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Chinesa compra 22% da mineradora MMX, de Eike Batista
Negócio custou US$ 400 milhões; plano é construir,
em parceria, uma siderúrgica de US$ 5 bilhões no Rio
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A China anunciou ontem seu
primeiro grande investimento
no Brasil: a siderúrgica Wisco
(Wuhan Iron and Steel Co.)
aportará US$ 400 milhões na
aquisição de 21,5% das ações da
mineradora MMX, do empresário Eike Batista. A empresa
pretende construir em parceria
com o grupo brasileiro uma usina de aço no Estado do Rio, orçada em cerca de US$ 5 bilhões.
Em troca, a estatal chinesa
obteve a garantia de fornecimento de minério de ferro por
20 anos da MMX, que fica obrigada a vender, no mínimo, 50%
de sua produção à siderúrgica.
Para ceder espaço à Wisco, a
MMX fará um lançamento de
ações na Bolsa, aberto também
aos atuais minoritários. Se todos os acionistas participarem,
a mineradora vai captar, ao todo, US$ 650 milhões.
Com isso, a participação de
Eike Batista será diluída dos
atuais 64% para 42%.
Roger Downey, presidente
da MMX, disse que a transação
"resolve o problema" do endividamento da companhia -estimado em US$ 600 milhões e
considerado alto por analistas.
O executivo disse que a empresa pode acelerar seus planos
de investimentos e de aquisições de reservas e pequenas
mineradoras independentes
graças ao acordo com a Wisco.
"Para fazer um negócio, o
mais importante é ter mercado,
e a China será o eterno grande
consumidor de minério de ferro", completou Batista. A MMX
já considera elevar sua meta de
produção de 33,7 milhões de
toneladas de minério de ferro
ao ano em 2013 para até 100
milhões de toneladas.
"Foram cinco viagens à China e um ano de negociação, mas
construímos uma autopista para a realização de novos negócios e de vendas", disse Batista.
Segundo o executivo, o investimento na siderúrgica foi um
ato de "reciprocidade" da Wisco em troca do fornecimento de
longo prazo. Terceira maior siderúrgica chinesa, a Wisco fabrica 30 milhões de toneladas
de aço ao ano -a capacidade de
produção brasileira é de 34 milhões de toneladas.
A usina começará a ser construída em junho de 2010. A
Wisco terá 70% do capital, e a
MMX ficará com 30%. Os dois
grupos vão buscar financiamento no Banco de Desenvolvimento da China e no BNDES.
Se concretizado, será o primeiro grande investimento
produtivo da China no Brasil. A
chinesa Baosteel, em parceira
minoritária com a Vale, chegou
a anunciar um investimento de
US$ 3 bilhões em uma usina no
Espírito Santo, mas desistiu.
Um dos pontos de atrito da
Vale com o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva foi a falta
de investimentos da mineradora em siderurgia.
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