São Paulo, sexta-feira, 01 de dezembro de 2006

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Consumo das famílias cresce há 3 anos

Mas houve desaceleração no 3º trimestre, quando expansão foi de 0,5%, a 13ª alta trimestral consecutiva -fato inédito

Crescimento do crédito, da massa salarial e da renda explicam o resultado, assim como programas sociais como o Bolsa Família


DA SUCURSAL DO RIO

O crédito e a massa salarial em expansão asseguraram o crescimento ininterrupto do consumo das famílias por mais de três anos, apesar da desaceleração registrada no terceiro trimestre de 2006.
Segundo o IBGE, o consumo das famílias subiu 0,5% do segundo para o terceiro trimestre deste ano, já excluídos os efeitos sazonais.
Essa foi a 13ª alta trimestral consecutiva -fato inédito na série histórica do PIB, iniciada em 1991. No segundo trimestre deste ano, porém, a expansão do consumo havia sido mais vigorosa -1%.
Na comparação com o terceiro trimestre de 2006, o consumo das famílias teve incremento de 3,4%, menos do que os 4% registrados no segundo trimestre.
Para Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais do IBGE, o aumento do emprego e do rendimento impulsionou a massa salarial -4,6% no segundo trimestre-, um dos principais fatores que explicam o dinamismo do consumo das famílias, aliado ao avanço do crédito para pessoa jurídica (28,1% no trimestre).
O economista Guilherme Maia, da Tendências Consultoria, cita outro fator: a ampliação dos programas de transferências de renda, focados especialmente no Nordeste.
"O crescimento surpreendente do crédito, o aumento da renda e da ocupação e a expansão das transferências de renda explicam o bom desempenho do consumo das famílias, mesmo em períodos de solavanco do PIB", disse ele.
Já Bráulio Borges, economista da LCA, afirmou que o resultado do consumo das famílias "foi um dos destaques negativos" do terceiro trimestre em razão da freada verificada na trajetória do indicador.
O economista disse ainda que os dados de consumo das famílias divergem dos divulgados pelo próprio IBGE sobre as vendas do comércio, que cresceram com força no terceiro trimestre.
"A diferença é provocada por questões metodológicas, mas essa desaceleração do consumo das famílias não deve ser vista com muita preocupação", afirmou Borges.
No terceiro trimestre, o volume de vendas do comércio varejista cresceu 6,16% na comparação com o mesmo período de 2005.
Solange Srour, economista-chefe da Mellon Global Investments, também ressalta a discrepância em relação ao bom desempenho do varejo. Ela acredita, porém, numa aceleração do consumo no último trimestre do ano sob efeito da continuidade do crescimento da massa salarial e da redução dos juros.
Pelos dados do IBGE, o consumo do governo cresceu num ritmo mais lento do que o das famílias. A alta foi de apenas 0,1% na comparação com o segundo trimestre livre de influências sazonais. Em relação ao terceiro trimestre de 2005, a alta foi de 2%. (PEDRO SOARES)


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