficou estagnada, houve expansão de 0,6%.
Afetado pelo câmbio, o segmento de transformação continuou tendo o pior desempenho. Cresceu magros 2%.
A construção civil foi um dos segmentos que puxaram o setor industrial para cima. Enquanto a indústria cresceu, em média, 3%, a construção avançou 5,5% no terceiro trimestre.
Também contribuiu positivamente para a média da indústria o segmento extrativo mineral, que evoluiu 3,6% (minério de ferro cresceu 9,5%, e petróleo, 3,9%).
No acumulado de 2006, a indústria como um todo acumula crescimento de 2,7%. A de transformação, de apenas 1,4%.
Para Celso Toledo, da MCM, o real valorizado e a competição com os produtos importados continuam sendo os principais vilões contra a indústria de transformação. "Enquanto isso não for corrigido, o setor vai continuar apanhando", diz.
Edgard Pereira, economista-chefe do Iedi (Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial), afirma que, embora a indústria de transformação seja considerada "motor do crescimento", é o segmento que menos tem crescido, por conta da valorização do câmbio e dos juros elevados.
"Nesse contexto de comportamento fraco da economia, a indústria vai ainda pior", afirma Pereira.
Além de promover o fraco dinamismo da indústria, o câmbio também compromete, pelo lado da demanda, o desempenho do setor externo. No terceiro trimestre, as importações cresceram 20% na comparação com o terceiro trimestre do ano passado, num ritmo bem mais forte do que as exportações -alta de 7,5%.
Na comparação com o segundo trimestre, as importações subiram 8,5% e as exportações cresceram 8,6% já descontados os efeitos sazonais, recuperando-se da greve da Receita, que afetou o desempenho entre abril e junho.
Diante de tal cenário, especialistas avaliam que o setor externo contribuirá negativamente para o PIB neste ano. A Tendências projeta crescimento doméstico de 4% e retração da demanda externa de 1%.
Bráulio Borges, economista da LCA, calcula que somente no terceiro trimestre a demanda externa teve um impacto negativo de 1,6% no PIB. Para todo o ano de 2006, prevê uma contribuição negativa de 1,4%, que, caso se confirme, será a maior desde 1995. Ou seja: ele estima que o setor externo reduzirá o PIB em 1,4 ponto percentual em 2006.
"A greve da Receita teve influência, mas o efeito preponderante é mesmo do câmbio", avalia Borges.


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