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Consumo das famílias cresce há 3 anos
Mas houve desaceleração no 3º trimestre, quando expansão foi de 0,5%, a 13ª alta trimestral consecutiva -fato inédito
Crescimento do crédito, da massa salarial e da renda explicam o resultado, assim como programas sociais como o Bolsa Família
DA SUCURSAL DO RIO
O crédito e a massa salarial
em expansão asseguraram o
crescimento ininterrupto do
consumo das famílias por mais
de três anos, apesar da desaceleração registrada no terceiro
trimestre de 2006.
Segundo o IBGE, o consumo
das famílias subiu 0,5% do segundo para o terceiro trimestre
deste ano, já excluídos os efeitos sazonais.
Essa foi a 13ª alta trimestral
consecutiva -fato inédito na
série histórica do PIB, iniciada
em 1991. No segundo trimestre
deste ano, porém, a expansão
do consumo havia sido mais vigorosa -1%.
Na comparação com o terceiro trimestre de 2006, o consumo das famílias teve incremento de 3,4%, menos do que os 4%
registrados no segundo trimestre.
Para Rebeca Palis, gerente de
Contas Nacionais do IBGE, o
aumento do emprego e do rendimento impulsionou a massa
salarial -4,6% no segundo trimestre-, um dos principais fatores que explicam o dinamismo do consumo das famílias,
aliado ao avanço do crédito para pessoa jurídica (28,1% no trimestre).
O economista Guilherme
Maia, da Tendências Consultoria, cita outro fator: a ampliação
dos programas de transferências de renda, focados especialmente no Nordeste.
"O crescimento surpreendente do crédito, o aumento da
renda e da ocupação e a expansão das transferências de renda
explicam o bom desempenho
do consumo das famílias, mesmo em períodos de solavanco
do PIB", disse ele.
Já Bráulio Borges, economista da LCA, afirmou que o resultado do consumo das famílias
"foi um dos destaques negativos" do terceiro trimestre em
razão da freada verificada na
trajetória do indicador.
O economista disse ainda
que os dados de consumo das
famílias divergem dos divulgados pelo próprio IBGE sobre as
vendas do comércio, que cresceram com força no terceiro
trimestre.
"A diferença é provocada por
questões metodológicas, mas
essa desaceleração do consumo
das famílias não deve ser vista
com muita preocupação", afirmou Borges.
No terceiro trimestre, o volume de vendas do comércio varejista cresceu 6,16% na comparação com o mesmo período
de 2005.
Solange Srour, economista-chefe da Mellon Global Investments, também ressalta a discrepância em relação ao bom
desempenho do varejo. Ela
acredita, porém, numa aceleração do consumo no último trimestre do ano sob efeito da
continuidade do crescimento
da massa salarial e da redução
dos juros.
Pelos dados do IBGE, o consumo do governo cresceu num
ritmo mais lento do que o das
famílias. A alta foi de apenas
0,1% na comparação com o segundo trimestre livre de influências sazonais. Em relação
ao terceiro trimestre de 2005, a
alta foi de 2%.
(PEDRO SOARES)
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